Bom, começo esse assunto avisando que não me sinto confortável em usar a palavra “negros” no título, diferenciando as pessoas pelo tom de pele, porém, como é essa classificação que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) usa nas pesquisas relativas às diferenças entre as raças, preciso me habituar a usá-la mesmo que me cause certo desconforto! Em minha opinião, as pessoas deveriam ser vistas e reconhecidas pelos seus talentos, comportamento e atuação e não pela cor da pele. Se me esforço em colocar todo mundo no mesmo barco, respeitando que as diferenças sejam consideradas sob outros aspectos, o ranço do preconceito respira com vigor e está longe do fim. E uma coisa é certa: brancos e negros têm salários e postos de trabalho bem diferentes. Nem preciso dizer que nessa luta de braço, os brancos geralmente levam vantagem!
Oportunidade é um (re) começo
A gente pode entender, até certo ponto, que a origem humilde da maioria dos negros pesa pro lado da injustiça social, mas não pode concordar que isso seja determinante pro resto da vida das pessoas, e mesmo que o planeta tenha dado saltos astronômicos em tantas coisas, a questão racial continua firme e forte, será?
Essa semana a discussão sobre o Programa de Trainee de 2021 da rede varejista Magazine Luiza gerou uma polêmica danada nas redes sociais, tudo porque o objetivo do programa é contratar apenas negros, oportunizando que esse pessoal tenha totais condições em avançar no mercado de trabalho, construir e desenvolver uma carreira profissional sólida numa empresa como a do porte do Magazine Luiza ou até em outras maiores. Mesmo assim, críticos rebateram dizendo que o programa é racista!
A iniciativa da empresa, mesmo elogiada por boa parte da sociedade e dos movimentos sociais foi criticada por políticos, como o deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ), que anunciou que entrará com uma representação no Ministério Público. Na visão do caríssimo senhor, o programa é excludente, já que exclui brancos, pardos, indígenas e outro tipo de raça brasileira!
Por mais espaço diversificado
Num momento de pandemia em que falamos tanto em diversidade, inclusão, união é lamentável que posicionamentos como o do deputado ainda encontrem eco na sociedade! Será difícil entender que há um recadinho por trás do programa? Tipo: olha precisamos romper o preconceito do racismo e estamos tentando fazer diferente!
Deveríamos comemorar que finalmente empresas como o Magalu, a Bayer e a Vivo, dentre outras, estão se amoldando a novas realidades e buscando trazer para seus escritórios negros que – provavelmente – não teriam outra oportunidade de ocupar espaço no mercado de trabalho iniciando numa empresa que preza pela diversificação! Essas pessoas têm plenas condições de assumir outros cargos e crescer na corporação, como qualquer outra pessoa, independentemente da cor da pele, religião, credo, cultura e sei-lá-mais-o-quê!
Vamos orar pra que um dia a gente não precise de programas como o do Magalu e que a contratação de todos seja um processo natural e inclua pessoas de todas as raças, culturas, preferências sexuais e assim por diante. No entanto, hoje, precisamos sim de iniciativas empresariais como essa para elevar o debate sobre o racismo no ambiente de trabalho e dar oportunidade de emprego pra esse grupo! Precisamos de mais ações do que de papo furado!