Segurança Psicológica é um conceito desenvolvido no contexto organizacional que se refere ao grau em que os membros de uma equipe se sentem confortáveis para expressar opiniões, fazer perguntas, admitir erros e propor novas ideias sem temer retaliações ou julgamentos negativos por parte de colegas ou líderes.
Em ambientes com alta segurança psicológica, as pessoas se sentem valorizadas e respeitadas, o que estimula a inovação, aprendizado e desempenho. Se este não é um dos grandes objetivos de uma liderança, ao certo já não sei o que é.
Vale salientar que a importância da segurança psicológica nas organizações é multifacetada, ou seja, variada, incluindo: Inovação – Em um ambiente seguro, os colaboradores estão mais propensos a propor ideias inovadoras, pois não temem que suas sugestões sejam rejeitadas ou ridicularizadas; Aprendizado – Erros são vistos como oportunidades de aprendizado, e não motivos para punição. Isso encoraja a experimentação e o crescimento pessoal e profissional; Engajamento e Retenção de Talentos – Colaboradores que se sentem seguros e valorizados demonstram maior satisfação no trabalho, o que reduz as taxas de turnover e Desempenho – Equipes com alta segurança psicológica tendem a superar aquelas onde o medo e a retaliação prevalecem, pois a colaboração e comunicação são mais eficazes.
Os quatro elementos da Segurança Psicológica, conforme delineados por (Eime Edimoondison) Amy Edmondson, professora da Harvard Business School e pioneira neste campo de estudo, são fundamentais para entender como construir e manter ambientes de trabalho seguros e inclusivos. Aqui está um detalhamento de cada elemento:
1. Inclusão e Pertencimento: Este elemento refere-se à sensação de que os membros da equipe são valorizados e aceitos, com suas identidades únicas. A inclusão garante que cada indivíduo se sinta parte integrante do grupo, promovendo um senso de pertencimento. Para fomentar a inclusão, é crucial promover um ambiente onde a diversidade é vista como uma força, e as diferenças individuais são celebradas.
Realizar reuniões regulares individuais e de equipe onde todos têm a oportunidade de compartilhar suas experiências, desafios e sucessos tanto no trabalho quanto na vida pessoal. O líder pode enfatizar a importância de conhecer cada membro da equipe como uma pessoa única, reconhecendo e celebrando aniversários, realizações pessoais e profissionais, e incentivando a equipe a fazer o mesmo.
2. Segurança para Aprender
Este elemento foca na percepção de que é seguro para os membros da equipe admitir o que não sabem, fazer perguntas, experimentar e cometer erros como parte do processo de aprendizado. Em ambientes onde a segurança para aprender é alta, os colaboradores sentem-se confortáveis em buscar feedback e engajar-se em diálogos construtivos para expandir seu conhecimento e habilidades.
Criar sessões regulares de aprendizado colaborativo, onde os membros da equipe são encorajados a compartilhar conhecimentos, habilidades, ou até mesmo falhas recentes de onde tiraram lições importantes. O líder pode dar o exemplo, sendo o primeiro a compartilhar uma experiência de aprendizado, especialmente uma que envolva erros e o que foi aprendido com eles, promovendo uma cultura onde aprender com os erros é valorizado.
3. Segurança para Contribuir
Refere-se à sensação de que as contribuições de cada indivíduo são valorizadas e que eles podem expressar suas ideias, opiniões e soluções sem medo de rejeição ou ridicularização. Este elemento incentiva a participação ativa e a colaboração, permitindo que a equipe se beneficie da gama completa de talentos, experiências e perspectivas de seus membros.
Implementar uma caixa de sugestões (física ou digital) onde os membros da equipe podem compartilhar ideias inovadoras, feedbacks ou preocupações anonimamente, se desejarem. Periodicamente, o líder pode revisar essas contribuições em reuniões de equipe, discutindo abertamente as ideias apresentadas, reconhecendo as contribuições e explicando como elas serão exploradas ou implementadas, incentivando assim a participação ativa de todos.
4. Segurança para Desafiar o Status Quo (Expressar)
Este aspecto da segurança psicológica permite que os membros da equipe questionem as práticas existentes, abordem problemas e proponham mudanças sem temer represálias ou julgamento. A capacidade de desafiar o status quo é essencial para a inovação e melhoria contínua, pois encoraja a equipe a buscar maneiras mais eficientes, eficazes e justas de fazer as coisas.
Estabelecer um “Dia da Inovação”, nem que seja trimestral, onde os membros da equipe são incentivados a apresentar ideias que desafiam as práticas atuais ou propõem novas soluções para problemas existentes. Durante este dia, o líder deve garantir um ambiente seguro e receptivo, onde todas as ideias são ouvidas e consideradas. O líder pode premiar a inovação, não apenas pelas ideias que são implementadas, mas também pelo ato de desafiar o status quo e pensar criativamente.
Cultivar esses quatro elementos dentro de uma equipe ou organização não só promove um ambiente onde as pessoas se sentem seguras psicologicamente, mas também estimula o engajamento, a criatividade e a excelência operacional. Líderes desempenham um papel crucial neste processo, demonstrando através de suas ações e políticas que valorizam e promovem a segurança psicológica.
Em cada um desses exemplos, é crucial que o líder demonstre autenticidade, abertura e um compromisso genuíno com a construção de uma cultura de segurança psicológica.
Ao fazer isso, os líderes não apenas promovem esses valores entre seus membros da equipe, mas também estabelecem as bases para um ambiente de trabalho mais inovador, engajado e produtivo.
Para fomentar a segurança psicológica em suas equipes, líderes podem adotar o seguinte modelo prático:
1. Estabeleça as Bases: Deixe claro que a contribuição de todos é valiosa e que o aprendizado coletivo é uma prioridade, da mesma forma que deve estabelecer normas que promovam respeito mútuo, escuta ativa e abertura para diferentes pontos de vista.
2. Encoraje a Participação: Pergunte regularmente aos membros da equipe por suas opiniões e sugestões, encoraje e celebre diferentes perspectivas e soluções alternativas para problemas.
3. Gerencie o Fracasso de Forma Construtiva: Reforce que erros são parte do processo de aprendizado e desenvolvimento. Quando erros ocorrerem, conduza análises não punitivas focadas em aprender e melhorar.
4. Modelo de Comportamento: Líderes devem praticar o que pregam, demonstrando abertura para feedback, admitindo seus próprios erros e mostrando respeito por todas as contribuições.
5. Avalie e Ajuste: Regularmente, avalie o nível de segurança psicológica da equipe e faça ajustes conforme necessário para melhorar.
Líderes que implementam práticas para fortalecer a segurança psicológica demonstram não apenas uma gestão de pessoas eficaz, mas também um compromisso com a criação de uma cultura organizacional que valoriza a inovação, aprendizado e o bem-estar de seus colaboradores.
Cintia Lima
Psicóloga, Master Coach e Mentora Organizacional @psi.cintialima [email protected]
