Tenho sempre dito que no lugar da ponte sobre o rio Negro e da Arena da Amazônia (deveria ser Arena do Amazonas) era para termos usados os recursos financeiros disponíveis para recuperar os mais de 5 mil km de ramais e vicinais dos 62 municípios do Amazonas que não estão em boas condições faz muito tempo. No meu entendimento, era a maior prioridade, pois além de escoar a produção agropecuária, ajudaria na educação, saúde e segurança. Reconheço a importância da ponte para alguns municípios, mas era pra ter sido feita no encontro das águas, ali na chamada Ceasa, para ligar com a BR-319 que todos os governos prometeram asfaltar (FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro), mas até agora quem utiliza essa BR está comendo poeira e barro. Todos prometem, mas não cumprem. Até ministro dos Transportes já tivemos, mesmo não sendo amazonense. E quem trava o asfaltamento dessa BR em breve estará fazendo selfie no trem bala que vai ligar Miami até Orlando. Lá fora pode tudo, aqui não pode nada. Podem anotar! Quanto à arena, o nome deveria ser Amazonas, e não Amazônia, para começar a mostrar ao Brasil e ao mundo que existe diferença nessas palavras. Fiquei 20 dias no Rio de Janeiro, e cinco em Recife, nenhum motorista de uber ou táxi soube diferenciar Amazonas da Amazônia. E quando pergunto o que eles sabem daqui a resposta é “desmatamento”, que não pode desmatar porque eles vão ficar sem oxigênio. Enfim, “engolimos” a ponte e a arena sem qualquer ponderação, deixando de lado ações mais estratégicas para a soberania e segurança alimentar e nutricional do nosso povo. Abaixo, tem depoimento de leitor do meu blog, Antonio Arruda, que concordo plenamente. Batemos palma para a ponte e a arena, esquecemos os nossos irmãos que estão no interior isolados com ramais e vicinais em condições precárias. Bastava ter um eficiente serviço de balsa que não precisava da ponte. Não o serviço que era prestado, onde esperávamos horas. Com 10% do que foi investido na ponte teríamos essa balsa num vai e vem rápido e prazeroso, aproveitando nossas riquezas naturais. O Sistema Sepror, atualmente no comando do amigo Petrucio Magalhães, juntamente com sua equipe, e aval do governador, criou e implementou o programa SOS Vicinais. É lógico que é impossível resolver o problema de todos os ramais e vicinais que estão impedidos de trafegar, mas em pouco tempo, investiu R$ 19 milhões, já beneficiou 14.500 famílias, chegando a 29 municípios, e tem no cronograma atingir mais 25. Uma boa iniciativa que deve ser permanente, aumentando o volume de recursos, inclusive através de emendas parlamentares. Como dito acima, nada é mais importante do que garantir a nossa soberania e segurança alimentar e nutricional, conhecida como “SAN”. Recuperar ramais e vicinais tem esse objetivo.
Opinião leitor Antonio Arruda
“…Realmente, prevaleceu o jogo político para resultado imediato, enquanto o social vinculado a políticas públicas foi deixado de lado; hoje, Arena está praticamente abandonada, com o mato invadindo os espaços internos de circulação e até adentrando pelas paredes, ponte tirou ganha-pão de centenas de famílias, sem falar nas influências sociais indesejadas proporcionadas pela facilidade de circulação; enquanto as estradas, ramais e vicinais ficaram totalmente no esquecimento, todo o Estado; agricultura familiar e educação na área rural não faziam parte dos programas de governo…”
12.07.2022
Thomaz Antonio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]