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AMAZONAS: 97% preservado, mas 49,2% na pobreza. E agora?

Esses números mostram que tem muita coisa errada no Amazonas que precisa de urgente análise e mudança de estratégia para reverter esse quadro que considero imoral e inaceitável. O que adiantou ter o Polo Industrial de Manaus por longas décadas e ter quase metade da população na pobreza? O que adiantou preservar 97% da floresta para a saúde do planeta e ter 49,2% vivendo na pobreza em nosso Estado? O que adiantou preservar 97% da floresta e não ter soberania nem segurança alimentar e nutricional para o povo que aqui vive? O que adianta ter uma rica biodiversidade com o povo que manteve essa riqueza na pobreza? Recentemente, o IBGE disse o seguinte: “…Quando se avalia os níveis de pobreza no país por Estados e capitais, ganham destaque -sob o ponto de vista negativo -as regiões Norte e Nordeste com os maiores valores sendo observados no Maranhão (52,4% da população), Amazonas (49,2%) e Alagoas (47,4%). Em todos os casos, a pobreza tem maior incidência nos domicílios do interior do país do que nas capitais, o que está alinhado com a realidade global, onde 80% da pobreza se concentram em áreas rurais…”. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e fazem parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais 2017-SIS 2017.

Quero a floresta em pé, mas não com o povo na pobreza
O agronegócio amazonense precisa acreditar no seu potencial, ter força, união, saber impor, cobrar dos governadores e parlamentares posição, ou seja, defesa permanente para mudar essa triste realidade divulgada pelo IBGE. Já disse várias vezes, mas volto a repetir. Não estou filiado a partido político, portanto, não serei candidato nas eleições de outubro deste ano. Não quero voto, é lógico que terei meus candidatos (aqueles que defenderam, defendem e vão continuar defendendo o setor primário). Atualmente, meu desejo é apenas despertar que não podemos aceitar, passivamente, viver num Estado rico com a metade da população passando fome. Esqueçam o Polo Industrial de Manaus, só vem beneficiando poucos, e não vai longe. O caminho do Amazonas é o agronegócio de pequeno, médio e grande porte, sem desmatamento, com equilíbrio, sustentável, sem cometer os mesmos erros dos outros Estados e de países estrangeiros que vivem querendo nos ensinar o que eles não fizeram. Não precisamos de ajuda estrangeira, temos a Embrapa, localizada na AM-010, com todo o conhecimento disponível para tirar o Amazonas da miséria. Se os países estrangeiros quiserem nos ajudar sugiro que coloquem dinheiro para recuperar a Santa Casa de Misericórdia, que está abandonada, em benefício exclusivamente da população que vem doente do interior do Amazonas, pois foram estes que verdadeiramente lutaram para os 97% preservados. Que esse hospital seja modelo para atender os pescadores artesanais, extrativistas, ribeirinhos, enfim, atender a população que vem doente do interior.

Agronegócio Amazonense X Governador
Meu conceito de agronegócio é toda produção agropecuária que é comercializada, independente do tamanho. Meu parente e produtor rural do Paraná do Espírito Santo, Madson Soares da Silva, planta, consome e vende cacau, abóbora, banana, entre outros. Portanto, o Madson faz um agronegócio de pequeno porte. Ele é um agricultor familiar, mas faz parte do agronegócio parintinense, amazonense, brasileiro. Já o Grupo Maggi, da família do ministro Blairo, faz um agronegócio de grande porte. Sou contra, mas repeito, os que usam a expressão “agronegócio” somente para caracterizar os grandes cultivos. Dentro do meu conceito, os 98% de agricultores familiares do nosso Estado pertencem ao “agronegócio amazonense” de pequeno porte.

As eleições estão chegando…
Em outubro teremos novas eleições, e o agronegócio amazonense precisa cobrar um termo de compromisso dos candidatos ao governo, assembleia legislativa e bancada federal para fazer chegar aos 62 municípios a regularização fundiária, crédito rural, assistência técnica e extensão rural, escoamento (várias formas), comercialização, entre outros. Não precisamos inventar a roda, a Embrapa, junto com o Idam, já sabem o que produzir no Amazonas, e tem bilhões dos planos safras disponíveis que não estamos fazendo chegar ao agronegócio amazonense, ao bolso dos 275 mil produtores rurais desde 1999.

*é servidor público federal, administrador, especialização na gestão da informação
ao agronegócio – [email protected]

Thomaz Meirelles

Servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]
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