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Estiagem e queimadas prejudicam turismo regional

A extrema vazante deste ano, que ultrapassou a cota histórica do Estado, tem ameaçado o turismo do Amazonas. O mercado receptivo tem sentido os impactos das altas temperaturas registradas no período conhecido como verão amazônico, além das queimadas registradas nas últimas semanas. É o que afirmam representantes ouvidos pelo Jornal do Commercio ao relatarem sobre a dificuldade de impulsionar a atividade turística em virtude do atual panorama.

O que seria alta temporada para quem quer aproveitar o turismo regional, há um impacto nas atrações locais. Com o nível dos rios abaixo do esperado dificultando a navegação,  os passeios de barco por exemplo estão comprometidos.

“Como o nosso turismo é muito voltado às águas, muitos  hotéis suspenderam as atividades pelo difícil acesso. No lago do Acajatuba, por exemplo, alguns outros empreendimentos tiveram que suspender as operações. E mesmo que conseguisse outra alternativa as atividades dependem de barcos para  fazer as suas atividades. Então, ficou prejudicado, os operadores vêm cancelando. Com a interrupção da operação, esses passageiros não chegarão ao Amazonas”, informou Jaime Mendonça,  presidente da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens) no Amazonas. 

Os rios estão entre os meios de transportes que levam os turistas para os destinos mais interessantes da cidade de Manaus. No entanto, os tradicionais passeios de barco foram cancelados. O empresário do segmento e proprietário de um estabelecimento flutuante na bacia do Tarumã-Açu, em Manaus, Diogo Vasconcelos registrou queda na procura. “Todo mundo que vive da atividade no rio, tem sofrido. Nunca vivenciamos algo tão grave dessa forma”, relatou ele, que precisou dar férias coletivas aos funcionários. 

As casas flutuantes na região que atraem turistas dão espaço a bancos de areia. Os arredores que concentram restaurantes e hotéis flutuantes foram fechados por conta da estiagem severa. 

A diretora da Amazon Eco Sight e de turismo receptivo da  Abav-AM, Gloria Santos Reynolds, confirmou que a grande estiagem que hoje chegou já ao nível da maior existente, desde que são feitos o controle, tem prejudicado não só o turismo, mas principalmente as pessoas que vivem nas áreas ribeirinhas. “O turismo está sendo grandemente afetado porque a maioria dos nossos hotéis de selva que são localizados às margens do rio, estão fechados e com isso os clientes que estão vindo para esses hotéis, estão sendo severamente prejudicados, além disso todas as pessoas que trabalham nesses lodges, no momento estão sem trabalhar”. 

Ela acrescentou que o setor foi surpreendido com a proporção que chegou à estiagem,  agravada pelas altas temperaturas do efeito El Niño. “Estamos operando dentro das condições, mas com muitas dificuldades. São muitas, de todo o setor turístico. Estamos com a preocupação de dar toda assistência aos nossos clientes, providenciando que eles estejam bem hidratados e fazendo o máximo para que seja apesar do nosso panorama e a nossa fauna amazônica ter sido afetada pela fumaça proveniente das queimadas a gente tenta explicar para o turista que é algo atípico na nossa região”, disse. 

Passear pelas águas fluviais da cidade e ofertar  passeios naturais pela exuberância da região é bem procurado pelos visitantes e muito vendido pelas agências de turismo. “Infelizmente parte desses passeios foram cancelados. Muitos turistas deixaram de visitar a região este ano em razão dos períodos de seca e da onda de calor extremo. As pessoas daqui também têm menos motivação para visitar os pontos turísticos da região. A queda na demanda chega a 60%”, contou o empresário Flávio Souza. 

O empresário de turismo Lúcio Bezerra, relata que o setor  teve um impacto significativo, porque além das atividades de alguns hotéis de selva pararem, por conta do acesso que ficou mais restrito, e uns até ficaram inacessíveis, o mercado também teve aí o comprometimento dos passeios.  “Muitos passeios não podem sair por conta da seca, então a gente teve muito cancelamento de reserva das agências de fora, e muito pedido de cancelamento mesmo das reservas para esse mês, para esse período.

O panorama para empresa dele que atua no ecoturismo teve uma queda de 40% no movimento desde que o Amazonas começou a apresentar aceleração no processo de vazante. ^E agora a gente teve uma queda no final, com essa acentuação aí da seca, a gente teve uma queda de 70%^, informou. 

Ele cita ainda as dificuldades em razão das queimadas que foi bem acentuada. “Isso causou um impacto bem negativo porque as poucas pessoas que conseguiram vir pra cá ainda pra aproveitar alguma coisa antes da paralisação de alguns hotéis, estavam reclamando muito da qualidade do ar, então não só a seca como essa fumaça desse período também prejudicou bastante”. 

Na contramão

O presidente da Aobt-AM  (Associação dos Operadores de Barcos de Turismo) e presidente do Coadam (Conselho de Administração da Amazonastur), Leonardo Leão, expõe o panorama atual.  “Não resta dúvidas que o turismo náutico no Estado, que abrange as atividades econômicas de ecoturismo e pesca esportiva nos rios do Amazonas, foi afetado pela drástica estiagem deste ano. Mas em se tratando da bacia do Rio Negro, a pesca esportiva não foi afetada, pelo contrário, está produzindo resultados incríveis, mesmo tendo sua navegação limitada pelas secas dos rios”. 

Ao comparar a ultima forte estiagem de 2010 que teve sua interrupção em meados de outubro, ele ressalta que há uma enorme esperança de que ainda neste mês permanecer com as águas da bacia do Rio Negro navegáveis e seus estoques pesqueiros acessíveis para os mais de 30 mil turistas de pesca esportiva que nos visitam todos os anos nos períodos de setembro a março, para a prática sustentável do pesque e solte.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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