A Afeam (Agência de Fomento do Estado do Amazonas) espera fechar o ano com 110 mil operações de crédito para o interior do Amazonas. O anúncio ontem foi feito pelo diretor-presidente da agência, Pedro Falabella, durante o café-da-manhã de comemoração das 100 mil operações de crédito, desde que a agência iniciou as operações, em novembro de 1998. Desde então, foram injetados R$ 650 milhões em 62 municípios, beneficiando 300 mil famílias e gerando 285 mil postos. Até o fim do ano, a agência espera investir mais R$ 50 milhões em créditos no interior do Estado.
Pedro Falabella afirmou que, para o próximo ano, a Afeam pretende trabalhar principalmente com arranjos produtivos, acompanhando a produção, o escoamento e a venda de produtos agrícolas com o apoio de instituições como o Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas). “Serão atividades econômicas que sempre fizeram parte do sustento das populações da floresta. Iremos estimular a agricultura, o extrativismo, e a psicultura, com acompanhamento e orientação técnica para o mínimo de dano à natureza”, declarou Falabella.
A meta, segundo o diretor-presidente da Afeam, é investir na vocação de cada município, a exemplo de Boca do Acre (a 1.028 km de Manaus), onde a pecuária já está estabelecida. “Vamos revitalizar as pastagens em São Sebastião do Uatumã [a 245 km], investir no polo moveleiro e naval de Parintins [a 325 km], além do turismo, entre tantos outros”, anunciou.
Inadimplência elevada
O principal setor beneficiado pelos projetos da Afeam é o primário, além de comércio, serviço e turismo que também são focos da agência. Mas, o índice de dívidas pendentes ainda é um fator preocupante para a eficiência dos projetos. “A inadimplência dos beneficiados chega a 10%, mas da forma como eu calculo são quase 33%”, afirmou Falabella, sem oferecer detalhes sobre a metodologia empregada.
O dirigente, no entanto, salienta que o percentual de contratos com pagamentos atrasados está sob controle e que a meta da instituição é dar instrumentos para manter as atividades econômicas no interior. “A inadimplência acima da média não compromete nosso trabalho, pois o objetivo é fazer o dinheiro circular no interior e evitar o êxodo para a capital por falta de renda”, amenizou.
O agricultor Manoel Nunes, de Manacapuru (a 68 km de Manaus) foi o centésimo milésimo agraciado pelos financiamentos da agência, com um crédito de R$ 8.000 para a plantação de juta e malva que ele pretende ampliar. “Vou usar o dinheiro para beneficiar a terra e comprar equipamentos. Meus filhos serão os principais beneficiados, pois serão eles que herdarão a terra”, comemorou. O pagamento do empréstimo deve ser feito com parcelamento em até 144 meses (12 anos), já incluso o tempo de carência de no máximo 72 meses (seis anos).
Governador considera que alta no índice de inadimplência é irrelevante
O café-da-manhã contou com a presença do governador do Estado Omar Aziz, além de parlamentares, prefeitos, colaboradores e funcionários da Afeam. Em discurso, Omar destacou o fato de que a inadimplência desses projetos não é um fator relevante. Os créditos, segundo ele, são dados a pessoas que não possuem conta nem no ‘mercadinho da esquina’ e que colocam a canoa como garantia. De acordo com o governador, caso o pagamento não seja feito, a intenção não é tomar a canoa.
“Esses recursos são dados para que as pessoas possam ter a sua própria atividade econômica. Não estamos sendo enganados, queremos criar oportunidades para gerar renda e emprego no interior”, argumentou Omar Aziz.
O governador salientou ainda que as parcerias são fundamentais para o sucesso dos projetos da Afeam. O objetivo, segundo ele, é prover a infraestrutura básica para que as populações possam se desenvolver economicamente com o mínimo de impacto ao meio ambiente. “Nossos principais planos são de investimentos na piscicultura, que é a vocação do nosso Estado, mas a ração é cara. Então, a idéia é que o governo financie os insumos e que, por meio da ADS [Agência de Desenvolvimento Sustentável], nós possamos comprar o produto final”, declarou o governador.
A Afeam conta com o apoio e a parceria de instituições como o FMPES (Fundo de Apoio às Micro e Pequenas Empresas e ao Desenvolvimento Social do Estado do Amazonas), FTI (Fundo de Fomento ao Turismo, Infra-Estrutura, Serviço e Interiorização do Desenvolvimento do Estado do Amazonas), Idam, ADS (Agência de Desenvolvimento Sustentável) e BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Além do governador e do diretor-presidente da Afeam, estavam presentes no evento de ontem parlamentares, prefeitos do interior do Amazonas, empresários de diversos segmentos econômicos do Estado. Comparaceram também vários produtores rurais interessados em financiamentos da agência.
