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“Esteroide não vicia, mas causa dependência emocional” diz a nutricionista Juliana Vieira

Quem é atleta, ou frequenta academias de atividades físicas conhece muito bem o que são esteroides anabolizantes, seja por ouvir falar deles, ou fazer uso dessa droga derivada do hormônio testosterona, há muito tendo seu uso indiscriminado contestado por médicos.

Em alguns casos os esteroides anabolizantes podem até ser usados clinicamente, prescritos sob orientação médica principalmente para repor o hormônio deficiente em alguns homens e para ajudar pacientes aidéticos a recuperar peso. Entretanto, por aumentarem a massa muscular, estas drogas há muito são procuradas e utilizadas por alguns atletas para melhorar a performance física e por outras pessoas para obter uma melhor aparência muscular. Não há qualquer controle sobre as doses utilizadas, as condições em que são aplicadas ou o tempo em que são tomadas. Este uso estético não é médico, completamente inadequado e ilegal. Algumas pessoas chegam a utilizar anabolizantes esteroides de uso veterinário.

Para explicar melhor sobre o assunto, o Jornal do Commercio ouviu a nutricionista Juliana Vieira, conhecida por participações na TV onde, de uma forma simpática, costuma ajudar as pessoas a atingirem seus objetivos com o corpo. Também em suas redes sociais, informa sobre cuidados especiais e faz acompanhamentos sob medida. Juliana é pós-graduada em fitoterapia e suplementação nutricional clínica e esportiva pela Universidade Estácio.

Jornal do Commercio: O que são esteroides anabolizantes e para que servem?

Juliana Vieira: Os esteroides anabolizantes são drogas derivadas do hormônio testosterona e medicamentos relacionados. Servem para ajudar pacientes a recuperar peso. No uso estético eles causam aumento da massa muscular (hipertrofia muscular). Os medicamentos podem ser tomados por via oral, injetados em um músculo ou aplicados à pele na forma de gel ou em um adesivo.

JC: Desde quando começou o uso dos esteroides anabolizantes para fins estéticos?

JV: Pesquisas mostram que, desde 1996 o uso dessa droga aumentou no Brasil, porém, há muito tempo ela é uma velha conhecida tanto de atletas profissionais quanto de atletas amadores, principalmente daqueles que querem ter os músculos do Super Homem. A droga foi desenvolvida nos Estados Unidos na década de 1930.

JC: É verdade que o uso de esteroides anabolizantes pode feminilizar homens e masculinizar mulheres?

JV: Sim. Em mulheres, podem causar mudanças permanentes na voz e na genitália.

Em homens, aparecimento de mamas, redução dos testículos e impotência. Em ambos os gêneros, calvície, tumores no fígado, retenção de líquidos, e paranóias. De alto poder androgênico e anabólico, a droga pode causar ainda elevação da pressão arterial, câncer, aumento do colesterol e risco de problemas cardiovasculares, inclusive levar à morte.

JC: Usuários de esteroides anabolizantes só são encontrados dentro de academias de exercícios e musculação?

JV: Geralmente, sim. A maior parte dessas substâncias é comercializada no Brasil de forma ilícita. Dentro de academias e centros de treinamentos existem até personal trainers que receitam produtos não regulamentados, comprados e revendidos ilegalmente. O usuário não fica sabendo a procedência, correndo risco de morrer e ficar com sequelas irreversíveis. Os homens são ainda os maiores usuários, mas esse uso vem crescendo rapidamente entre as mulheres.

JC: Pessoas estão ficando viciadas no uso de esteroides anabolizantes, então esses hormônios podem ser considerados drogas perigosas?

JV: Não, essa droga não vicia, mas o uso contínuo de esteroides pode trazer uma grande dependência emocional, retroalimentada pelo bem-estar provocado através dos efeitos estéticos rápidos que causa. Adolescentes deveriam ser instruídos sobre os riscos do uso de esteroides ainda na escola, como já se faz com as outras drogas ilícitas.

JC: Existem números estatísticos sobre quantas pessoas usam esse produto, no Brasil, qual a faixa etária e quanto dinheiro circula nesse mercado clandestino?

JV: Pesquisa recente realizada em academias mostrou que 540 mil brasileiros admitiram o uso desses produtos. Frequentadores de academias, em sua maioria, são adultos jovens, quanto ao dinheiro que movimenta esses mercado, não tenho números, mas como qualquer outro segmento ilegal, que nunca para de existir, deve movimentar muito dinheiro.

Foto/Destaque: Divulgação

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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