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Emprego no interior volta a cair, aponta Caged

O saldo de empregos formais no interior do Amazonas retomou o campo negativo, entre setembro e outubro, após passar dois meses consecutivos em alta. Na série com ajuste, o número de contratações (+1.042) ficou devendo para o das demissões (-1.108), com a eliminação de 66 postos de trabalho com carteira assinada – em resultado bem inferior ao de setembro (+409) e agosto (+384 vagas). O desempenho ficou ainda mais distante do que o registrado por Manaus (+2.165 e +0,54%), que voltou sustentar o crescimento do mercado de trabalho do Estado (+2.099 e +0,47%). 

O número de cidades amazonenses com mais admissões do que desligamentos na variação mensal, desta vez, não passou de 22, patamar significativamente inferior à estatística apresentada em setembro deste ano (30). Além disso, o volume de vagas formais geradas por cada um também foi proporcionalmente menor. Ao menos 24 foram na direção contrária, enquanto as 15 restantes estagnaram – contra 13 e 18 no mês anterior, respectivamente. É o que revelam os dados da edição mais recente do ‘Novo’ Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). 

No acumulado do ano, o desempenho do interior na geração de vagas celetistas se manteve no campo positivo, em sintonia com o Estado e a capital. Enquanto Manaus conseguia gerar 30.108 vagas com carteira assinada entre janeiro e outubro de 2021, correspondendo a 93,67% do total do Amazonas (32.041), os demais municípios amazonenses responderam pela fatia restante, ao criar 1.933 postos de trabalho formais, dada a resiliência do predomínio das admissões (+11.452) sobre os desligamentos (-9.519).

Em 12 meses, os municípios do interior do Amazonas apresentam acréscimo de 1.155 empregos com carteira assinada, graças a um total de contratações (+13.030) também acima dos desligamentos (-11.875) – mas com uma folga praticamente 50% menor do que no acumulado do ano. Em paralelo, a capital amazonense acumula 33.380 postos de trabalho formais a mais em relação ao período precedente, correspondendo a 96,65% do total gerado pelo Estado (34.535), no mesmo período.

Estoques dos municípios

Entre as 22 localidades amazonenses que conseguiram contratar mais do que demitir, apenas seis tiveram saldo de dois dígitos no número de vagas registradas na variação mensal e, desta vez, nenhuma registrou acréscimos de três dígitos na série sem ajustes. Os melhores resultados vieram de Manacapuru (+50 vagas e alta de 1,59% ante setembro), Presidente Figueiredo (+34 e +1,03%), Manicoré (+22 e +2,18%) e Tabatinga (+22 e +0,81%). Em contraste os piores números saíram de Itacoatiara (-145 e -2,95%), Parintins (-45 e -1,79%) e Manicoré (-20 e -1,42%).

Em dez meses, 44 municípios do interior amazonense ficaram no azul, 16 no vermelho e um estagnou, praticamente o mesmo placar do mês anterior. Presidente Figueiredo (+484 e +17,07%), Humaitá (+298 e +14,85%), Iranduba (+206 e +10,68%), Manacapuru (+198 e +6,59%), Itacoatiara (+112 e +2,41%) e – desta vez – Manicoré (+107 e +11,59%) lideraram com folga a lista de criação de empregos formais. No outro extremo, Santo Antonio do Iça (-27 e -19,01%), Codajás (-19 e -25,68%), Alvarães (-13 e -18,31%) e Japurá (-10 e -38,46%) responderam pelos poucos cortes de dois dígitos.

Em termos de estoque de empregos com carteira assinada, excluída a capital (408.446), o somatório dos seis maiores municípios do Amazonas responde por quase metade de todo o volume de empregos com carteira assinada contabilizados no interior (37.788). A lista inclui Itacoatiara (4.843), Presidente Figueiredo (3.323), Manacapuru (3.196), Tabatinga (2.743), Parintins (2.457) e Humaitá (2.226). 

Serviços em alta

Diferente do ocorrido nos seis meses anteriores, apenas três dos cinco setores econômicos analisados pelo “Novo Caged” conseguiram saldos positivos no Amazonas, na passagem de setembro para outubro: serviços, comércio e indústria. O somatório dos municípios do interior se saiu ainda pior, conseguindo criar empregos apenas nas atividades de serviços (+118). O pior dado veio da construção (-77), seguido de mais longe pelo comércio (-10), indústria (-5) e agropecuária (-2).

Os municípios líderes de crescimento voltaram a ter dinâmicas econômicas diferentes entre si. Na variação mensal, Manacapuru (+50) foi alavancado basicamente pela indústria de transformação (+43). Já Presidente Figueiredo (+34) teve sua geração de empregos com carteira assinada sustentada pela agropecuária (+23), especialmente pela produção de lavouras temporárias (+14) e a criação de aves (+8). Tabatinga e Manicoré se saíram melhor em serviços (+24 e +8, respectivamente) – sendo que este último também cresceu na construção (+8).

No acumulado do ano, a construção (-39) trocou de sinal, sendo o único dado da lista, nesse tipo de comparação. Em contrapartida, o setor de serviços (+929) continuou sendo o maior gerador de oferta de postos de trabalho celetistas no interior do Estado. Na sequência estão comércio (+555), agropecuária (+432) e indústria (+56). Entre os municípios com maiores saldos na base aglutinada, Humaitá (+298) e Iranduba (+206) se sobressaíram em serviços (+141 e +82, na ordem), construção (+98 e +65) e comércio (+63 e +38).

Logística e endurecimento

O consultor empresarial, professor universitário e conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Leonardo Marcelo Braule Pinto, avalia que os municípios que estão se destacando nas contratações ainda são aqueles com melhores ligações logísticas com Manaus e até com Porto Velho (RO) – caso de Humaitá. Para ele, os números confirmam que o arrefecimento da pandemia veio acompanhado por um crescimento lento, gradual e insuficiente. O economista ressalta que o país vive uma política de contração monetária, ao mesmo tempo em que a inflação não cede. E acrescenta que o endurecimento da economia diminui as chances de gerar postos de trabalho.

“Estamos até tendo algum crescimento na criação de empregos, entretanto é muito tímido. Em algumas cidades mais distantes, nem tivemos isso. Os números sinalizam que podemos até ter alguma melhora, mas ela virá no longo prazo. No curto, teremos resultados apenas factíveis e marginais. Alerto também para a nova variante da covid, que deve segurar um pouco a economia. Podemos até ter um lockdown parcial e isso deve influenciar no possível boom que teríamos”, lamentou. 

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente do Sindecon-AM (Sindicato dos Economistas do Estado do Amazonas) e consultor empresarial, Marcus Evangelista, apontou que a dinâmica de geração de empregos no interior segue não conseguem nem acompanhar o crescimento vegetativo de suas populações. Segundo o economista, os municípios com melhores resultados estão na Região Metropolitana de Manaus – com exceção de Humaitá e seu agronegócio –, sendo alavancados por micro e pequenas empresas de comércio e serviços. Já as localidades mais isoladas e distantes seguiriam dependentes dos “contracheques das prefeituras”.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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