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Assim na arte como na vida

Quem disse que a vida imita a arte, não estava errado. O filme “Dois Filhos de Francisco”, de 2005, inspirou personagens reais em Manaus que até agora continuam seguindo uma trilha de sucesso bem parecida com a da dupla Zezé de Camargo e Luciano.
Sebastião Gomes da Trindade é matogrossense e veio para Manaus ainda criança. Vida difícil desde a infância, sempre gostou de tocar violão, herança dos avós nordestinos. Sonhou ser tocador de viola famoso, mas não deu. Adulto, com vários filhos, teve que trabalhar duro para criá-los, então, o negócio foi investir no talento deles, e dois dos filhos, Matheus e Daniel, vieram prontos para serem artistas.
“Eu ia para o bar beber e tocar violão. Com quatro anos o Daniel começou a ir cantar comigo. Eu brincava dizendo que íamos formar uma dupla. Ele cantava tão direitinho que os clientes do bar ‘pagavam’ balas, sorvetes e biscoitos para que ele cantasse mais”, lembrou.
Quando Daniel estava com seis anos, Matheus, então com sete, aceitou formar dupla com o irmão. Um dia o diretor do colégio onde eles estudavam pediu que os alunos apresentassem shows num evento do dia das mães. A dupla se apresentou, pela primeira vez para um grande público: as mães dos alunos do colégio. O cartão de visitas da dupla era “No dia em que eu saí de casa”, de Zezé de Camargo e Luciano. Foi um sucesso. Não teve mãe que não chorasse.
Em 2008, um amigo da família falou para Sebastião inscrever Matheus e Daniel no projeto Regatão Cultural, da prefeitura, que tinha como objetivo revelar talentos escondidos nos bairros de Manaus. “No dia que cheguei lá para inscrever os meninos, as inscrições haviam acabado, mas um dos responsáveis viu o Daniel de chapelão e mandou ele cantar, e ele cantou ‘No dia em que eu saí de casa’. Na manhã seguinte me ligaram dizendo que outra dupla havia desistido e eles iam entrar no projeto”. Resultado: enfrentando 40 candidatos de toda Manaus, depois de três apresentações, Matheus e Daniel foram os vencedores. Ganharam como prêmio a gravação do primeiro CD deles, “Filhos da Amazônia”.

Cantores e compositores

A partir da gravação do primeiro CD, Matheus e Daniel continuaram a se apresentar onde quer que fossem chamados, mas agora com uma diferença: cobrando cachês. “Os meninos se apresentaram em muitos lugares sem ganhar nada, mas uma vez nos apresentamos numa feira e ganhamos peixes como pagamento”, riu Sebastião.
Apesar de Daniel, hoje com 14 anos, ser o mais extrovertido na hora de subir no palco, na hora da entrevista é Matheus, 15 anos, quem fala mais. “Hoje viajamos por todos os interiores, onde houver festas e formos contratados”, falou Matheus. Íntimos com a fama, os garotos comemoram o assédio constante das fãs e os presentes que recebem. Daniel ganhou um belo violão de um prefeito e o diretor de uma escola particular deu bolsas de estudos para os irmãos.
Nos shows eles também aproveitam para vender seus CDs. “Em 2010 lançamos o segundo CD, ‘Sintonizados 24 Horas’ e gravamos CDs promocionais. Já lançamos dois”, disse Matheus. As dificuldades financeiras a cada dia ficam mais distantes.
No sábado, mais um passo dos meninos que nasceram num casebre no Valparaíso, junto a uma plantação de cheiro verde, depois vendidos pelo pai na frente de casa (era a forma de sustento da família), e que agora estão morando num apartamento, num bairro central de Manaus. Eles sobem ao palco para lançar o terceiro CD e o primeiro DVD (Reis da Balada) e com uma novidade: algumas das composições são dos dois garotos. “São quatro minhas e duas do Daniel, além de outros compositores. No DVD terão mais onze músicas de sucesso nacional”. E os meninos continuam sonhando cada vez mais alto. “Agora o objetivo é o Sul do país, Rio e São Paulo, para conseguirmos fazer sucesso em todo o Brasil”, concluiu Matheus.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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