Pesquisar
Close this search box.

DRP e PCN: mais uma sopa de letras?

Há muito tempo se fala em Recuperação de Desastres, como uma das boas práticas de governança corporativa. Só mais recentemente passou-se a utilizar o termo Continuidade de Negócios.
Originários da área de TI, os Planos de Recuperação de Desastres (PRD) estão há anos luz das necessidades atuais da empresas, em plena era de competição global.
Os PRDs, tradicionais projetos de CIOs, sempre se limitaram a garantir a recuperação de computadores, bancos de dados e sistemas das empresas, sem fazer qualquer referência a processos de negócios e pessoas.
Imaginar que uma empresa consiga retomar rapidamente suas operações apenas com computadores, é o mesmo que admitir que um automóvel possa andar sozinho, sem o seu condutor.
Após o evento de 11 de Setembro acentuou-se uma guinada completa no enfoque puramente tecnológico adotado até então, pela simples constatação que várias empresas sediadas no World Trade Center desapareceram naquele episódio, apesar de seus sofisticados PRDs.
O que foi esquecido? Fácil: Mais do que de computadores e dados, as empresas são feitas de pessoas, que precisam de um local adequado de trabalho para manter seus relacionamentos diários com fornecedores e clientes.
É aí que entra o Plano de Continuidade de Negócios (PCN), pois além de ter dentro dele um PRD completo, define também todas as ações a serem tomadas nos casos de interrupção das operações, numa lista na qual se insere o mapeamento completo das atividades críticas que não podem parar nem por um dia: quem são as pessoas chaves que participam deste processo, como treiná-las e coordenar a logística no momento fatídico, em quanto tempo a operação tem que ser retomada, e não menos importante, como voltar para casa quando tudo passar.
Parece simples, não é? Puro engano. Apesar de toda a literatura e metodologias disponíveis, acertar a equação investimento/risco ainda é uma arte. Não é à toa que as últimas estatísticas americanas pragmatizam: mais de 50% dos Planos de Continuidade de Negócios na terra do Tio Sam não funcionam. Entre as principais razões estão:
A falta de prioridade na alocação dos investimentos.
A visão excessivamente tecnicista dos gestores.
A escassez de recursos para o “dia-a-dia” rouba os recursos planejados para o PCN.
A ingênua cultura do “isto não vai acontecer conosco”.
Você se lembra de há algumas décadas, quando as seguradoras enlouqueciam para convencer seus clientes da necessidade de um seguro de automóvel? Pois é, guardadas as devidas proporções, o seguro que um Plano de Continuidade de Negócios representa está na mesma fase cultural, especialmente no Brasil.
Os órgãos reguladores como Banco Central, BM&F e Susep lutam diariamente para introduzir esta cultura e o tem conseguido às duras penas, valendo-se da legislação.
Enfim, estamos apenas no início da jornada. Se você é responsável por algum negócio, que tal incluir este assunto em sua estratégia corporativa?

ALCINO PESSINI FILHO é vice-presidente de Operações da Sion People Center.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar