11 de dezembro de 2024

Saliva e pólvora

Presidente Jair Bolsonaro é popularmente conhecido por seus arroubos retóricos. Do Jair parlamentar ao Jair presidente pouco mudou no modo de pensar e fazer política.

O apelo constante ao conflito político, a intransigência ideológica e a aposta na guerra cultural fazem de Bolsonaro um político único na nossa tradição republicana.

Recentemente, num discurso para seus apoiadores, o presidente comentou a falar de Joe Biden, presidente eleito dos EUA, sobre uma possível invertida norte-americana na Amazônia caso o Brasil continue a desrespeitar os acordos de proteção ambiental.

As palavras do presidente foram assertivas: “assistimos há pouco um grande candidato à chefia de estado dizer que se não apagar o fogo da Amazônia, vai levantar barreira comercial contra o Brasil” /…/. “Apenas diplomacia não dá. Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Precisa nem usar a pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo.”

A saliva e a pólvora caem bem como metáforas para entendermos a dinâmica da paz e da guerra na política internacional.

Os diplomatas são os responsáveis pela paz e pelo bom relacionamento entre as nações. Por dever de ofício, diplomatas são artífices na arte da negociação entre países; buscam estabelecer relações orgânicas e pacíficas utilizando o direito internacional como principal instrumento. Diplomatas são verdadeiros construtores da paz mundial.

A diplomacia é legitimada quando os membros da comunidade internacional a reconhecem como um bem comum capaz de evitar o conflito armado e a guerra.

Os fundamentos jurídicos e normativos das relações internacionais estão ajustados às organizações internacionais. As OIs são instâncias regionais e globais pensada para harmonização dos interesses e a efetivação de regras de alcance mundial.

Os militares, por sua vez, também são peças importantes na engrenagem das relações internacionais. Os militares são os responsáveis pela defesa contra as agressões externas e pelo restabelecimento da paz em áreas mergulhadas em conflitos armados.  

A dualidade da paz e da guerra é o enredo de toda história humana. E aí está a importância de países terem não só um corpo diplomático competente, mas também um aparato bélico a altura de sua grandeza econômica, democrática e territorial. O interesse nacional deve sobrepor-se às facções partidárias. Um lema latino jamais deve ser esquecido: Si vis pacem, para bellum (“se quer paz, prepare-se para a guerra”).

Breno Rodrigo

É cientista político e professor de política internacional do diplô MANAUS. E-mail: [email protected]

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