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Dançando, dramatizando, cantando e contando a história de Manaus

Por Lilian D Araujo 

No mundinho da cultura de Manaus só se fala e comenta sobre o espetáculo “Cabaré Chinelo”, que está em sua primeira temporada e lotando o teatro Gebes Medeiros. O sucesso do musical nos levou a buscar a inspiração que levou os artistas a contarem esta história. Descobrimos o pesquisador e historiador Narciso Freitas. Ele é o autor da pesquisa sobre Manaus e a Belle Époque que deu origem ao musical. E a história não é nada leve. Trata-se de uma rede de tráfico de mulheres que existiu na Manaus de antigamente, com tentáculos nas ruas do Centro Histórico e na sociedade da Paris dos Trópicos. Ah, e a fonte da pesquisa dele é este jornal que “vos fala”, o Jornal do Commercio e suas centenárias páginas.

Uma teia de intrigas, assassinatos, tráfico e dinheiro nas entranhas da Manaus de antigamente. Tudo está lá, estampado nas páginas do Jornal do Commercio, segundo o historiador e pesquisador Narciso Freitas. Ele garimpou histórias picantes que eram veiculados no JC e criou uma história. É esta história que o grupo Ateliê 23, botou nos palcos com o musical “Cabaré Chinelo”. A peça abriu a programação de comemoração da companhia pelos 10 anos de atividade. A ideia do grupo é lançar uma série de revisitação de trabalhos já conhecidos do público e o Cabaré é apenas o começo. Tá, mas e que começo!

A gente vê aqueles artistas incríveis cantando, dançando e atuando em cima do palco e mal pode acreditar que eles estão contando uma história importante do nosso passado. “Fala sobre alguns personagens que existiram na nossa vida e impactaram a história de Manaus. Foram meretrizes que movimentaram a região onde estava o Hotel Cassina, no Centro histórico da capital. Essas mulheres foram protagonistas e estavam bem no centro dos acontecimentos na época de ouro de Manaus; época da borracha, chamada de Belle Époque”, contou Narciso Freitas. Essas personagens são protagonistas também do musical “Cabaré Chinelo”.

Equipe do programa Trends JC recebeu o pesquisar e historiador Narciso Freitas: “Belle Époque para quem?”

No espetáculo também estão presentes as figuras principais da história real. Mas, de onde surgiu a ideia desta pesquisa? Narciso explicou que tudo começou quando ele resolveu pesquisar suas próprias raízes, em busca de antepassados judeus como sua família. “Até descobri parte da minha história, mas o que me chamou a atenção foram as notícias sobre as mulheres e aí resolvi me aprofundar. Há muitas histórias picantes em torno daquele local da alto meretrício e tudo nas páginas do Jornal do Commercio. Essa é uma pesquisa que ainda não acabou e já dura 11 anos”, explicou o historiador, que sempre foi um fã do trabalho da companhia Ateliê 23, que cria seus roteiros teatrais sempre em cima de histórias reais.

Convidado a participar do Trends JC, diretamente dos estúdios do Jornal do Commercio, Narciso conheceu o Jornal a que ele tanto lê e usa em suas pesquisas. Durante sua participação no nosso podcast, Narciso contou muitas histórias, deu nome e cara às personagens polêmicas da nossa história e contou algumas curiosidades. Acessa a entrevista na íntegra nas nossas redes (YouTube e Facebook) e no portal www.jcam.com.br.

Mas, enquanto Narciso continua tentando entender as histórias do nosso passado, a gente aproveita para curtir o espetáculo que fará sua última apresentação na próxima terça-feira, 06, nesta primeira temporada. É uma oportunidade de assistirmos a um grande espetáculo amazonense, com artistas incríveis e um roteiro impecável, e descobrir histórias novas sobre nosso passado, não é mesmo?

Ficha técnica

Taciano Soares assina a direção geral de ‘Cabaré Chinelo’, com a diretora e dramaturga argentina Jazmín García Sathicq na co-direção, e divide a dramaturgia com Eric Lima, que é responsável ainda pela direção musical e coreografia.

No elenco estão Allícia Castro, Ana Oliveira, Carol Santa Ana, Daniely Peinado, Daphne Pompeu, Eric Lima, Fernanda Seixas, Julia Kahane, Sarah Margarido, Sofia Sahakian, Taciano Soares, Thayná Liartes, Vanja Poty e Vívian Oliveira.

Cabaré Chinelo conta a história do alto meretrício ao redor do Hotel Cassina

A banda e arranjos contam com Cakito, Stivisson Menezes e Yago Reis, a assistência musical com Guilherme Bonates e Sarah Margarido, preparação vocal com Krishna Pennutt e provocação corporal com Viviane Palandi.

A produção do Ateliê 23 tem a assistência de direção de Carol Santa Ana e Eric Lima, figurino de Melissa Maia, cenografia de Juca di Souza, iluminação de Tabbatha Melo, pesquisa histórica de Narciso Freitas, apoio técnico de Titto Silva e Kelly Vanessa, assessoria de comunicação de Manuella Barros e fotografia e vídeo de Hamyle Nobre.

Ingressos

Os ingressos antecipados estão à venda por R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), pelo Sympla, no link:

https://www.sympla.com.br/evento/espetaculo-cabare-chinelo/1757383

Nos dias de apresentação, os bilhetes vão ser vendidos a R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), na entrada.

Sobre o Ateliê 23

A companhia que completa uma década em agosto de 2023 tem sede no Centro de Manaus desde março de 2015, com 17 espetáculos de teatro e dança no repertório. A partir de 2020, o Ateliê 23 se lança no audiovisual com a obra ‘Vacas Bravas [online]’ e, em 2021, com o projeto ‘A Bela é Poc’.

A principal característica do coletivo é trabalhar com histórias reais, objeto da tese de Doutorado ‘Bionarrativas Cênicas’, defendida por Taciano Soares, na Universidade Federal da Bahia.

Entre obras de sucessos de público crítica estão ‘Helena’, selecionado para a mostra a_ponte: cena do teatro universitário do Itaú Cultural e indicado ao Prêmio Brasil Musical; ‘da Silva’ e ‘Ensaio de Despedida’, indicados para o projeto Palco Giratório, do Sesc; ‘Vacas Bravas’, ‘Persona – Face Um’ e ‘A Bela é Poc’.

SERVIÇO

Evento: Estreia do espetáculo ‘Cabaré Chinelo’
Data: terça-feira, 8 de novembro de 2022
Horário: 20h
Local: Teatro Gebes Medeiros, na Avenida Eduardo Ribeiro, 937, Centro de Manaus
Ingressos antecipados: no Sympla

Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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