9 de dezembro de 2024

Você, leitor, e Napoleão Bonaparte: qual a relação?

O título pode soar estranho, mas, à luz da História veremos que existe muita relação e importância para todos nós, brasileiros. Vamos relembrar que fomos descobertos em 1500, pelos portugueses. Muitos dizem que nosso território já era conhecido por vikings, chineses e alguns povos europeus, antes da chegada de Pedro Álvares Cabral. Enfim! Mas, a nossa real colonização iniciou-se em 1530 para fazer frente ao interesse de outros países em nossas riquezas naturais. Aliás, é assim até hoje.

Até então, Portugal enviava para cá os seus criminosos degredados. Éramos uma enorme penitenciária. Enorme e distante. Procedimento semelhante à relação da Inglaterra com a Austrália, quando da colonização daquele país na Oceania. Prosseguindo, correram os Século XV e XVI com todas as agruras contadas nos livros de História. No entanto, ao longo do Século XVII, de 1601 a 1700, foi se fortalecendo o espírito nativista dos brasileiros nascidos aqui, ou os descendentes de portugueses que viviam aqui e adoravam estas terras. E na Europa, grassavam as guerras religiosas, políticas etc.

Na verdade, o continente europeu foi, sempre, um enorme barril de pólvora. Quase igual a hoje em dia. Então, o mundo se viu às portas do Século XVIII, de 1701 a 1800, um fantástico período de crescimento social, ideias de liberdade, avanços da Ciência, e o fim da Idade Moderna, iniciada em 1453, quando o Império Turco Otomano dominou Constantinopla (atual Istambul, na Turquia, uma cidade situada parte na Europa e parte na Ásia ), e finalizada em 1789, justamente com advento da Revolução Francesa, que, de fato, ocorreu em um período complicado de 10 anos (foi nesta fase que nasceu, de certa forma, as ideias divergentes de Direita e Esquerda, em vigor até hoje).

A Revolução Francesa foi um marco histórico indescritível, pois levou os conceitos e ideias de Liberdade, Igualdade e Fraternidade a engrossar o espírito revoltoso do oprimido povo francês, culminando com a derrubada do poder dos nobres, e que pôs em risco todo o poder absolutista dos reis e imperadores das nações da Europa, pelo exemplo francês a ser seguido por seus diversos súditos.

Mas, como a História é cíclica e eterna é apenas a mudança, em 1799, por um golpe de Estado (Golpe do 18 de Brumário), lembrando que 18 de Brumário do ano VIII, corresponde a 9 de novembro de 1799 no calendário gregoriano, assume o poder Napoleão Bonaparte e governa a França com mão-de-ferro, tornando-se Imperador em 1804. Rios de tinta foram gastos escrevendo o que ocorreu na França após 1789 e a queda de Napoleão Bonaparte, em 1815. Enfim, Napoleão iniciou a política externa da França combatendo o poderio político e econômico da Inglaterra, aliada de Portugal que, por sua vez, dependia da Coroa Inglesa para sobreviver, posto que a quase totalidade do que os lusitanos consumiam no dia a dia era de origem, basicamente, inglesa.

Após a instituição do Bloqueio Continental contra a Inglaterra, D. João, Príncipe Regente  de Portugal, na época, foi ameaçado por Napoleão para aderir ao Bloqueio Continental contra a Inglaterra. Logo, a nossa Família Real em Portugal optou por não brigar com Napoleão e não contrariar a Inglaterra. Decidiram fugir para o Brasil, trazendo recursos financeiros e toda a tralha possível para iniciarem uma nova vida na Colônia, pelo menos até as coisas melhorarem na Europa. Junto com a Família Real, vieram considerável parcela dos cientistas, médicos, militares, historiadores, professores, enfim, grande parte da Ciência portuguesa veio para o Brasil.

Ora, se a Família Real estava vivendo aqui, perdemos o laço com a metrópole europeia. Portanto, de fato, deixamos de ser colônia naquele momento, mas, ainda não tínhamos liberdade alguma. Quilômetros cúbicos de papel foram  consumidos para explicar tudo o que ocorreu desde a chegada da Família Real ao Brasil. Mas, destaca-se a Abertura dos Portos às Nações Amigas. Daí, o nosso Brasil iniciou o comércio com o mundo e recebeu diversos imigrantes, e suas ideias revolucionárias europeias de Liberdade, Igualdade e Fraternidade etc. Junta-se a uma insatisfação de ser colônia à divulgação de ideias de liberdade, de pronto forma-se o cadinho de emoções que conduzem ao 7 de setembro de 1822. Nossa Independência!

Por fim, ao ler estas resumidíssimas palavras que abordam dezenas de anos de nossa História, é lícito inferir que, também, Napoleão Bonaparte tem muita responsabilidade pela nossa liberdade, o que permite que você, leitor e eu, articulista, possamos ler e escrever sem medo de sermos fuzilados ao amanhecer. E, por isso, Salve Napoleão Bonaparte!

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares

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