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Caos total no extrativismo do Amazonas

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O extrativismo no Amazonas está um caos, é só analisar os dados divulgados e disponíveis no site da Conab (www.conab.gov.br) para chegar a essa conclusão. Escrevo desde 2003 nas páginas centenárias do nosso Jornal do Commercio sempre alertando para a péssima remuneração que o extrativista vem recebendo no interior do Amazonas no momento de negociar a produção. Vejam, abaixo, alguns números que comprovam o que tenho dito e que incomodam, mas infelizmente são ignorados pelos últimos governadores, responsáveis por esse caos econômico no Estado que tem quase metade da população vivendo na pobreza, segundo o IBGE (49,2%). Todos os produtos listados, abaixo, estão com preço de mercado abaixo do preço mínimo, ou seja, do que seria minimamente justo para a sobrevivência das famílias envolvidas com a atividade.

BORRACHA

O site da Conab registra que o seringueiro do Amazonas está recendo R$ 2,03 kg pela borracha extrativa. O preço mínimo fixado pela PGPMBio (Política de Garantia de Preços Mínimos da Sociobiodiversidade) é de R$ 5,42 kg. Portanto, é fácil concluir que o seringueiro vem recebendo R$ 3,39/kg a menos do que o preço mínimo, ou seja, R$ 3,39/kg abaixo do custo de produção. Isso é justo? Lógico que não! O que mais incomoda é saber que o governo federal já tem, desde 2009, uma política criada no governo Lula adequada à nossa realidade e com recursos financeiros disponíveis para evitar que esse extrativista receba valor abaixo do mínimo, mas que sem o esforço concentrado (prefeituras, governo estadual e ONGs), a Conab, empresa responsável em operar essa política, não consegue a abrangência necessária em nosso Estado. Para piorar o quadro, o governo estadual ainda não pagou a subvenção ao seringueiro de apenas R$ 1 kg. Além disso, a usina de beneficiamento de borracha construída com recursos da Afeam no município de Iranduba para ajudar o seringueiro está fechada. Vai ficar assim mesmo? Quem vai pagar essa conta? Até hoje, quem vem pagando essa conta é o seringueiro que não tem estrutura para beneficiar a produção. O absurdo é ainda maior quando sabemos que a indústria de pneus instalada na AM-010 vem importando borracha de outros Estados. É assim que querem manter a floresta em pé? Com as famílias vivendo na pobreza?

AÇAÍ

O preço mínimo do açaí na PGPMBio é de R$ 1,60 kg, mas o extrativista vem recebendo, segundo o site da Conab, apenas R$ 1,38 kg. Isso significa que ele vem recebendo menos do que o preço mínimo, abaixo do custo de produção o valor de R$ 0,22/kg.

BURITI

O extrativista que coleta o buriti vem recendo o valor de R$ 0,68 kg, mas o preço mínimo do governo federal é de R$ 1,16 kg. Portanto, o extrativista vem recebendo R$ 0,48/kg abaixo do valor definido na PGPMBio.

CACAU

O preço mínimo fixado pelo governo federal é de R$ 5,94 kg (amêndoa), mas o extrativista vem recebendo somente R$ 4,75 kg, ou seja, R$ 1,19/kg abaixo do valor definido na PGPMBio.

PIAÇAVA

O preço mínimo fixado pelo governo federal na PGPMBio é de R$ 2,47 kg, mas o extrativista da região do rio Negro vem recebendo apenas R$ 1,98 kg. Isso significa R$ 0,49/kg abaixo do custo de produção. Valor que tem direito a receber, mas não tem tido acesso ao longo dos anos.

ANDIROBA

O preço mínimo fixado pelo governo federal na PGPMBio é de R$ 1,60 kg, mas o extrativista vem recebendo apenas R$ 1,17 kg. Mais uma vez, abaixo do mínimo no valor de R$ 0,43/kg.
Uma total vergonha! Um silêncio inaceitável das autoridades. Até quando?

Thomaz Meirelles

Servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]
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