Nestes tempos de pandemia mundial, onde a morte de pessoas está acontecendo com tanta facilidade e quantidade que parece perder o significado para as pessoas. Falar em seiscentas mortes em um dia aqui no Brasil, ou duas mil mortes lá pelas bandas do Tio Sam, deixou de assustar as pessoas ou mesmo fazer com que os cidadãos parassem um pouco para pensar na importância da vida.
Talvez em função deste fato, os países menos desenvolvidos como o Brasil, deixaram de implantar de maneira adequada a política de distanciamento social, o tal ISOLAMENTO, que foi provado pelo caos da China e da Itália como a única maneira de enfrentar o vírus. Quando se anda pelas ruas das cidades brasileiras e Manaus não é diferente, o que se vê é uma população completamente indiferente à pandemia e aos cuidados que são sugeridos pelas autoridades.
Enquanto isso as situações desumanas de hospitais lotados e sem condições de atender á população, leitos inadequados e profissionais mal equipados, sem condições de atender às filas que se formam à frente de hospitais, Prontos Socorros e Unidades Básicas de Saúde. A construção relâmpago de hospitais de campanha por um lado, seriam um ganho de eficácia e técnica avançada, porém acabam se tornando um fiasco de gestão quando não conseguem funcionar a plena capacidade pela falta de profissionais.
A decretação de estado de calamidade na cidade de Manaus nem precisava ser oficializada, pois socialmente já era uma realidade. O caos na saúde, no entanto estava e continua a todo momento sendo descaradamente agredido pelas atitudes de IRRESPONSABILIDADE SOCIAL de grande parte da população que insiste em não cumprir as normas de segurança, como o isolamento, o uso das máscaras e mesmo a higiene básica do álcool gel.
Depois de tanto descaminho o nosso povo finalmente vai ter de cumprir o LOCKDOWN, ou no bom português, a restrição mais dura que teve de ser pedida pela justiça já que até agora aqueles que deveriam ter tomado a frente não o fizeram: o governador ou o prefeito. Novamente a população será levada a tomar as atitudes de defesa de sua própria vida e de seus familiares, por obrigação e coação jurídica, pois a conscientização passa longe da cultura deste povo. É uma pena que tenhamos de sofrer não somente o lockdown , mas o fato do mesmo ser imposto pela falta de consciência de um povo que todo dia vê as noticias de pessoas morrendo em hospitais lotados e um sistema de saúde completamente falido.
Se já é difícil concentrar forças na luta contra uma pandemia como esta que consome não apenas um estado, um país porem o mundo inteiro como estamos acompanhando, o que estamos passando se torna bem pior. Em termos federais nosso presidente resolveu em plena crise social, desviou sua atenção dos interesses da saúde e gerou uma crise política de imensa proporção e a cada dia gera uma nova confusão da porta do Palácio do Planalto.
Em termos estaduais, a falta de gestão e o descontrole completo do nosso governo que resolveu trazer de fora uma nova secretária de saúde, que compra respiradores de importadores de vinho a preços que até agora não se justificaram, acabaram por levar a um processo de Impeachment. Será que nosso povo merece que isso aconteça nesse momento? Será que aquela fila de mortos sendo enterrados em valas comuns no cemitério do Tarumã, estão sendo respeitados quando o sistema que deveria ter sido cuidado para evitar suas mortes foi desviado por interesses outros.
Nesta hora, talvez infelizmente seja uma coisa bastante necessária a sugestão de um lockdown em Brasília para o presidente da República, fazendo com que ele se isole no seu gabinete e deixe de falar besteira ali na frente do Palácio onde a cada dia cria uma crise. O Brasil não merece passar por uma situação deste porte e o Amazonas já deveria ter uma gestão mais qualificada para trazer eficiência e eficácia ao nosso estado. Vamos esperar pra ver!
*Origenes Martins Jr é professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio
Fonte: Orígenes Martins