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Educação financeira e colaboradores

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“Não basta ter conhecimento, é preciso agir! Ficar apenas na teoria é perda de tempo. Como está a sua vida financeira?”. Essa frase abre nossa conversa e foi extraída do livro “Momentos de sabedoria financeira”, do amigo Altemir Farinhas, consultor dos melhores programas de Educação Financeira do Brasil.

Em épocas de pouco emprego e dinheiro curto no bolso, o brasileiro precisou e precisa adaptar os recursos financeiros à sua realidade. Culturalmente, não fomos educados para as intempéries da vida, pois vivemos num país com riquíssimas espécies animais, vegetais e minerais, além do maravilhoso clima tropical, ficamos acomodados.

Não nos planejamos, organizamos e, menos ainda, poupamos! Pescamos o peixe pra refeição diária, gastamos mais que ganhamos e jogamos a responsabilidade pra Deus, pedindo que nos socorra amanhã e assim vamos sobrevivendo. Poucos são os que fogem dessa realidade e conseguem construir uma base econômica sólida.

Endividamento ultrapassa 60% das famílias

Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, mostra que, após três anos de queda no percentual médio de famílias endividadas, em 2017 houve aumento de 0,6 ponto percentual, alcançando a média anual de 60,8% do total das famílias brasileiras.

De acordo com a pesquisa, o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e, portanto, permaneceriam inadimplentes, aumentou 1,1 ponto percentual, ante o ano anterior. Despesas com cartão de crédito, carnês, crédito pessoal e financiamento do carro lideraram o ranking dos endividados.

Empresas também ganham com a Educação Financeira

Então me perguntei se as empresas, que enxugam tanto os números poderiam estender esse aprendizado aos colaboradores. Altemir, que é administrador, possui MBA em Gestão de Responsabilidade Social Corporativa, com especialização em Finanças e Engenharia Econômica, me trouxe a resposta. “As empresas procuram reduzir custos, serem rígidas em seus controles e aplicar regras para evitar gastos desnecessários, já os colaboradores não fazem isso. A falta de educação financeira fez com que o brasileiro se endividasse e perdesse o controle sobre suas finanças. O colaborador precisa da ajuda da empresa para receber aulas de educação financeira pessoal”.

Bingo! Parece lógico que o colaborador que mantém as finanças equilibradas estará menos tenso e preocupado, o que pode refletir no aumento da sua produtividade. Contribuindo, inclusive, para que ele esteja mais envolvido e focado nas atividades diárias.

Aí o consultor foi além e me disse que para a empresa que investe em Educação Financeira o retorno é garantido, pois “melhora o clima organizacional, o ambiente de trabalho, eleva os índices de produtividade, motivação, comprometimento. Valoriza a empresa e há reconhecimento dos benefícios. Também diminui os índices de absenteísmo, endividamento, solicitação de demissão ou empréstimos, drogadição, entre outros. A cada dólar investido, a empresa ganha três dólares em economias ou recuperação da produtividade”.

Os três perfis

Muitos RHs já estão implantando a Educação Financeira em seus programas de Qualidade de Vida, conforme comentou Altemir. “A Educação Financeira combate o endividamento, ajuda na saúde financeira, melhora a qualidade de vida presente e futura. Nas empresas eu encontro três tipos de pessoas: o endividado, esse não consegue sair sozinho das dívidas, está doente física e mentalmente. O equilibrado é o que paga suas contas, mas não sobra nada, desse jeito ele é um sem futuro, podendo perder o equilíbrio e virar um endividado. O investidor, que consegue pagar suas contas e ainda sobra para investir, mas que também precisa de educação financeira para não cair em golpes e garantir sua aposentadoria”.

Cultura do desperdício

Claro que há fatores conjunturais socioeconômicos que potencializam essa triste realidade do endividamento, mas aí, retomamos ao viés cultural que também da uma mãozinha pra agravar a situação. Fomos criados num país com muitos recursos naturais e biodiversidade incrível.

Água e alimento nunca foram motivos de preocupações nas décadas passadas e, apesar de já haver certa conscientização, até hoje desperdiçamos muito. Movidos pelo consumismo, compramos demais e vamos passando o cartão de crédito, perdendo a referência do valor integral da fatura devido à praticidade do dinheiro plástico. Vamos jogando as dívidas pra frente e a bola de neve só aumenta.

Além disso, o mundo virtual, válvula de escape da realidade, contribui pra criarmos uma persona rica, poderosa e feliz que exibimos nas redes sociais, por meio de objetos, produtos, viagens e etc., reforçando uma falsa imagem que não bate com os dígitos da nossa conta bancária.

Insistimos em manter um padrão de vida que não temos como arcar e quando chegam os carnês das escolas das crianças, a fatura do cartão, IPVA, IPTU, contas de água e energia elétrica, bate a tristeza e a insegurança. Até quando vamos continuar com esse enredo?

Poupar? Nem se fala! Vivemos como se fosse o último dia de vida! Não economizamos pensando em ter um plano B caso aconteça algo que seja fora do nosso controle: desemprego, doença, morte do cônjuge, ou seja lá o que pode vir a acontecer. Então vivemos conforme as ondas do mar, pra lá e prá cá!
E para encerrar, recorro novamente ao livro de Altemir, com a frase “duas coisas turvam a visão, atrapalham a audição e enganam o entendimento: dinheiro e poder”, cuidado com as duas ilusões, elas podem se desfazer como castelos de areia em dia de mar agitado, e aí quem poderá nos salvar?

Cristina Monte

Cristina Monte é articulista do caderno de economia do Jornal do Commercio. Mantém artigos sobre comportamento, tecnologia, negócios.
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