13 de dezembro de 2024

Petrobras e figurantes – parte 2

Mais, como anunciado no artigo anterior! Segue, colhe-se do noticiário nada remoto, senão do último biênio, que segundo auditoria interna da própria companhia, os desvios superaram 6 bilhões de reais, visto as revelações do petrolão. Ocorre, para os agentes da Lava-Jato, aquela marcante investigação, o desfalque alcançou pelo menos 20 bilhões de reais redondos.

Não bastasse, com o escândalo do petrolão, nada distante visto há pouco denunciado, tanto que ainda matizando com nuvens escuras o ocaso do novo infortúnio da nação, a estatal imergiu em uma nova crise, que também chocou o país, remarque-se, por conta dos seguidos reajustes nos preços dos combustíveis, medida parcialmente indispensável para consertar a sangria financeira do passado recente, como narrado, manobra que provocou forte descontentamento dos cidadãos, em direção ao governo. Pudera!

Sucede, como bem se recorda, a greve dos caminhoneiros, a despeito do caos que causou, ainda assim mereceu o maior apoio da população. A propósito, restou a inclinação no meio dos eleitores, de que a empresa e o Planalto popularizaram a solução de uma fatura que deveria ser quitada pelos corruptos, e não pelos consumidores. Ou seja, a cobrança mostrava-se no mínimo mal amanhada, a teor do bom senso e mesmo da legalidade.       

Tenha-se que aquela provocação popular mostrou-se tão bem sucedida a ponto de questionar uma das principais conquistas do governo de Michel Temer, ou seja exatamente a recuperação financeira da estatal. A crise eclodiu no momento em que a Petrobras reassumira a posição de empresa brasileira mais valiosa na bolsa.

Contudo, em meio a esse quadro, havia surgido a figura de Pedro Parente, respeitado executivo, promovendo a reversão de prejuízos, cortando dívidas, batendo recordes de produção e refletindo-se numa forte alta de ações da companhia. Pronto, pareceu consagrado o pensamento neoliberal debruçando-se sobre os modelos de empresas seja estatal ou privada, como citado no texto anterior, dizendo que o sucesso dos empreendimentos repousa sempre na figura do executivo que o comanda, independente do perfil operacional. A rigor a fórmula bem poderia parecer uma clamorosa obviedade. Até que sim, não houvessem implicações outras a serem abordadas linhas adiante, quem sabe noutro artigo, caso o amigo leitor tenha paciência de chegar até lá.

Retornemos a Pedro Parente, às voltas com o seu merecido sucesso. Ledo Ivo, perdão quer-se dizer ledo engano. Acontece, pois o articulista tem a ajuda do seu alter ego mas que costuma aprontar quando chega a esta dimensão daquele jeito. É que Ledo Ivo de repente impôs-se na memória deste colunista, posto que autor de obras tantas como “Ninho de Cobras”, e a reflexão sem igual em seu gênero, única mesmo, sicNa vida, precisamos sempre usar máscaras, pois ninguém nos reconheceria se nos apresentássemos de rosto nu.” Eu, hein!O conceito é do autor…

Estávamos para dizer, e o dizemos agora que as águas plácidas alcançadas pelo vitorioso executivo de uma hora para outra viu-se enfrentando uma maré contrária. Ou seja, o que costuma prevalecer é o mando na empresa estatal, não o modelo, como aliás assegura a regra neoliberal, já aludida.

Foi o que se deu, na espécie. As pressões de sempre dominaram o governo, que anunciou a redução do preço do diesel, arruinando a pregação de que a estatal (!) continuaria com a autonomia preservada. Nisso, não mais que em alguns dias as ações perderam aproximadamente um terço de seu valor. Logo, instalado o novo caos, restava eleger um culpado. Pedro Parente vaio a calhar; ninguém melhor para ter a cabeça a prêmio.

Segundo se colhe do noticiário da altura, não deu outra, eis que demissão do executivo foi exigida pelos petistas a par da esquerda turbulenta, só que em coro também com importantes lideranças da base política do governo, com destaque entre elas Eunício Oliveira (MDB-Ceará), presidente do Senado; Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Senador; e Ana Amélia, Senadora (PP-RS). Consta que mesmo Temer deu-se ao trabalho de não esconder sinais contraditórios, a expor quem sabe incômodo com a situação em curso. Ao fundo ouvia-se acordes do samba do crioulo doido. Parente se pronunciou – nem queira saber com que ênfase! – como teremos no próximo comentário. (Continua).

*Bosco Jackmonth é advogado (OAB/AM 436). Contato: [email protected]

Bosco Jackmonth

* É advogado de empresas (OAB/AM 436). Contato: [email protected]

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