26 de julho de 2024
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Viva a tecnologia

Quando era criança, sonhava com invenções malucas que iriam transformar a vida. Essa transformação está acontecendo à nossa frente. Não estou falando dos automóveis e aviões que revolucionaram o transporte, nem dos computadores que mudaram para sempre a história da comunicação. Isto tudo é maravilhoso e todos os inventos úteis são constantemente aprimorados. Há quase 50 anos, Akio Morita, fundador da Sony dizia que, se a tecnologia do automóvel tivesse acompanhado a da eletrônica, um Rolls Royce deveria custar dez dólares e fazer dez mil quilômetros com um litro de combustível. E hoje, como seria?

Não é esta tecnologia que quero abordar hoje. É outra, mais silenciosa, mas cujos efeitos sentimos sempre. A tecnologia dos alimentos, desde a produção de grãos até o consumo de carnes. No campo, mais que qualquer outro lugar, a sazonalidade é aceita e toda a programação é feita por ela. Colhe-se um grão, limpa-se a terra após a colheita, para plantar outro tipo, porque não adianta repetir o plantio fora de época. Mas, isto está mudando. Ou melhor, com muitos produtos já mudou. Os produtos da horta já são colhidos o ano inteiro, com algumas variações. Podemos encontrar repolho fresco todo o ano. Batata inglesa ou portuguesa (que na verdade é peruana) existe em qualquer época. A soja, que já está sendo produzida na linha do equador, enfrenta entraves ecológicos para aumentar. 

Maçãs, que no Brasil eram produzidas em apenas três municípios (Urubici, Freiburgo e São Francisco) todos em Santa Catarina, já estão sendo plantadas e colhidas em climas mais temperados. A experiência está se estendendo até Pernambuco. O mesmo já vem acontecendo com as uvas há várias décadas. Agora a tecnologia chega ao trigo, do pão nosso de cada dia. O trigo irrigado no cerrado está ultrapassando em produtividade algumas áreas tradicionais. Já não está mais na fase do plantio experimental, porém na prática muita coisa está sendo colhida. O Brasil, grande produtor e exportador de grãos, ainda importa mais da metade do trigo que consome. Isto está mudando.

Já falamos da tecnologia na pecuária que diminui cada vez mais o tempo de vida dos animais que serão abatidos. Entre a criação antiga e a moderna, os animais são abatidos com metade da idade com ganho de peso. O que se verificou na pecuária bovina, suína e na criação de frangos, começa a beneficiar cada vez mais os criadores de peixe. Desde o início dos anos 1970 até agora, a lavoura e a pecuária passam de um processo artesanal familiar para a profissionalização, na maioria das vezes, não perdendo o caráter familiar. O produtor, semialfabetizado do século passado, deu lugar ao agrônomo e ao veterinário. Além disso, pululam especializações de muitos tipos.

É bom lembrar que o agro recebe mais ou menos atenção dependendo da política pública adotada. No entanto, há muito deixou de ser um projeto de um governo, para se tornar um projeto da nação. Pesquisas de qualquer natureza levam décadas para surtirem efeitos e na agricultura não é diferente. Não pode balançar conforme os governos. Assim como as máquinas vão sendo melhoradas, as técnicas agrícolas também passam pelo mesmo processo. Até as máquinas agrícolas passam por constantes melhorias. Hoje, percentualmente a perda de grãos na colheita é pequena, se comparada com o início da mecanização da lavoura. Espera-se que a produção de alimentos seja sempre farta e que a única preocupação do produtor seja com o clima. (Luiz Lauschner)

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