27 de julho de 2024
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Dizer NÃO à agricultura e pecuária no Amazonas é deixar milhares na pobreza

Defender a biotecnologia como alternativa econômica para o Amazonas pode até ser um bom caminho pra mim, que estou aposentado, tenho minha previdência pública e privada, ou seja, posso até esperar mais 50 anos de Zona Franca de Manaus para esse “novo” modelo gerar emprego e renda no interior.

Mas para os quase 50% de amazonenses que vivem na pobreza (dados do IBGE) certamente essa não é a melhor nem a mais rápida opção para tirar essa população dessa incômoda situação, portanto, esse caminho é injusto com o povo que preservou 97% da floresta. É um desrespeito com essa gente. É dizer para esperar mais 50 anos de modelo ZFM/PIM para você ter direito a se alimentar bem, ter saúde e educação.

Num país que é destaque mundial na produção de alimentos, e que tem uma Embrapa repleta de excelentes pesquisadores e de tecnologias sustentáveis, com reconhecimento internacional, é uma péssima estratégia defender a intocabilidade da floresta para manter o atual modelo econômico, os incentivos fiscais.

Continua lendo na imprensa o surgimento de mais “estudos” sobre o Amazonas. Já chega desses “estudos”.  Não precisamos de mais “estudos” sobre o Amazonas preservado (97%), precisamos de ação, precisamos saber a razão do governo federal ter disponibilizado 15 milhões para o extrativista, e no Amazonas, ONG´s e governo federal, não colocaram nem 50 mil reais desses 15 milhões no bolso do extrativista. Estou falando de milhões com possibilidade de injeção direta na economia do interior, do extrativista. Uma vergonha, que merecia até CPI na ALEAM para saber as razões desse descaso com essa população de indígenas, ribeirinhos, piaçaveiros, quilombolas, pescadores artesanais que trabalham com o extrativismo animal e vegetal em nosso estado. Isso sim é urgente! Isso sim precisa de cobrança parlamentar! Estou falando de uma política (PGPMBio) para o povo da floresta que já existe, que tem recurso financeiro e que não vem chegando a quem de direito. Portanto, é um gravíssimo erro defender a biotecnologia negando a possibilidade do produtor rural continuar cultivando e criando animais para comer, vender e gerar emprego e renda.  Isso eu não aceito, não é esse o melhor caminho para os 350 mil produtores rurais do estado, muito menos para quem não tem o que comer no dia de hoje.

Defender a biotecnologia negando ao produtor rural do Amazonas o direito para fazer agricultura e pecuária é ignorar, é esquecer que temos um CBA – Centro de Biotecnologia da Amazônia há 18 anos sem funcionar adequadamente. Esse descaso é uma grande falta de respeito com o povo do interior, com quem preservou a floresta, mas que está sem dinheiro no bolso, que sequer conseguem sair da sua comunidade para conhecer a capital do estado, ter direito a um cafezinho nos shoppings de Manaus. Enquanto essa realidade não muda, alguns “defensores da floresta” vivem dentro de um avião conhecendo as belezas do Brasil e do mundo, vendendo uma imagem que não traduz os 97% preservado do nosso estado, e que não conseguem, nem se esforçam para fazer andar no Amazonas o Pronaf Agroecologia, Pronaf Floresta e o Pronaf ECO.

A Embrapa já tem estudo suficiente para mostrar que temos todas as condições de fazer agricultura e pecuária em nosso estado. Não é preciso “novos” estudos…é só visitar a Embrapa, e colocar em prática as políticas que já existem e que estamos desperdiçando.

Em síntese, reconheço a importância do modelo econômico do PIM/ZFM, sem ele posso imaginar o caos que seria no Amazonas, também entendo que a biotecnologia é um caminho, mas sem abrir mão da agricultura e da pecuária sustentáveis. E o discurso da intocabilidade da floresta é a pior das estratégias para as futuras gerações.

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