A Febrafite, Federação que congrega nacionalmente as Associações de fiscais de tributos estaduais, divulgou nesta quarta nota de repúdio assinada pelo presidente Rodrigo Spada contra a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, divulgada na mídia na manhã desta terça contra os servidores públicos, com o teor “Precisamos que o funcionalismo público mostre que está com o Brasil, que vai fazer um sacrifício pelo Brasil, não vai ficar em casa, trancado com geladeira cheia, assistindo à crise, enquanto milhões de brasileiros estão perdendo emprego”.
É mais uma declaração infeliz de uma autoridade que teria a obrigação, neste momento gravíssimo, de unir forças em torno do inimigo comum a todos, o Covid-19, principalmente porque são os servidores públicos que estão na linha de frente desse enfrentamento, como disse Rudinei Marques, presidente do Fonacate.
Temos os servidores do SUS, da assistência social, da área da segurança pública, pesquisadores, médicos, enfermeiros, além dos que estão na retaguarda como os servidores da Receita Federal e Fazendas Estaduais em portos e aeroportos desembaraçando insumos e equipamentos que irão ajudar nessa crise, são os diplomatas tentando repatriar milhares de brasileiros que estão no exterior e tantos outros companheiros anônimos.
São muitas áreas em plena atividade, onde os servidores estão entregando o melhor de si, que foi aquilo que propuseram a entregar quando entraram no serviço público, ao contrário do ministro da Economia que não está entregando ao Brasil o que tanto esperamos: em 2019 entregou um PIB de 1,1%, e a economia brasileira mostra que o nosso contingente de 53 milhões de trabalhadores está na informalidade, no desalento e no desemprego.
A nota repudia veementemente os constantes e reiterados ataques que o banqueiro, ora ministro, tem desferido em desfavor dos servidores públicos brasileiros. Após denominá-los de “parasitas”, não satisfeito e de forma despropositada e provocativa, volta a insultar essa legião de trabalhadores, ao dizer que “o funcionário público não vai ficar em casa trancado com geladeira cheia e assistindo a crise, enquanto milhões de brasileiros estão perdendo emprego”.
Vê-se, claramente, que a preocupação do ministro não é com o emprego do brasileiro. Em vez de se preocupar em encher a geladeira dos brasileiros vulneráveis, pretende esvaziar a geladeira, supostamente cheia da classe média brasileira. Exterioriza ainda, de antemão, a sua intenção de estabelecer um não reajuste salarial para os servidores nos anos de 2020 e 2021.
A Federação, representante de servidores públicos incumbidos de arrecadar tributos e assim criar condições para que os gestores públicos, em regra, agentes políticos, promovam uma distribuição de rendas justa e uma qualidade de vida para o povo brasileiro condizente com os recursos auferidos, neste momento, faz essa breve pausa para rechaçar as palavras proferidas pelo insensível agente político.
Mas a Febrafite não perde tempo e já redireciona a sua força de realização para cumprir o imperioso trabalho de apresentar um conjunto de ações para que o Estado brasileiro arrecade mais e melhor, para que o tributo cumpra sua função ora urgente de prover hospitais e unidades de saúde de recursos tão necessários ao combate da Covid-19 e de oferecer segurança alimentar às famílias carentes.
E afirma que não medirá esforços em favor da saúde, do emprego e da “geladeira” do povo brasileiro. Os servidores públicos dos fiscos brasileiros seguem enfileirados e motivados nessa luta para superar a crise ocasionada pelo novo coronavírus. Apesar do Senhor Guedes!
*Augusto Bernardo Cecílio é auditor fiscal e professor.
Fonte: Augusto Bernardo