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Aspectos centrais sobre TI: Epílogo

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A tecnologia da informação (TI) tem se tornado tão importante e central em todas as esferas da vida humana associada que é provável que no futuro próximo se criem indicadores de desempenho individual, grupal e institucional a partir do grau de envolvimento dessa tecnologia por todos os recantos organizacionais. E isso implica em admitir a participação, direta, efetiva, participativa, colaborativa do pessoal de TI na própria geração dos resultados individuais, grupais e institucionais. No caso das organizações de ciência e tecnologia, o que se tem visto no Brasil ao longo das últimas duas décadas é a crescente participação desses profissionais formidáveis nas diversas equipes de produção de resultados, desde as atividades nas salas de aulas às ações de mapeamento ambiental de planejamento estratégico, desde os levantamentos bibliográficos em bases de dados mundiais até a própria pré-avaliação de artigos científicos para periódicos de alto impacto. Quanto mais a TI invade as atividades-fim, melhor o desempenho de todos. Este artigo tem como objetivo sintetizar a maneira de operações da TI para que as organizações se tornem excelentes.

O que estamos chamando de organizações excelentes são aquelas que cumprem com o que prometem para o governo e para os ambientes de suas inserções. No caso do governo, por exemplo, que os objetivos previstos nos projetos pedagógicos (PPC) sejam alcançados e que os objetivos e metas dos planos de desenvolvimento institucional (PDI) também o sejam. No caso dos ambientes, que os profissionais formados sejam capazes de lidar com desenvoltura e sucesso com os problemas e desafios dessas sociedades, organizações e instituições. Noutras palavras, uma organização de sucesso é aquela que faz aquilo que prometeu fazer.

Infelizmente, o que se tem visto ao longo das últimas duas décadas de avaliação do funcionamento de organizações de ciência e tecnologia pelo governo é que ainda há um número muito grande delas que não cumprem o que prometem. E, dentre aquelas que cumprem, um número alarmante fazem apenas o estritamente necessário para não se enquadrarem no estrato inferior, de não cumprimento. Poucas, mas em número crescente, conseguem ir além do normal e introduzir inovações nos seus sistemas de operações e produção que as fazem se destacar das demais. São essas as que chamamos de organizações de excelência.

O que elas têm de diferente das organizações que não são de excelência, que configuram o estrato mais baixo das avaliações governamentais? A resposta não é animadora: muita coisa. Muita coisa mesmo. Isso quer dizer que desenvolvem uma gama muito grande de atividades que convergem para a produção de seus resultados excelentes. E a cada semestre conseguem aperfeiçoar o número já elevado de atividades com novas outras, mas de forma incrivelmente menos onerosa do que o estágio anterior. É isso mesmo: quanto mais atividades desenvolvem, mais diminuem os custos de execução dessas atividades.

Se não sabemos o que essas organizações têm de diferentes, sabemos o que elas têm de igual: uma TI que funciona. Vamos entender isso. Uma organização A desenvolve uma série de atividades, centenas delas, todo semestre para produzir um resultado formidável RA, enquanto uma organização B desenvolve outra série de atividades, quase todas diferentes da organização B, também semestralmente e produz um resultado maravilhoso RB. Ainda em termos comparativos, a organização C, D, E e assim por diante desenvolvem centenas de atividades quase todas diferentes e produzem resultados diferentes, mas excelentes. Organizações de baixo desempenho fazem poucas atividades, quase sempre repetitivas e também quase sempre sem inovação semestral.

Se essas organizações magistrais são diferentes em operação, elas são, se não iguais, muito parecidas em um ponto: usam TI de forma completamente diferente das organizações de baixo desempenho. Mas isso não quer dizer que elas usam a TI de forma igual. No máximo, poderíamos dizer que a usam de forma parecida. Para forçar a igualdade, só a partir de uma análise panorâmica da atuação. Essa análise panorâmica pode ser traduzida em linguagem gerencial da seguinte forma: a TI participa diretamente na produção dos resultados operacionais, setoriais e institucionais.

Nessas instituições, o pessoal de TI não manuseia cabos de fibra ótica, não fica perdendo tempo com vírus, invasão e coisas do gênero. Eles participam da parte inteligente das organizações, prevendo, planejando, implementando, avaliando e replanejando cada detalhe da produção dos resultados desde a sala de aula até a satisfação dos usuários com cada profissional formado ou cada tecnologia encomendada pelas organizações. O pessoal de TI faz parte, por exemplo, da equipe de sustentação das investigações científicas com a análise dos sistemas e seus desempenhos para a produção tecnológica de cada laboratório ou grupo de pesquisas. Dada a sua participação efetiva nos resultados, alguns dos membros de TI têm até seus nomes dentre o rol de autores das investigações, tão decisiva foi sua contribuição para a geração do resultado que foi publicada ou da tecnologia que ali foi gerada.

Nessas organizações de excelência já está longe o tempo em que o pessoal de TI ficava trancado em uma sala a eles reservados. Há ainda a sala com máquinas e equipamentos, mas quase sempre são operados por terceirizados, por serem atividades extremamente simples diante do desafio que cérebros tão privilegiados têm que enfrentar. E têm enfrentado com sucesso nessas organizações, tanto que ajudaram a transformá-las em excelentes.

Como consequência, é triste ver pessoas com dons tão valorosos se perderem isolados na imaginação de que tudo corre bem ao seu redor. É doloroso visualizar capacidades formidáveis serem contidas pela inação, pela falta de percepção de que cada unidade organizacional tem coisas a fazer, objetivos a alcançar, produtos a entregar. A Inteligência está chegando e invadindo com muita receptividade todos os recantos organizacionais. Sem a intenção de ser profeta, um dia há de chegar essa centelha de luz a todas as organizações de ciência e tecnologia do Brasil. E só então começaremos a efetivamente construir o futuro há séculos esperado, com a ajuda do pessoal de TI…

Daniel Nascimento

É Professor e Pesquisador do Instituto Federal do Amazonas (IFAM)
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