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Decadência quadrienal

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O voto é o símbolo maior, a arma, a própria razão de ser de toda e qualquer democracia racional. Em todos os sistemas democráticos o povo aprende a ter no voto a sua maneira de demonstrar não apenas sua vontade mas sua força perante o funcionamento do sistema político e social ao qual pertence. No caso brasileiro, no ano em que se espera a realização de mais uma eleição para escolha de um presidente da República e senadores, deveria ser a mesma coisa.

Deveria ser, porém infelizmente a um bom tempo não o é, em função de um sistema político que se diz democrático e, no entanto somente o termo o é. Faz tempo que a democracia vem se deteriorando em nosso país, com o povo sendo colocado de lado no processo político-eleitoral e o próprio sistema tendo levado uma paulada de porte gravíssimo quando uma constituição completamente levada por interesses de grupos implantou uma suposta democracia com um número de partidos onde a tal democracia virou “feira eleitoral”.

Falar em consciência política, capacidade de escolher seus dirigentes como sendo uma obrigação cívica do povo brasileiro, é algo meio que cômico se não fosse altamente trágico. Senão vejamos: será que a quantidade absurda de candidatos é coerente com a capacidade de saber escolher? Será que os candidatos que já se definiram como tal, apresentaram de alguma forma aos eleitores algum tipo de programa de governo, alguma linha político-ideológica ou coisa parecida? Duvido muito que alguém possa responder positivamente a estas perguntas, infelizmente.

Atualmente nosso país vive refém de velhas e desgastadas lideranças que se acostumaram a viver do poder, tendo na política um meio de vida, o que acabou por tornar este esquema de corrupção e de descalabro do serviço público em nosso país uma normalidade eu o povo não consegue entender para poder lutar contra. Logicamente somente o conhecimento da realidade poderia tornar possível algum tipo de reação por parte dos verdadeiros agentes políticos que seriam os eleitores, mas o que se vê é a verdade sendo escondida ou deturpada de maneira constante.

Pior que tudo isto é o fato de nosso sistema político ter sido moldado em torno de pessoas, ser um sistema personalista, onde o eleitor está sempre buscado em QUEM ele vai votar, independente de qual o partido ao qual este candidato pertence. Esta fraqueza partidária, estimulada com atos como a troca de partidos a qualquer momento pelos políticos, estimulou aos partidos a falta de responsabilidade em apresentar programas de governo, metas e compromissos sérios com o eleitor. Afinal o partido passou a ser o que menos importa na eleição brasileira, o que se configura como outra das distorções do nosso sistema.

Afinal, a cada quatro anos, ou mesmo a cada dois anos, considerando a divisão dos grupos políticos que são votados, joga-se a população brasileira neste processo que deveria ser uma atitude de compromisso cívico e acaba por ser uma obrigação oficial. Além destes aspectos, temos a analisar algumas mudanças acontecidas, comemoradas por alguns porem altamente discutíveis em relação ao nosso processo supostamente democrático. Entre estas mudanças, a participação dos analfabetos, tanto como eleitores e, pior ainda, como candidatos: Será que a demagogia que conseguiu esta suposta vitória levou em conta que ao invés de permitir esta participação dos analfabetos, seria mais democrático dar a eles a oportunidade de sair do analfabetismo para depois disso entrar no processo eleitoral?

Dá para aceitar um analfabeto, sem saber ler, escrever e logicamente sem entender o que lhe está à frente, ser um deputado e participar da aprovação da legislação do país? Somente para a demagogia que nos fez piorar o sistema sócio-eleitoral brasileiro pode aceitar isto como correto e nossa queda econômica e a destruição da estrutura social brasileira, onde nossas cidades viraram praças de guerra, as famílias se destroem e o desemprego e desconfiança no sistema leva a economia cada vez mais para o buraco.
Por tudo isto, quando os ataques entre grupos se avolumam, quando aparecem acusações em número maior que a própria definição do número de candidatos, fico mais uma vez, quatro anos depois da ultima eleição me perguntando: até quando vamos continuar nesta DECADÊNCIA QUADRIENAL ?

Orígenes Martins

É professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio
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