Três sentimentos vestiram meu espírito quando fui presenteado, na primeira semana de dezembro, com a atividade de fiscalização ambiental das instalações da Unidade Operacional Geólogo Pedro de Moura, em Urucu, município de Coari, bacia sedimentar Solimões, Amazônia brasileira.
O espírito de Segurança e Saúde Ocupacional permeou a visita desde o embarque em Manaus. Para se efetuar o check in no voo, foram realizados dois exames para Covid-19, o primeiro, o RT-PCR, com uma semana de antecedência, e o segundo, o teste rápido, na manhã do embarque.
O protocolo ainda mais rígido em tempos de pandemia, exigia preenchimento de formulário de saúde e assistir um briefing, na forma de vídeo, com informações e recomendações de comportamento durante o período de embarque no Complexo Petrolífero-Industrial de Urucu.
Voamos desde Manaus por cerca de 1 hora e 30 minutos até o aeroporto de Urucu, uma pista bem conservada no coração da floresta. No trajeto, um tapete verde de cobertura florestal resistente, entrecortada, por vezes, por “serpentes líquidas”, de espessuras diversas, quase sempre sinuosas, algumas, com pequenas praias no período vazante do ano. De tão linda a beleza, chega a ser monótona sua integralidade.
Do alto, se percebe a chegada pelo surgimento de clareiras geométricas, típicas de trabalho de homens, polígonos, coordenadas, retas e círculos.
Do Polo Arara, o fogo de uma chama que não se apaga, numa pira em forma de torre, ressalta o mais nobre empreendimento construído pela Engenharia Nacional, referência humana, consciente, sustentável, sob o comando da Petróleo Brasileiro S.A.
Para a fiscalização, vesti, pela primeira vez em minha vida, o macacão alaranjado da PETROBRAS, com a bandeira nacional. E, um segundo sentimento se apossou de mim: o do orgulho brasileiro.
Por algumas horas revesti-me da força nata do estar petroleiro, uma atividade, que, antes de tudo, não é para aventureiros, especialmente, quando se deve produzir hidrocarbonetos com sustentabilidade no mais importante bioma planetário.
O geólogo, professor e analista ambiental viveu na intimidade da alma, mesmo que por alguns momentos, o desejo de pertencimento investido na farda laranja PETROBRAS, fonte inesgotável de um nacionalismo, hoje, sabotado por ideologias e discursos de “lobo em pele de cordeiro”, no silêncio comparsa de nossas autoridades estaduais e federais, eleitas democraticamente.
Alguns dizem que o petróleo e gás natural estão representados no “amarelado aurífero” do símbolo nacional, cobiçado, commoditie lastro do sistema financeiro, dos mesmos especuladores que tiraram do “vale” todo um rio… me desculpe o trocadilho.
Fica a reflexão: talvez, nos falte a cor laranja PETROBRAS à Bandeira Nacional.
Se a PETROBRAS é patrimônio energético do Brasil, não cabe o pensamento de desinvestimento de seu bem amazônico: Urucu.
Até se entende, no olhar “tecnocrata, fazendário”, diria o saudoso Brizola, como choque de gestão, vender suas reservas da bacia sedimentar Amazonas: as jazidas de silvinita (minério de potássio) de Fazendinha e Arari no rio Madeira, licitadas em 2007 e 2008, revelaram que a Empresa assumiria o protagonismo petrolífero, e não mais, como mineradora de fertilizantes; e, suas reservas de gás natural em Silves e Itapiranga, pelo posicionamento geográfico e dimensões, guardavam dificuldades competitivas de monetarização da produção frente aos desafios e realidade dos investimentos que a PETROBRAS empreende no pré-sal.
Diferentemente, o Complexo Petrolífero-Industrial de Urucu é uma unidade em operação superavitária, e com uma grande responsabilidade social corporativa àquela região onde produz e à Amazônia.
Por dia, a Petróleo Brasileiro S.A. lucra com Urucu operando, mais de R$ 5 milhões de reais… multiplique esse valor diário pelos 365 dias do ano. Pouquíssimas atividades econômicas permitiram ao longo de sua historicidade na Amazônia, quase 33 anos, gerar riquezas, empregos, promovendo sustentabilidade.
Foi um dia exaustivo de trabalho, com visitas às plantas industriais, de tratamento de efluentes e poços tubulares, todas funcionando com regularidade ambiental.
Mas, desde a chegada, um “silêncio” diferente interferia no ecossistema industrial de Urucu. Inicialmente, parecia ser um tipo de tristeza ou luto, como se um tema estivesse sendo abafado coletivamente.
Entre um diálogo e outro, percebi uma unanimidade, o terceiro e, talvez, o mais importante dos sentimentos presente: o espírito de resistência, uma militância adormecida, expressa na frase repetida por bocas, caras e pensamentos dos vários trabalhadores petroleiros e terceirizados, filhos de Urucu, “aqui, todo mundo guarda a esperança de não vender”. (Continua)