Com os reservatórios das usinas hidrelétricas em níveis baixos e o fantasma de apagão rondando o setor elétrico, especialistas acreditam que o consumidor terá que enfrentar em primeiro plano um racionamento de gás natural.
Representantes do setor ouvidos pela Folha Online na quintaf-eira disseram que, caso o volume de chuvas continue abaixo do esperado, a primeira medida a ser tomada pelo governo será direcionar o gás que está sendo hoje usado nas indústrias e nos carros para o setor elétrico. Assim, as termelétricas poderiam gerar mais energia elétrica.
“Se essa conjuntura continuar, pode ser bastante provável que haja um racionamento de gás. O gás será disputado pela indústria, pelos carros e pelas termelétricas e não há suficiente para atender a todos”, afirma a diretora-executiva da ABCE (Associação Brasileira das Concessionárias de Energia Elétrica), Silvia Calou.
Em entrevista coletiva na, o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner, disse que o governo já tem pronto um plano de contingência estabelecendo as prioridades para o uso do gás em caso de racionamento. Ele descartou o apagão do gás neste ano. “Não estamos pensando nisso, estamos começando um período úmido, estamos acompanhando toda a situação e, se de fato não acontecer chuva nenhuma e piorar a situação, aí vamos analisar isso e tomar as medidas necessárias”, disse.
Para o presidente da Abrage (Associação Brasileira de Em-presas Geradoras de Energia Elétrica), Flávio Neiva, é improvável que ocorra um racionamento de energia até o fim do ano. Ele disse que no caso do gás o cobertor é curto e po-de acontecer um corte para a indústria e para os automóveis.
“É fundamental que as chuvas retornem ou o governo vai ter que cortar o gás de alguns setores para redirecionar para o setor elétrico. Os carros têm de onde tirar, vai na bomba de gasolina e enche o tanque. O setor elétrico não”, ressaltou. Para Calou, o racionamento de gás só deverá ocorrer depois de março, fim do período chuvoso, caso não tenha água suficiente nos reservatórios.
O presidente do Conselho Administrativo da Associação Nacional dos Consumidores de Energia, Lindolfo Paixão, acredita que não haverá racionamento de gás.