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Crise tem efeitos diferentes sobre a indústria segundo

Apesar de a indústria de transformação vir obtendo altas consecutivas na comparação mês a mês, nas demais bases de comparação, as variações continuam negativas, como decorrência da crise internacional que fez cair drasticamente o patamar de sua produção física já em outubro de 2008. Assim, a produção física da indústria de transformação sofreu retração de 10,2% no contraponto entre o acumulado de outubro/ 2008 a setembro/ 2009 e o acumulado de outubro/ 2007 a setembro/ 2008 (comparação em 12 meses). No acumulado dos nove primeiros meses frente ao mesmo período de 2008, a queda atingiu 11,5%.
Considerando a classificação por intensidade tecnológica adotada pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), a saber, alta intensidade; média-alta; média-baixa; e baixa, as duas faixas intermediárias –de média-alta e média-baixa– foram as que mais sofreram, com declínios de 17,8% e de 11,6%, respectivamente, pela mesma base de comparação. Já o segmento de alta intensidade, registrou queda de 3,3%, enquanto o de baixa intensidade, recuo de 4,7%.

Alta Intensidade

Nas atividades de maior conteúdo tecnológico, a retração de 3,3% na comparação do acumulado em 12 meses deve-se aos segmentos do complexo eletrônico. A maior redução foi em equipamentos de áudio e vídeo e de telecomunicações, inclusive componentes eletrônicos, com queda de 31%. Já equipamentos de escritório e informática presenciaram taxa de –16,2%. Quanto aos destaques positivos, eles ficaram por conta da indústria aeronáutica e da farmacêutica, ambas com expansão digna de nota: 48,5% e 10,8%, respectivamente.
Os segmentos constitutivos da faixa de média-alta intensidade, por sua vez, foram os que mais sentiram os efeitos da crise na comparação entre o acumulado em 12 meses encerrados em setembro e o acumulado equivalente dos 12 meses anteriores. Seu declínio de 17,8% teve como principal causa a queda expressiva da produção de equipamentos ferroviários e outros de transporte (no qual está a fabricação de motocicletas), com variação negativa de 27,3%, e a retração da indústria automobilística, de 21,2%. Apesar de inferior ao recuo da primeira, o peso da indústria automobilística no perfil produtivo brasileiro confere destaque maior a esta retração.
Mas não só esse, aqueles segmentos ligados em boa medida à produção de bens de capital também sofreram queda acentuada: enquanto a fabricação de máquinas não especificadas em outras atividades presenciou taxa de –21,2%, a de máquinas elétricas, de –19,4%. Nesse sentido, justificam-se as medidas em prol do consumo de automóveis, motocicletas e produtos da linha branca (inclusos em máquinas não especificadas), concorrendo para a recuperação mês a mês que se tem observado ao longo de 2009 e culminando em alta mais generalizada em outubro. Cabe notar que somente a indústria química (exceto produtos farmacêuticos) teve queda inferior a de todo o conjunto da indústria de média-alta, mas ainda assim expressiva: recuo de 9,2%. Saliente-se que o ramo químico era, até a eclosão da crise, aquele que menos crescia entre os integrantes da faixa de média intensidade.
O segmento de média-baixa intensidade também percebeu perdas de monta, com retração de 11,6%, por conta especialmente dos produtos metálicos, decorrência da demanda externa ter despencado de imediato após a eclosão da crise – queda de 19,1%. A fabricação de borracha e produtos plásticos percebeu recuo quase equiparável, declínio de 16,5%, por razões distintas, mormente a retração em atividades à frente na cadeia de produção dentro do próprio País. Já a indústria de outros minerais não-metálicos e a de produtos de petróleo refinado e outros combustíveis registraram decréscimos menos acentuados: –4,4% e –3,0%. No caso dos refinados e combustíveis, o fato de a queda não ter sido da monta aproximada da sofrida pela siderurgia e metalurgia em geral está ligada à base menor de comparação: trata-se de atividade que não vinha apresentando o mesmo dinamismo de outras que puxaram a expansão econômica dos anos de 2007 e 2008. A construção naval foi a única indústria dessa faixa com taxa positiva, de 7,7%, ressaltando-se que, as variações na comparação em 12 meses terminados em setembro de anos anteriores apresentaram taxas negativas – uma notável exceção em relação às demais atividades da faixa de média-baixa intensidade.

Baixa intensidade

Na comparação entre o acumulado em 12 meses findos em setembro e o acumulado dos 12 meses anteriores, a faixa de baixa intensidade só não teve recuo de magnitude acima de 4,2%, por conta da indústria de alimentos, bebidas e fumo, cuja produção retrocedeu 0,8%. Trata-se do segmento de maior peso na estrutura produtiva brasileira e foi o único a ter um recuo inferior ao da indústria de média-baixa intensidade. Na outra ponta, o conjunto das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados se retraíram em 10,4%. Se tais atividades já sentiam sobejamente a competição dos importados sob taxa de câmbio apreciada, passou a sentir a menor demanda externa e a interna em fins de 2008 e início de 2009, bem como a posterior volta da apreciação do real. A fabricação de produtos madeireiros, de papel e celulose, a seu turno, experimentou recuo de 6,2%, enquanto a de bens diversos e reciclados, queda de 9,4%.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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