A desempregada Larissa Hellena Boiago Fernandes, de 20 anos, faz parte de um grupo de brasileiros que viu a renda familiar despencar, mas não preenche os requisitos do governo federal para receber auxílio emergencial de R$ 600 durante a pandemia do novo coronavírus. Ela estava em seu primeiro emprego formal e trabalhava há quatro meses numa loja de roupas femininas, mas foi dispensada após o início das medidas de isolamento social.
Por ter tido a carteira assinada até março, ela não se enquadra nas condições de trabalhadores informais para receber os R$ 600. Por outro lado, também não consegue ter o seguro-desemprego porque faltam requisitos exigidos.
Larissa também não pertence ao grupo de trabalhadores empregados de carteira que terão complemento de salário por redução de salário ou suspensão de contrato:
“Ficamos num limbo. Estou cortando todos os gastos e pedindo ajuda aos meus pais”, ressaltou Larissa, que faz faculdade de Artes Cênicas e não sabe como manterá os estudos.
O drama também bateu à porta da costureira aposentada Joaquina Ferreira Santos, de 74 anos, que nunca parou de trabalhar. Ela recebe um salário mínimo de aposentadoria, renda que não lhe permite sustentar a casa que divide com o neto.
Há quase 60 anos, ela vive da costura, atividade que foi interrompida com o avanço do coronavírus. Por já receber um benefício do INSS, ela não tem acesso ao auxílio do governo:
“A aposentadoria não dá para nada. Somente de aluguel eu pago R$ 550. Outra parte vai para a conta de luz. Fico apavorada. Tenho que esperar a ajuda dos outros. Meu neto faz as compras para a casa. E estou devendo duas contas de água”.
A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), do Ministério Público Federal, pediu explicações ao Ministério da Cidadania sobre as negativas de concessão do auxílio emergencial de R$ 600. Segundo dados oficiais, um em cada três requerimentos é negado pelo governo.
A instituição ainda quer saber qual o procedimento a ser adotado para os trabalhadores que perderam seus postos de trabalho recentemente e não fazem jus ao seguro-desemprego.
Mauro Rochlin, professor de MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que há milhares de aposentados, demitidos e autônomos nesta situação. Para ele, um dos caminhos para os que tiveram a renda comprometida é iniciar um processo de renegociação de dívidas e buscar crédito, se for o caso.
Planejamento com reserva de recursos
Uma das formas de organizar o orçamento doméstico é priorizar pagamentos, dividir os ganhos entre as despesas e envolver a família na construção de um fundo de emergência, considerando o volume de renda e o tempo necessário para atingir uma meta estipulada e concretizar ambições de curto, médio e longo prazos.
A reserva de emergência pode ajudar. Uma poupança de pelo menos seis meses do salário é um importante auxílio para um período turbulento como esse.
Não se pode esquecer de que a pandemia está levando ao desemprego ou à redução de jornada e salário, mas as contas continuam chegando como antes da crise. E, sem um colchão de emergência, o resultado é uma queda brutal no nível de vida das pessoas.
“Com as finanças sob controle, as pessoas conseguem se programar melhor para voltar a movimentar a economia. Educação Financeira sempre foi importante, mas agora é fundamental. Recomendo aproveitar o momento e multiplicar o aprendizado com parentes, amigos e toda a comunidade. Aquele que é microempreendedor ou pretende ser também vai se beneficiar, porque é importante organizar as finanças pessoais para replicar as boas atitudes na empresa”, disse a diretora de Responsabilidade Corporativa, Marketing e Comunicação da Serasa Experian, Sirlene Cavaliere.
Fonte: Redação