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Eleições 2022: Conheça o histórico de Governadores do Amazonas

Até agora o Amazonas teve 49 governadores e a história desses homens começa a partir de 15 de novembro de 1889

Evaldo Ferreira: @evaldo.am

Até agora o Amazonas teve 49 governadores e a história desses homens começa a partir de 15 de novembro de 1889, quando os presidentes das províncias passaram a ser denominados de governadores de estado. E logo de cara vieram três ‘governar o Amazonas’, os militares Antônio Florêncio Pereira do Lago, coronel do Exército; e Manuel Lopes da Cruz, capitão de fragata; e como nem se pensava na existência do avião, não tinha como haver um representante da Aeronáutica, então foi escolhido um civil mesmo, Domingos Teófilo de Carvalho Leal. Os três foram nomeados pelo Governo Federal em 21 de novembro de 1889 e não chegaram a ‘esquentar a cadeira’, pois logo no dia 4 de janeiro do ano seguinte davam lugar ao primeiro governador solo, o gaúcho Augusto Ximeno de Villeroy, escolhido pelo próprio presidente Manuel Deodoro da Fonseca. Detalhe: nem se falava em eleição. O próprio marechal Deodoro era quem decidia o governador que viria para cá. Assim ele fez com Eduardo Gonçalves Ribeiro, Guilherme José Moreira, Antônio Gomes Pimentel, novamente Guilherme José Moreira e Gregório Taumaturgo de Azevedo, este, escolhido dois meses antes de Deodoro renunciar à presidência por desentendimentos com seus pares. Uma curiosidade: Guilherme Moreira era monarquista tanto que, em 5 de julho de 1889, foi agraciado com o título de barão de Juruá, mesmo assim, talvez por ser militar, como muitos dos ‘cabeças’ que tiraram o poder de D. Pedro II, ele caiu nas graças do velho marechal. Em duas oportunidades, em 1878, e em 1884, Guilherme Moreira foi presidente da província do Amazonas, nomeado pelo imperador.

Era dos interventores

O primeiro governador do Amazonas eleito foi o piauiense Fileto Pires Ferreira. Ele assumiu o governo em 23 de julho de 1896, apesar de o primeiro presidente civil Prudente José de Morais Barros ter sido eleito e tomado posse quase dois anos antes, em 15 de novembro de 1894. Ocorre que o governador era o poderoso Eduardo Ribeiro, cujo mandato só acabaria em 1896. Neste segundo mandato ele havia sido nomeado por Floriano Peixoto, e no anterior, por Deodoro da Fonseca. Poderoso, mas cheio de inimigos. Estranhamente Fileto Pires foi a Paris, se tratar de problemas de saúde (naquela época era onde a elite se tratava) e quando quis voltar tomou conhecimento de uma falsa carta-renúncia assinada por ele, que não era mais o governador. Assumiu seu vice, José Cardoso Ramalho Júnior, o primeiro amazonense governador do Amazonas. Dizem as más línguas que essa trama foi armada pelos irmãos Nery para que Eduardo Ribeiro, então deputado estadual, não voltasse a ser governador nas eleições seguintes, pois era um forte candidato. O certo é que Silvério, depois Constantino Nery, foram governadores de 1900 a 1908 e influenciaram nas eleições ao governo pelas décadas seguintes. Enquanto isso, Eduardo Ribeiro cometeu suicídio. Ou teria sido assassinado?

Em 1930, novamente os militares resolveram se tornar senhores do poder e Getúlio Dorneles Vargas tirou da presidência o civil Washington Luís Pereira de Souza. Repetindo os republicanos de 1889, Getúlio mandou uma junta governar o Amazonas. O mesmo José Cardoso Ramalho Júnior voltou 32 anos depois, além de um personagem que entraria para a história, Francisco Pereira da Silva, o Pereirinha, criador do projeto da Zona Franca de Manaus 27 anos depois, e um desconhecido José Alves de Sousa Brasil. Curiosidade: os três ficaram apenas uma semana como ‘interventores’, de 24 a 31 de outubro de 1930.

De 1930 a 1947, onze interventores governaram o Amazonas com destaque para Álvaro Botelho Maia que governou por treze anos, em dois períodos. Os demais ocuparam o cargo por alguns meses, e até dias, como Floriano da Silva Machado, interventor por 19 dias, em novembro de 1930.

Nove nomes em 40 anos

Em 1947 retornam as eleições populares e Leopoldo Amorim da Silva Neves é o primeiro governador dessa fase que vai até 1964 quando, mais uma vez os militares tomam o poder e, novamente, escolhem os governadores nos estados. Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo surge nessa fase, governando o Amazonas de 1959 a 1963. Na primeira lista de políticos cassados pelo regime militar, em abril de 1964, constava o nome de Mestrinho, então deputado federal por Roraima. A história ainda não contou o porquê.

De 1964 a 1982, cinco governadores foram eleitos indiretamente pela Assembleia Legislativa, lógico, com o aval dos militares. Destaca-se nesse período Artur César Ferreira Reis (o pai dele, Vicente Reis, foi dono do Jornal do Commercio e Artur Reis chegou a trabalhar como diretor de redação do jornal). Em 1967 ele instalou a Zona Franca, em Manaus.

Com o fim do regime militar e o retorno da normalidade democrática, voltam as eleições diretas e o primeiro governador desse período é Paulo Pinto Nery (1982/1983). Gilberto Mestrinho reapareceu montado na fama que fizera ainda na década de 1950, como prefeito e depois governador e ganhou duas eleições (1983/1987 e 1991/1995). Amazonino Armando Mendes, esse mesmo que está aí até hoje, surge na política e só perde para Álvaro Maia em tempo no poder. Amazonino já foi governador por três vezes (1987/1990, 1995/1999, 1999/2003, 2017/2019).

Desde a redemocratização do país, há 40 anos, apenas nove homens governaram o Amazonas e três ficaram apenas alguns meses no comando do Estado: Vivaldo Barros Frota, onze meses, entre 1990 e 1991; José Melo de Oliveira, oito meses entre 2014 e 2015; e David Antônio Abisai Pereira de Almeida, cinco meses, em 2017.

Pelos próximos quatro anos o quadro não sofrerá alteração. E as mulheres? Quando vão ter sua vez?

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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