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Consumidor de Manaus está com a confiança em queda

A confiança do consumidor de Manaus encolheu pela décima vez consecutiva, na passagem de setembro para outubro. O indicador recuou 0,6% na capital amazonense, em piora menos acentuada do que a anterior (-7,8%). A piora na percepção foi carreada pelas perspectivas profissional e de consumo, com destaque para as compras a prazo. O número local do índice de ICF (Intenção de Consumo das Famílias) seguiu novamente na direção contrária da média nacional, que experimentou estabilização, após quatro meses seguidos de alta. 

Com a piora, o ICF de Manaus passou de 30,7 para 30,5 pontos, entre setembro e outubro, e correspondeu a praticamente à metade do placar de 12 meses antes (58 pontos). Pela 18ª vez seguida, a pontuação se situou na zona de insatisfação (até 100 pontos). Os dados são da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e foram fornecidos à reportagem pela assessoria de imprensa da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas).

Na média brasileira, o indicador estagnou nos 73,2 pontos, na variação mensal. Apesar da estagnação, o índice apresentou o maior nível desde março de 2021 (73,8 pontos) e bateu o patamar de 12 meses atrás (68,7 pontos). Ainda assim, permaneceu abaixo do nível de satisfação (100 pontos), fato que vem ocorrendo desde abril de 2015. Vale notar que a região Norte compareceu mais uma vez com a menor pontuação do país (55,7 pontos) e com a pior variação anual (-17%), embora tenha conseguido avançar 0,4% ante agosto.

Para a capital amazonense, outubro renovou o pior número da série histórica de 13 meses fornecida pela CNC. Cinco dos sete componentes do ICF retrocederam na variação mensal e se mantiveram na zona de insatisfação. As retrações foram puxadas pela perspectiva de consumo (-5,7%), compra a prazo (-4%) e perspectiva profissional (-2,8%). Nível de consumo atual (-1,5%) e renda atual (-0,6%) também pioraram, mas em um patamar aquém aos anteriores. Em contraste, momento para duráveis (+6%) e emprego atual (+0,7%) retomaram ao campo positivo. 

Renda e emprego

Em termos absolutos, as intenções de compras do manauense ainda são puxadas para baixo pela forma como as famílias veem seu nível de consumo atual, o pior dado da lista e o único com apenas um dígito (7,1 pontos). Nada menos do que 95,3% dizem que estão comprando menos do que no ano passado, sendo que a restrição é maior entre os que recebem abaixo de dez salários mínimos (95,8%). Apenas 2,5% dizem que estão consumindo mais – com predomínio das famílias mais ricas (3,6%). Os outros 2,2% afirmaram que está tudo na mesma. 

Outro entrave significativo vem da perspectiva de consumo (17,8 pontos) e das avaliações sobre a renda familiar atual (18,6 pontos). Para 88,4%, o consumo familiar e da população como um todo deve ser menor nos próximos meses, quando comparado ao de um ano atrás. Uma parcela de 6,1% arrisca dizer que será maior e outros 5,2% avaliam que seguirá igual. Em paralelo, 85,4% dizem que a renda familiar piorou, em relação ao cenário de econômico de 12 meses antes. Só 4% viram melhora e os outros 10,6% apontaram empate. 

A percepção sobre a situação atual do emprego (46 pontos) experimentou melhora e aparece com a segunda maior pontuação da lista – mas segue no patamar de insatisfação. A maioria ainda se sente “menos segura” (60%). Os desempregados e os consumidores que não veem mudanças representam fatias respectivas de 17,1% e de 16,9%, enquanto só 6% se dizem “mais seguros”. Na perspectiva profissional (31,5 pontos), a percepção majoritária também é negativa (82,3%), em detrimento da faixa cadente de otimistas (13,8%) e dos indecisos (3,9%). O pessimismo é maior entre os que ganham menos, no primeiro caso, e não apresenta diferenças, no segundo.

A insatisfação também foi reforçada em relação à situação atual do crédito (46,9 pontos), o melhor dado da lista. Para 68%, o acesso ficou mais difícil, quando comparado ao panorama do ano passado. Apenas 14,9% dizem que ficou mais fácil e 17% apontam estabilidade. Apesar da alta mensal, o cenário não é melhor na visão do “momento para aquisição de bens duráveis” (45,6 pontos), já que 76% garantem que esta não é a melhor hora isso, só 21,6% têm opinião contrária e os 2,4% restantes não sabem. Em ambas as situações, as dificuldades e cautela são predominantes nas famílias de menor renda.

Inflação e juros

O presidente em exercício da Fecomércio AM, Aderson Frota, lamentou à reportagem do Jornal do Commercio que o índice de consumo das famílias de Manaus venha caindo mês a mês. “A situação do emprego permanece em queda. Evidentemente que essa situação reflete vários fatores. A situação de instabilidade decorre do aumento do custo financeiro, da energia elétrica, dos combustíveis. Isso tudo é agravado pela falta de navios e pelo desabastecimento que ainda existem em alguns setores”, avaliou.   

Em âmbito nacional, a sondagem mostrou que, se a preocupação com a instabilidade econômica ainda abala o consumo, a percepção do mercado de trabalho melhorou. Em texto distribuído à imprensa a economista da CNC, responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva, assinalou que os dados nacionais revelam continuação para os próximos seis meses da confiança das famílias em relação ao mercado de trabalho. “Em ambos os casos, houve melhora no perfil de respostas das famílias, elas estão mais seguras em relação aos seus empregos em curto prazo e menos negativas quanto aos seus empregos em longo prazo”, reforçou.

No mesmo texto, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, apontou que é possível identificar uma perspectiva mais favorável em relação ao consumo nos próximos meses. Mas, ressalta que chamam a atenção as quedas observadas, que são resultados da incerteza gerada pelo momento econômico. “As incertezas econômicas, com a inflação e a alta dos juros, reduzem o poder de compra. No entanto, apesar dessas dificuldades, o consumo segue avançando em relação ao ano passado”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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