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Desocupação e informalidade em alta

O mercado de trabalho do Amazonas seguiu aquecido, no terceiro trimestre. Mas, a fila do desemprego parou de andar, a renda diminuiu e a informalidade segue elevada. A taxa de desocupação ficou estável (-0,1%) ante os três meses anteriores, ao marcar 9,6% (187 mil pessoas). Já o confronto com o mesmo período de 2022 (9,4% e 183 mil) indicou que a quantidade de amazonenses em busca de oportunidades profissionais subiu, deixando o Estado na oitava posição do ranking brasileiro. Em contraste, a média nacional (7,7%) caiu, sendo acompanhada por apenas três unidades federativas. 

Ao mesmo tempo, a proporção de amazonenses trabalhando sem carteira assinada chegou ao menor nível desde o primeiro trimestre de 2019, embora 974 mil trabalhadores ainda estejam nessa condição. A taxa de informalidade passou de 56,8% para 55%, na virada trimestral. Também foi menor do que a registrada em igual intervalo de 2022 (57,1%). Mas, o Estado ainda está muito acima do número brasileiro (39,1%), embora tenha caído da segunda para a terceira colocação do ranking. Perdeu apenas para o Maranhão (57,3%) e o Pará (57,1%), com Santa Catarina (26,8%) no extremo oposto da lista.

O nível de ocupação também praticamente não saiu do lugar entre os trimestres, ao responder por 55,7% (1,77 milhão) da população amazonense apta ao trabalho. O percentual veio pouco aquém do mesmo período de 2022 (56,5%). A estagnação foi uma realidade para quase todos os setores, sendo que a construção eliminou vagas. O estacionamento da oferta veio acompanhado por decréscimos no rendimento médio e massa salarial. É o que revelam os dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua Trimestral, divulgados nesta quarta (22), pelo IBGE. 

A taxa de desocupação encolheu estatisticamente em apenas três das 27 unidades federativas brasileiras – Acre, Maranhão e São Paulo – e somente Roraima foi no sentido contrário. Apontado novamente como uma das localidades “estáveis”, o Amazonas estacionou na oitava posição no ranking nacional – e atrás apenas do Amapá (12,6%) na região Norte. Os extremos do país estão na Bahia (13,3%) e Rondônia (2,3%). Em âmbito nacional, a taxa ficou acima da média entre as mulheres (9,3%), ‘pretos’ (9,6%), ‘pardos’ (8,9%), e pessoas com ensino médio incompleto (13,5%). 

Atividades e rendimentos

No terceiro trimestre de 2023, o Estado contava com 3,20 milhões habitantes com 14 anos ou mais – idade apontada pelo IBGE como “apta ao trabalho” –, em uma população total estimada em 4 milhões. O número de amazonenses que trabalhavam ou buscavam emprego era de 1,96 milhão, ao passo que quase 1,25 milhão estavam “fora da força de trabalho”. O percentual de pessoas desalentadas e que tinham desistido de buscar trabalho caiu para 3,5% (69 mil), assim como ocorrido nos 4,2% (83 mil) qualificados como mão de obra subocupada, por insuficiência de horas trabalhadas. 

A maioria dos habitantes “ocupados” do Amazonas estava na categoria de “empregado” (1,04 milhão). Dentro desse grupo, 65,55% vinham do setor privado (685 mil). Mas, apenas 434 mil estavam formalizados. A falta de carteira de assinada era ainda mais ampla entre os trabalhadores domésticos, que são contabilizados à parte: 67 mil entre 78 mil. O setor público (282 mil) tinha só 10 mil pessoas com registro celetista, enquanto 146 mil eram militares ou funcionários estatutários. A quantidade de trabalhadores por “conta própria” reduziu de 565 mil para 529 mil, e o de empregadores diminuiu subiu de 46 mil para 51 mil. Em ambos os casos, a maior parte também atuava sem CNPJ. 

Quase todos os setores ficaram estatisticamente estáveis. Os grupo que reúne serviços de administração pública, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais (338 mil) foi o que teve melhor desempenho e também o que mais reuniu ocupados. Foi seguido por comércio e reparação de veículos (332 mil) e pelas atividades de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (284 mil) – que ofereceram menos postos de trabalho. Na sequência estão a indústria (210 mil); os serviços de comunicação, informação, atividades financeiras e imobiliárias (151 mil); alojamento e alimentação (110 mil); e construção (92 mil) – sendo este o único a amargar queda trimestral. 

O “rendimento médio real” dos trabalhadores do Amazonas foi diminuiu de R$ 2.218 para R$ 2.155 na passagem trimestral, um recuo de 2,84%. No confronto com o valor capturado no mesmo acumulado de 2022 (R$ 2.191), a retração foi de 1,64%. Já a massa de rendimentos – que reflete o quanto os salários brutos dos trabalhadores contribuíram para a economia local – não passou de R$ 3,50 bilhões, ficando 0,2% menos robusta do que nos três meses anteriores e 1,4% menor, na análise anual.

“Atividades sem força”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinala que, embora o número de ocupados tenha aumentado em 23 mil pessoas, isso foi suficiente apenas para cobrir parte dos 28 mil que entraram na força de trabalho – e que também passaram a buscar emprego. “Desde o primeiro trimestre de 2022 a taxa de desocupação amazonense vem em processo de redução, embora tenha subido um pouco no quarto trimestre de 2022 e no primeiro de 2023. Mesmo assim, na comparação com outros Estados, permanece elevada”, ponderou.

O pesquisador aponta que a taxa de informalidade sofreu “boa retração”, motivada principalmente pela redução no número de trabalhadores por conta própria sem CNPJ. E acrescenta que houve “aumento significativo” de trabalhadores no setor privado, mas ressalva que boa parte desse impulso veio da administração pública. “Os resultados mensais do comércio, indústria e serviços demonstram que, a cada mês, as atividades perdem força. Já o rendimento médio nominal e a massa salarial diminuíram, o que representa menos dinheiro no mercado”, analisou. 

Em texto veiculado pelo site da Agência de Notícias IBGE, a coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, enfatizou que o recuo da taxa de desocupação brasileira não veio disseminada nos Estados. “A maior parte das unidades federativas mostra uma tendência de redução, mas apenas três delas registram queda estatisticamente significativa, principalmente por conta da redução da desocupação”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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