A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou o pregão próxima do nível pré-crise financeira, ainda influenciada pela decisão do Federal Reserve (banco central dos EUA).
Da Ásia à Europa, as principais Bolsas fecharam com valorização sob influência da ação drástica da autoridade monetária americana para evitar uma recessão.
O Ibovespa, que acompanha os preços das ações mais negociadas, encerrou o pregão com ganhos de 1,06%, aos 57.264 pontos.
Trata-se da maior pontuação desde o dia 23 de julho, véspera da derrocada dos mercados ante os problemas do mercado de crédito imobiliário americano. Pela manhã, o indicador chegou a bater a pontuação de 58.079 pontos, acima do último fechamento recorde.
O volume financeiro foi bastante alto -muito acima da média do ano (R$ 4,3 bilhões)- na casa dos R$ 6,58 bilhões. Somente as ações preferenciais da Vale do Rio Doce e Petrobras movimentaram quase R$ 2 bilhões.
“Me parece que houve muita compra por investidores estrangeiros, na medida em que a Merrill Lynch soltou relatório em que recomenda esses papéis, na medida em que o Citibank recomenda essas ações em suas indicações de carteira”, avalia Emerson Lambrecht, diretor de operações da corretora Solidus.
A taxa de risco-país, o EMBI+, medida pelo banco J. P. Morgan marcou, ontem 176 pontos, com declínio de 6,38% sobre a pontuação final de terça-feira.
Redução
dos juros
Anteontem, o Fed surpreendeu boa parcela do mercado e reduziu os juros básicos da economia americana, que balizam os empréstimos para consumidores e empresas, em 0,50 ponto percentual, para 4,75% ao ano.
O afrouxamento da política monetária é positiva para os mercados emergentes, porque estimula o fluxo de recursos de investidores estrangeiros para Bolsas locais, como a Bovespa, puxando o preço das ações e derrubando o valor das taxas cambiais.
Analistas de mercado, no entanto, evitam falar em “fim da crise”. “A decisão do Fed pode ter sido puramente reativa. Ele dá informações que o problema da economia é muito grave e procurou tomar alguma medida. Isso, nós somente vamos saber com o tempo”, avalia Elson Telles, economista-chefe da corretora Concórdia. “Qual é o risco de uma recessão nos EUA? A gente sabe que ainda existe essa possibilidade”, acrescenta.
Para o economista, o mercado reagiu com muita volatilidade à redução dos juros americanos e pode ter novos solavancos se indicadores econômicos negativos surgirem. “Eu acho que nós vamos ter que monitorar com muito cuidados os próximos indicadores econômicos. E não vai ser somente os índices de preços, mas também os dados sobre mercado de trabalho, de emprego”, afirma Emerson Lambrecht, da Solidus.