26 de julho de 2024
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Historiando a história – II

Continuando. Não que tenhamos copiado tudo dos yankees. Copiamos um bocado, sim. Mas houve também de fato algumas coincidências. Por exemplo é o caso do badalado “cecê hípico” da lavra do super-herói Fantasma tido como ligadíssimo ao cheiro do cavalo Herói, deixando a noiva Narda de lado. Mais adiante quando o Presidente Figueiredo confessou gostar mais do cheiro de cavalos do que o das pessoas, isso não passou de casualidade sui general, aliás sui generis, foi batata. A propósito, se houvesse acentuado grupo de hípicocheiradores quitais, no duro a indústria de perfumaria já teria lançado o produto no mercado quem sabe com a simpática designação de “cavalodor”, “relincheiroso”ou algo do gênero.

Bom, como anunciado, historiar a história, no caso, é trazer o passado ao presente. É como se a crise militar que tem rondado o atual governo acabasse se consagrando e aí, pode contar, aconteceria tudo como já aconteceu, é só buscar os registros, não tem errada. Este que assina nesta estação de escritos semanais é apenas pesquisador, e ex- professor de história, então, a bibliografia aqui utilizada será revelada ao final desta série de artigos.  Assim é que diversamente do que sempre pregara como ideal de liberdade, a política externa americana aperfeiçoou-se em sonegar liberdade aos povos que conseguiu dominar através do poder econômico, pré-requisito do poder político. Ciaram a CIA, de tão nefasto renome. No Brasil, a interferência americana, naqueles idos, deu uma demonstração clara dessa postura internacional.

Segue, em 1964, decidiram os Estados Unidos que o presidente do Brasil deveria ser deposto em função de inúmeras atitudes que desagradavam a Casa Branca, não só pela tendência esquerdista do governo Goulart mas também, e principalmente, talvez, porque medidas desagradáveis aos investidores estrangeiros foram tomadas a partir de 29 de novembro de 1961, quando da aprovação da Lei de Remessa de Lucros.

Foi fácil fortalecer os inimigos de Goulart e, com a técnica adequada, gerar movimentos populares de protesto- tal como recentemente assistimos- tanto mais que o atabalhoado cunhado do presidente, Leonel Brizola, dava razão e facilitava tudo. Enfim, nos idos de março de 1964, a CIA e o embaixador americano Lincol Gordon, deram a missão por concluída com êxito como se sabe.

O embaixador americano ofereceu, contudo, a demonstração de um outro aspecto também presente na política externa americana, mercê, talvez de tanta auto-suficiência e ingenuidade. Deu-se que em 1966 aquele diplomata precisou avalizar perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado Norte-Americano, os propósitos heróicos, sadios e democráticos que desaguaram na Revolução de 64. Assim, já em 68 desesperadamente se viu obrigado a redigir uma carta de protesto contra o rumo que as coisas tomaram quanto à direção do poder no Brasil, rumo diferente da democracia imaginada, e note-se, ainda não havia sido editado o AI 5.

O equívoco do embaixador, fatal para o seu prestígio e para a perseguida normalização da vida efetivamente democrática no Brasil, como se queria nos idos de 64, foi não ter guardado a adequada margem de manobra antes de avalizar cegamente os propósitos revolucionários democratizantes. Não; o embaixador “foi de primeira”. Depois, quando as evidências se confirmaram Mr. Gordon ainda falava sozinho nos EUA (Continua.)  

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