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Convenções coletivas firmam acordos com o varejo do Amazonas

Quase três meses depois de se sentar à mesa com o patronato do comércio do Amazonas, o Sindicargas-AM (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes de Cargas do Estado do Amazonas) fechou um acordo que colocou fim ao processo de negociações da convenção coletiva de trabalho da categoria. Ficou acertado um reajuste linear de 6%, para todas as funções. O martelo foi batido durante reunião de representantes da entidade e do Sindivarejista (Sindicato do Comércio Varejista no Estado do Amazonas), ocorrida nesta quarta (20), na sede da Fecomercio-AM.

Esta foi a apenas a segunda das quatro grandes categorias envolvidas em convenções coletivas do trabalho a encerrar negociações com o varejo amazonense. O Sindicato dos Empregados no Comércio de Manaus foi o primeiro a fechar, com reajuste linear de 4,76% para todos – para um INPC anual de 10,42%. Embora a data base das categorias do comércio amazonense já tenha ficado para trás, a situação não é fácil nos demais segmentos que estão à mesa. 

As empresas queriam se restringir às cláusulas econômicas e replicar a correção correspondente à metade do INPC, enquanto os trabalhadores não abriam mão da inflação e das cláusulas sociais. A pandemia é usada como argumento por ambos os lados. Nem o Sindcomam (Sindicato dos Empregados no Comércio de Manacapuru e Região), nem o Sindecvargam (Sindicato dos Empregados no Comércio Varejista, Atacadista e Representantes de Gêneros Alimentícios de Manaus) aceitaram os termos. No caso destes, o foco das divergências está no plano de odontológico reivindicado pelos trabalhadores.

Diante disso, o presidente do Sindivarejista, Teófilo Gomes da Silva Neto, comemorou o acordo. “Ficamos extremamente satisfeitos com o desfecho desta negociação, que já se arrastava há quase três meses. Isso já estava nos deixando em uma situação desconfortável, porque vemos o lado das empresas, mas também nos colocamos no lugar dos trabalhadores, que estão em seu direito de reivindicar. Mas, o acordo ao qual chegamos dá segurança para ambas as partes. Vamos tentar conseguir o cadastro final junto ao Ministério do Trabalho o quanto antes, para que o reajuste possa ser incorporado já na folha salarial de outubro”, frisou.

“Manter empregos”

Em sua proposta inicial, o Sindicargas-AM pediu um reajuste geral de 12% para todas as categorias amparadas pelo sindicato, que vão de ajudantes de entregas, de motorista e de cargas/descargas – que teriam seus vencimentos corrigidos de R$ 1.157 para R$ 1.296,62 – a motoristas carreteiros – que veriam suas remunerações mensais aumentarem dos atuais R$ 2.281,42 para R$ 2.555,19. Além do índice de reajuste, os pontos considerados “sensíveis” pelo patronato foram a previsão de concessão de cesta básicas e assistência médica/odontológica, entre outros quesitos. 

Na reunião desta quarta (20), foram pontuadas questões em aberto, como as contribuições associativa, assistencial e negocial. O Sindicargas-AM acabou batendo o martelo por um reajuste linear de 6% aplicados sobre os salários percebidos em setembro de 2021. Foram incluídos ainda quatro cargos na convenção coletiva da categoria (ajudante de entregas, ajudante de motorista, ajudante de carga e descarga, e operador de empilhadeira) e inserida uma “contribuição negocial, que corresponderá a 2% do salário, limitado a R$ 50 por trabalhador. As demais cláusulas sindicais e sociais foram mantidas.

No entendimento do diretor do Sindicargas-AM, Rubenil Junior Fortes Júnior Fortes, o parâmetro do acerto com as empresas varejistas do Amazonas foi o possível, diante dos impactos econômicos da crise da covid-19. “A principal missão do Sindicargas, primeiramente, é manter os empregos dos trabalhadores. Todos nós sabemos da recessão econômica que vivemos, não só no Brasil, mas mundialmente. O reajuste que obtivemos junto ao sindicato do comércio varejista foi satisfatório, porque engloba essa proteção dos empregos e está dentro da média nacional”, amenizou.

Gêneros alimentícios 

A bola vez no campo das negociações trabalhistas do varejo amazonense é a dos trabalhadores do segmento alimentício. Está marcada uma nova reunião entre o Sindivarejista e o Sindecvargam, desta vez sendo mediada pelo Ministério do Trabalho. Indagado pela reportagem do Jornal do Commercio sobre suas expectativas em relação ao novo encontro, Teófilo Gomes da Silva Neto não quis entrar em detalhes. “Difícil de prever o que vai acontecer. Se voltarem a fazer a mesma proposta, acredito que teremos dificuldades de avançar”, resumiu. 

Em sua proposta inicial, o Sindecvargam havia pedido uma correção salarial geral de 11,06%, mais 5% de ganho real. O sindicato laboral também apresentou outras propostas consideradas “controversas” pelos representantes do varejo e do atacado do Amazonas, a exemplo de plano de saúde e odontológico, empréstimo consignado, acordo coletivo de compensações e três pisos para a categoria, conforme porte da empresa (R$ 1.296, R$ 1.307 e R$ 1.319). A proposta foi rejeitada pelos sindicatos patronais, assim como a segunda, que teria mantido cláusulas consideradas pelas empresas como polemicas, além de apresentar novas reivindicações. 

Em reunião ocorrida na sede da Amase (Associação Amazonense de Supermercados), no dia 16 de setembro, as negociações sinalizaram avanço, com um encaminhamento de uma nova proposta laboral. Em linhas gerais, consistia em uma correção salarial de 7%, para os trabalhadores que ganham apenas pelo piso, e um aumento de 6% para os demais que recebem mais do que isso, além do vale alimentação de R$ 14. As empresas não aceitaram e ofereceram uma contraproposta que teria ido pouco além da oferta inicial.

Já o presidente do Sindecvargam, Amarildo de Souza Rodrigues, disse que, embora não tenha ocorrido “nenhuma evolução” nas conversas, aguarda um desfecho favorável. “Não aceitamos a contra proposta por não aceitarem o plano odontológico. Nossa expectativa é que tenhamos um bom acordo neste dia 22 e esperamos a reciprocidade dos representantes patronais. Até o presente momento, não pretendemos fazer manifestação nenhuma. Somente após a mediação, tomaremos medidas mais duras, se por ventura não houver acerto entre as partes”, encerrou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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