Pesquisar
Close this search box.

Canetas-tinteiro, um negócio que deu certo

Caneteiro. Você já ouviu falar desse tipo de trabalho? Pois foi como caneteiro que o menino Rivaldo Bandeira de Melo começou a ganhar dinheiro nas ruas de Recife, há mais de 60 anos. A função do caneteiro é abrir as canetas esferográficas, limpar algum entupimento provocado pela tinta ou consertar qualquer problema mecânico da mesma.
Nos dias atuais é difícil acreditar que alguém pudesse sobreviver com o dinheiro desse trabalho, mas naquela época as práticas canetas esferográficas, inventadas no início da década de 1940, estavam surgindo no mercado mundial em substituição às inconvenientes canetas-tinteiro e todo mundo queria ter a sua.
Em 1956, atendendo ao chamado de um irmão que morava em Manaus, Rivaldo partiu de Recife rumo à pequena cidade encravada na floresta, naquela época com uma população em torno de 150 mil pessoas.
Em Manaus, o jovem de 22 anos não perdeu tempo. Montou uma banca na rua Marquês de Santa Cruz, junto à porta do bar Carioca, um local até hoje de grande movimento de pessoas, e começou a vender canetas e, lógico, consertá-las, além de fazer gravação de nomes nas mesmas e em canecos de alumínio que também vendia.
“Meu objetivo, quando vim para cá, era trabalhar e ganhar dinheiro. Dei sorte de fazer um serviço que estava na moda. Um serviço que ninguém por aqui fazia, tanto que trabalhava 12 horas por dia, vivia com as mãos o tempo todo sujas de tinta, mas quando voltava para casa, os bolsos iam cheios de dinheiro”, lembrou.

Placa de papelão anunciava o Médico das Canetas

Com visão aguçada para os negócios, mesmo sua “empresa” não passando de uma banca na rua, ela tinha o nome afixado numa placa de papelão: Médico das Canetas. Com isso, Rivaldo foi ficando marcado pelos seus clientes enquanto se preparava para ir adiante em seus investimentos.
Com apenas um ano trabalhando na rua, o incipiente homem de negócios passou para uma portinhola, na mesma Marquês de Santa Cruz. “Era um local tão pequeno que quatro pessoas eram o suficiente para lotar o espaço, daí que permanentemente minha loja estava cheia de clientes”, brincou.
O nome Médico das Canetas, Rivaldo trouxe de uma loja de Recife, de um amigo seu, que fazia sucesso na cidade nordestina. O sucesso da loja recifense também veio para a loja na capital amazonense a qual Rivaldo dotou de vitrines e mostruários, além de diversificar os produtos. “Observei o que a loja de Recife tinha e aqui não tinha, daí ­surgiram cachimbos, ­artigos para presentes e canetas, muitas canetas, entre diversos outros ­produtos pequenos e ­baratos que as pessoas usam corriqueiramente”.

Faltava
quase tudo

A Manaus daquele período era uma cidade onde tudo faltava. “Frutas, como maçãs, pêras e uvas, chegavam contrabandeadas. A água era de vez em quando, da mesma forma a energia. Quem precisasse de energia na sua empresa, tinha que usar ­bateria, como eu, que tinha duas baterias, pesadas, mas que eu carregava no ombro levando para abastecer enquanto a outra ficava sendo utilizada. Mesmo assim, íamos levando as coisas adiante”.

Negócio aponta para o crescimento

Passaram-se uns três anos e, no início da década de 1960, Rivaldo percebeu que já poderia sair da portinhola para um espaço ainda maior e assim ele fez com a ajuda de um amigo português que lhe alugou uma área onde funcionava um bar, também na Marquês de Santa Cruz. Com a certeza de que seus negócios só tinham como destino a prosperidade, Rivaldo ousou na inauguração da nova loja, colocando propagandas nos jornais e rádios da época, únicos meios de divulgação existentes, entre eles a Rádio Baré e o Jornal do Commercio.
Na nova Médico das Canetas, o já microempresário aumentou a quantidade de produtos, inclusive sendo adquiridos de fornecedores e indústrias de fora de Manaus, e de serviços, passando a fazer chaves, plastificação de documentos e amolação de ferramentas. “Esses serviços já existiam na cidade, mas eram feitos de forma precária, na rua, de qualquer maneira. Na Méd

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar