Sabendo como está a vida no interior do Amazonas jamais utilizaria R$ 10 MILHÕES do cofre público para bancar parte de um evento que ainda é para “estudar” e “discutir” o que pode ser feito pelo guardião da floresta. Era só resgatar as ATAS dos eventos dos últimos 20 anos que está tudo lá. Mas não, a área ambiental do Estado, mesmo sabendo como está a vida do caboclo dá aval para essa astronômica despesa é muito desumano com essa população que temos o dever de dar outra vida. Ontem, recebi a imagem de uma antena que dá acesso a internet (já conhecida, starlink) de um amigo que está bem longe da capital. Sinal perfeito, troca rápida de imagens e vídeos. Não sabia que essa pequena antena era tão eficiente. Se eu fosse, mas não sou o titular da SEMA, jamais daria aval a essa despesa para evento que deveria ser bancado 100% por países que desmataram, nunca com recursos que o estado poderia ter usado, por exemplo, para comprar essas antenas e disponibilizar aos guardiões da floresta para facilitar o acesso a informações e políticas públicas. Aliás, políticas públicas que desperdiçamos 40 milhões da sociobiodiversidade, da PGPMBio. Lembro, quando era gestor da Conab, muitos que estão lendo este texto vão lembrar, tinha um ex da SEPROR que lutava por R$ 5 milhões do PAA ESTOQUE para a “comercialização” do pirarucu de manejo. Percebi que os recursos não voltariam, não dei aval, houve revolta até do governador da época, mas disse ao presidente nacional da Conab (que depois virou meu grande amigo) que minha caneta no Amazonas não seria usada para essa liberação. Disse que ele poderia me tirar da superintendência. Felizmente me ouviu, não liberou, enviou documento ao então governador negando. O tempo passou, alguns da pesca que ainda estão na SEPROR sabem muito bem o que aconteceu. Alguns ficaram com raiva de mim, mas depois concordaram que eu tinha razão. Quem viveu esse passado de uns 10 anos sabe do que estou falando. Se eu fosse da SEMA, mas não sou, teria dito ao governador para usar os R$10 milhões para comprar essa antena, para o ZEE, mas jamais em evento que poderia ser bancado por recursos internacionais, dos Estados Unidos, França, Noruega, Reino Unido e outros. Eu sairia da secretaria se não fosse atendido, respeitaria a hierarquia, mas jamais seria contra esse povo que manteve e mantém a floresta em pé e já está passando momentos complicados com a seca que se aproxima. Veja no meu site www.thomazrural.com.br as imagens desses guerreiros carregando caixas e sacos por longos quilômetros. Ainda mais sabendo que já conhecemos O QUE ELES PRECISAM. As ATAS estão aí, já tivemos encontro regional da SOCIOBIODIVERSIDADE algum tempo atrás, foi no Studio 5. Sendo amazonense, nascido aqui, ciente dos 60% com fome, jamais usaria minha caneta contra essa população. Respeito hierarquia, mas não faria. Repito, ainda mais precisando de R$ 40 milhões para uma política ambiental chamada ZEE. O CBA precisando de R$ 12 milhões. O IDAM precisando de vários milhões. Sei que estou escrevendo ao vento, mas vivi a zona rural do Amazonas por longos anos, sei do Bolsa Floresta de miséria de R$ 50 reais por 14 anos, não posso deixar de opinar. Esse evento não poderia envolver recurso público neste momento. Faltou, mais uma vez, assessoria da área ambiental ao governador Wilson Lima.
29.08.2023Thomaz Antônio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]