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Biocombustíveis

A conquista do Urso de Berlim pelo filme “Tropa de Elite”, do cineasta José Padilha, proporcionou ao presidente Lula a oportunidade de dar um recado simples e direto ao povo brasileiro, por meio de um programa da principal emissora de ­televisão do país. Para Lula, o filme, que retrata cruamente uma das facetas da realidade das favelas e da zona sul da cidade do Rio de Janeiro, mostra que o Brasil passa por situações difíceis, sim, mas que o governo e a sociedade nacionais estão empe­nhados em fazer com que as coisas boas superem as ruins. ­Entre as coisas boas deste país que o presidente vem ressaltando estão o seu potencial para a produção de combustíveis de fontes renováveis.
Neste sentido, o Brasil passa por uma revolução silenciosa em busca de um destino que atualmente nos parece altamente promissor e que passa ao largo das atenções generalizadas da sociedade. País de extensas faixas de terras férteis, com o sol energizando as plantações o ano inteiro em praticamente todo o território nacional, com água farta e mão-de-obra competente à disposição, nada mais natural que o Brasil assumisse uma posição de liderança no desenvolvimento da tecnologia de produção dos biocombustíveis, como efetivamente vem fazendo.
A energia proveniente de combustíveis fósseis está com os dias contados. Não importa que este tipo de energia vá abastecer o mundo por mais vinte ou quarenta anos. O que importa neste momento da evolução das sociedades capitalistas é a que este recurso é finito, com tendência a se tornar uma commodity cada vez mais cara, inacessível para a maioria das nações. Este fato abre um leque de oportunidades que não pode ser desperdiçado, principalmente porque a demanda por energia ambientalmente limpa está em crescimento exponencial. Vale salientar que o combustível derivado de biomassa reduz em até 30% a emissão de elementos poluidoras da atmosfera.
O Brasil segue na frente como grande consumidor de energia proveniente de biomassa, que atinge cerca de 30% de sua matriz energética, superado apenas pelo petróleo e seus derivados, que gira em torno de 40%, segundo dados do Balanço Energético Nacional, de 2006, sendo que a porcentagem da biomassa como fonte de energia tende a crescer anualmente num ritmo que não será acompanhado pelo petróleo e seus derivados. A partir de janeiro deste ano, o País passou a adicionar 2% de biodiesel ao diesel convencional.
A cadeia produtiva do açúcar e do álcool ainda dispõe de muitas terras para a sua expansão no Brasil, principalmente em nossa região, com destaque para os Estados de Roraima e Tocantins, com terras relativamente baratas para a implantação de grandes plantações de cana-de-açúcar. Mas as regiões que tradicionalmente lidam com o setor sucroalcooleiro ainda têm muito o que expandir, inclusive expulsando algumas culturas para dar lugar à cana. Inclusive, a preocupação, em alguns Estados, é justamente a sua transformação em imensos canaviais.

O exemplo da soja
A nossa preocupação em relação à produção de biocombustíveis, oportunidade econômica que o país vem aproveitando durante as últimas três décadas, é devido ao fato de tratar-se de um produto a ser transformado em commodity que poderá colocar o Brasil como produtor de um bem de consumo que utilizará as terras e a mão-de-obra locais sem contribuir efetivamente para o desenvolvimento econômico e social, como vem acontecendo com a soja. Ao longo dos 20 últimos anos, que podem ser considerado como o período do boom da soja, nem sequer uma infra-estrutura logística adequada a este ciclo econômico o país foi capaz de oferecer, repetindo-se todos os anos longas filas de caminhões esperando a vez para desembarcar a mercadoria nos portos brasileiros.
A cultura da soja expandiu-se de maneira extraordinária por todo o território nacional, especialmente após a “domesticação” do cerrado da Região Centro-Oeste, e transformou o País no seu maior produtor devido à necessidade da Europa e dos Estados Unidos de manter seus rebanhos de

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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