26 de julho de 2024
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Férias – Parte 1

Janeiro, enfim, chegou e com ele às férias. Para muitos, janeiro é apenas o primeiro mês do ano, um mês sem muitas pretensões, um tempo que à vida passa de vagar, apenas no aguardo do carnaval, para aí sim dar início ao ano novo, mas para mim não, janeiro é tempo de viajar, de conhecer novos lugares, visitar um parente distante, ir ao cinema sem hora para voltar, perder-se em conversas com os vizinhos, com os amigos, fazer coisas que durante o ano não são possíveis devido os mil compromissos e responsabilidades que assumimos durante o ano.

Sim, sou professor e depois de passar quase um ano inteiro ministrando aula pela tela do computador e do celular, atendendo dezenas, centenas, milhares, milhões, talvez, de alunos, pais, mães e responsáveis em grupos de WhatsApp; participando de reuniões pedagógicas intermináveis pelo Zoom, Meet e\ou pelo Teams; elaborado dezenas de planos de aula; corrigindo intermináveis atividades escolares, exercícios, provas, etc., é chegada à hora de descansar um pouco, principalmente o meu bumbum, a minha coluna, e a minha visão, as três partes do meu corpo que mais sofreram com o trabalho durante o ano de 2020.

No entanto, por dever de ofício, depois de mais de vinte anos de sala de aula como professor de Filosofia e Ciências Naturais, no segmento público e privado, no Ensino Fundamental, Médio e Superior, devo confessar que tive que me reinventar para dar conta dessa nova modalidade de ensino, e não foi fácil. Assim como a maioria dos meus colegas professores desse país, formos literalmente jogados no meio da fogueira e, sem receber nenhuma formação técnica por parte dos nossos superiores, principalmente da secretaria de educação, de uma hora para outra, tivemos que nos adaptarmos, como camaleões no deserto, a fim de desenvolver um ótimo, excelente e prático trabalho frente a essa nova modalidade de ensino. Outrossim, sem entrar em pormenores, posso garantir que à educação e o ensino são apaixonantes!

Por isso, quem não é da profissão não faz ideia de como é magnífico um “conflito pedagógico”. Mesmo as aulas sendo à distância, pela tela do computador ou do celular, é possível identificar o aluno preguiçoso, aquele que não ler, que não estuda, que não se dedica. Também é possível identificar o professor estressado, vegetariano, ateu, desanimado, religioso… Eu sou um deles.

A verdade é que à educação é uma profissão que toca o coração. Tem que ser, deve ser, se não for assim não é educação. Basta observar as correntes pedagógicas que transformaram o ensino ao longo da história. Todas elas, para fazer sucesso, junto à comunidade educativa e ao alunado, tem que tocar diretamente o coração dos pais, alunos e professores. Sem coração e amor não existe educação. O coração é a parte mais sensível do ser humano, e consequentemente da educação. É impossível alguém querer ser professor (a) sem se apaixonar.

O problema é justamente este: a paixão. Muitas vezes, e certamente, à paixão cega as pessoas. Daí dizer-se que, enquanto seres apaixonados, os professores, não se dão conta da dimensão do poder de transformação do seu trabalho e muitos se perdem em falácias e demagogias pedagógicas, econômicas, sociais, políticas e religiosas. Infelizmente, quem segue esse caminho acaba contribuindo para o distanciamento da comunidade, dos pais e dos alunos da escola, bem como para o assassinato da educação.

A linguagem da educação se torna morta quando não há o envolvimento de todos na resolução dos problemas do educando. A escola deve ser um local de acolhida da comunidade, um local de aprendizagem. Quando se tarda o aprendizado, tanto da comunidade, quanto do aluno e do professor (a), – aprendemos todos -, a experiência ensina que há processos pedagógicos que precisam ser mudados. No entanto, nunca se fecha uma porta para novas aprendizagens, para novos conhecimentos. Em certos casos de maior urgência, como nos conflitos e violência escolar, medidas como transferência e\ou expulsão do aluno e do profissional de educação são necessárias.

Por esses e por outros motivos, janeiro é o mês tão esperado por mim e, garanto, por todos os meus colegas, companheiros e amigos de profissão. Diga aí, quem não gosta de tirar férias? Pois bem, janeiro é o mês das férias dos professores, o mês das minhas férias, o mês do ano tão esperado por mim! Eita mês bom! O melhor mês do ano! Mas você sabe dizer o que faz um professor (a) de férias? Não? Então aguarde o meu próximo texto que eu vou lhe dizer!

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