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Em meio ao caos negócios prosperam

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Enquanto alguns setores sofrem, outros segmentos se destacam na temporada

Frequentemente lembradas como causa de tragédias, as cheias da região também geram emprego e renda. Atividades tradicionais ou que dependem do sobe e desce das águas, todos se adaptam. De varejistas a madeireiras, passando por pequenos agricultores e empresas do segmento de esportes aquáticos e turismo, têm algum lucro na época e comemoram bons negócios fechados.

Pontes e passarelas
Tendo mercado garantido por conta da tradição regional de se construir com madeira sobre as águas, as madeireiras precisam de reforços na época das cheias. Para erguer as marombas (piso elevado para resguardar móveis e outros), reformar ou mesmo construir no pós-cheia, são estas que fornecem o material necessário e além de garantir boas vendas, geram ocupação para carpinteiros e ‘especialistas’ em construção de última hora.
Subsidiada pelo governo ou comprada por particulares, a madeira é uma grande fonte de renda. Em conversa com comerciantes do Centro afetados pela cheia, alguns empresários declararam a reportagem que cerca de R$ 5 mil são gastos com marombas e passarelas em frente às lojas, todos os anos. Só em Manaus, a prefeitura prevê a construção de 3,1 km de passarelas em áreas que tradicionalmente são afetadas pela cheia.
Mesmo em um ano em que a crise parece ser geral, o mercado de madeiras foi pouco afetado, explica a operadora de caixa da madeireira Alicerce, Liliane Lima. “A crise econômica causou algumas quedas nas vendas, mas a época sempre foi de bons números para nosso segmento. Tivemos anos melhores, mas ainda há tempo. Ainda vem muita água por aí”, disse Liliane.
Para a operadora, o mercado concorrido e a entrada do poder público que dá preferência para algumas empresas, balançam os negócios. “Por ser tradição, muitos trabalham com a madeira e precisamos trabalhar dobrado, mas estamos conseguindo nos manter”, comenta.
Entre o caos das cheias, Liliane diz ainda haver gestos de caridade. “Há alguns dias, um de nossos clientes comovido pela perda total da casa de um senhor afetado pelas cheias, comprou toda a madeira suficiente para a construção de uma nova. Para a madeireira foi um bom negócio e é bom saber que alguém ganhou uma casa nova”, ressalta.

Agricultura
Os pequenos produtores agrícolas e pescadores do Amazonas são sempre afetados pelas cheias, mas ainda assim, alguns conseguem ter sua produção comprada pela Conab-Am (Companhia Nacional de Abastecimento do Amazonas). Somente no mês de abril a Conab adquiriu dos pequenos agricultores 450.314 toneladas de alimentos entre frutas, legumes e pescado, conta a gerente de operações Deiselene Melo.
“Não só adquirimos os alimentos como distribuímos nos mesmo municípios onde foram comprados. O que garante a renda de alguns pequenos produtores e a alimentação de quem está em situação de risco. É algo que funciona o ano inteiro mas tem um peso muito maior durante essa época”, disse da gerente.
Entre os municípios que receberam as cestas da Conab estão Borba, Caapiranga, Carauari, Careiro da Várzea, Iranduba, Manacapuru, Manicoré, Parintins, Rio Preto da Eva e Tapauá, todos em estado de emergência decretado pela Defesa Civil do Estado. As maiores aquisições ficaram entre a abóbora regional com 158,316 toneladas, o milho verde (em espiga) com mais de 90 toneladas. De pescado, 11,666 toneladas de jaraqui e 11,690 toneladas de pacu.

Esportes em alta
Após encarar duas grandes cheias em um flutuante alugado, o radialista Sandro Abecassis, proprietário do SUP do Abeca, credita as cheias o sucesso da prática do SUP (Stand Up Padle, remada em pé em cima de prancha similar à de surfe). “A cheia é nossa alta estação, diferente da temporada de seca, quando temos que criar promoções para atrair o público e temos que estar atentos para que os flutuantes não encalhem. E na seca, aparecem as praias tirando o público dos flutuantes, ambientes quase ‘naturais’ dos SUP”, comenta Abecassis. Agora em um flutuante próprio, o SUP do Abeca, tem 10 pranchas a disposição e além de Abecassis, mais duas pessoas para dar suporte na chegada e saída. Segundo o empresário, todo o investido já foi recuperado e ainda há lucro. “Como diferencial no segmento, cito o bom atendimento e as constantes reciclagens que faço em Florianópolis (SC). O esporte ainda é novo no Amazonas e muitos aparecem, mas sobrevive quem se diferencia com qualidade”, afirma o empreendedor que diz ser tranquilo o panorama para outros esportes náuticos no Estado.

Artur Mamede
[email protected]

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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