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A volta por cima em solo manauara

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Quando um terrível terremoto devastou o Haiti em janeiro de 2010, o mundo inteiro ficou sabendo que o povo daquele pequeno país da América Central, há décadas vinha sendo devastado por outro mal, tão ou pior que o terremoto: a corrupção de seus políticos. Não por acaso o Haiti é um dos países mais pobres do mundo. O terremoto foi apenas a gota d’água para fazer com que milhares de haitianos deixassem seu país para trás em busca de um lugar melhor para viver.
Roodsen Myrtil tinha apenas 13 anos naquele janeiro. Viu e sentiu a destruição causada pelo terremoto, pois morava em Porto Príncipe, a capital do país, onde houve o epicentro do terremoto. “Vi muita gente indo embora da cidade. Eu quis ir, também, mas minha mãe não deixou”, contou.

Em novembro de 2016, já maior de idade, e empolgado com as informações de um amigo que morava em São Paulo e dizia ser o Brasil um país muito bom para se viver e cheio de mulheres bonitas, Roodsen não pensou duas vezes para seguir rumo ao Paraíso.

“Como a passagem para Manaus era bem mais barata que para São Paulo, comprei para cá. Depois, pensei, vou de táxi até São Paulo”, riu.

Em Manaus, bem distante de São Paulo, Roodsen durante sete meses não conseguiu emprego e foi uma mulher bonita quem o ajudou. “Conheci a Marcilene Santos, passei a viver com ela e foi ela quem deu a maior força, mais a minha mãe, lá do Haiti, para me manter em Manaus, desempregado. Foi a Marcilene quem conseguiu esse emprego para mim, na Chiquinho Sorvetes, meu primeiro emprego com carteira assinada, onde comecei como empregado, em junho de 2017 e, em menos de um ano, em abril desse ano, me tornei gerente”, contou.


O carisma do haitiano

“Desde que virou franquia, há oito anos, a Chiquinho Sorvetes se tornou a maior rede de sorveterias do Brasil. Sua sede é em São José do Rio Preto/SP e hoje a sorveteria possui 455 lojas no país, mais três nos Estados Unidos. O Roodsen foi o primeiro estrangeiro a se tornar gerente em toda a rede”, falou Wlademir Villar que, junto com a esposa Michelle Fascini, tem a franquia de duas lojas da Chiquinho em Manaus, uma no Amazonas Shopping, onde Roodsen começou como funcionário, e outra no Shopping Manaus ViaNorte, inaugurada em abril, onde o haitiano assumiu a função de gerente.

“Toda nova loja da Chiquinho que abre, o gerente precisa ir a São Paulo fazer um curso de 17 dias para conhecer os produtos e os equipamentos da empresa. Eu já havia notado o carisma do Roodsen. Por isso o escolhi para ser o novo gerente. Apesar da dificuldade que ainda tem com o português, ele consegue se comunicar facilmente com o cliente. Está sempre disposto para o trabalho, para novos desafios. Não é fácil gerenciar uma loja dessas. Tem muito trabalho para ser feito, diariamente. Mas ele aprendeu tudo rápido, e sempre correspondeu às expectativas”, falou.

Wlademir é, antes de tudo, um empreendedor. Trabalhando num escritório de advocacia, ele queria montar um negócio próprio. “Não gostava de trabalhar todo arrumadinho. Um dia vi uma Chiquinho Sorvetes na cidade de Rondonópolis, em Mato Grosso. Achei bacana. Pesquisei sobre a empresa, sobre o mercado de sorvetes e, junto com a Michelle, resolvemos encarar. Abrimos a primeira loja em junho do ano passado, a segunda em abril deste ano, e já estou em negociações para abrir a terceira”, revelou.

Enquanto isso, Roodsen resolveu ficar definitivamente no Brasil, em Manaus. “Infelizmente meu país, apesar de toda a destruição que sofreu, continua sendo roubado pelos corruptos. Não pretendo mais voltar para lá. Em Manaus, com apenas duas semanas aqui, já tinha me apaixonado pela cidade. As pessoas sempre foram muito carinhosas comigo, principalmente ‘seo’ Villar, pai do Wlademir, que me encorajou muito e ensinou a nunca desistir de ir adiante na vida”, lembrou.

O filho de Francisco
A história da Chiquinho Sorvetes começou na década de 1980, quando o seu Francisco, o Chiquinho, abriu uma modesta sorveteria na cidade de Frutal/MG para seu filho Isaias Bernardes e o sorvete produzido por ele caiu nas graças dos moradores e visitantes da cidade.
Depois de cinco anos inauguraram a primeira filial na cidade de Guaíra, interior de São Paulo e, nos anos seguintes, a rede cresceu ao ser compartilhada com familiares.

Em 1996 o sorvete tipo soft virou hit no país e a Chiquinho Sorvetes não ficou de fora dessa novidade. Logo desenvolveu uma fórmula secreta para a base do sorvete, que representa, até hoje, o grande diferencial da marca.

Em 2010, já com 80 lojas, entraram para o segmento de franchising e ganharam o Brasil com seus produtos e plano de negócios promissor. Nasceu então a CHQ Companhia de Franchising, empresa criada para gerir a marca Chiquinho Sorvetes.

A abertura da franqueadora possibilitou que a expansão do negócio passasse a ser feita de forma planejada, com estrutura completa e capacitação adequada para oferecer suporte às unidades franqueadas. Hoje seguem com a missão de transformar sonhos individuais em realizações compartilhadas.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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