Nilson Pimentel (*)
Não se pode esconder o nível de pobreza que grassa no Amazonas e na área Metropolitana de Manaus, a Capital da Zona Franca, entra governo sai governo e nada muda, nada fazem, mesmo a despeito da propaganda governamental divulgando o que a realidade teima em demonstrar o contrário, em peças publicitárias de governo e da prefeitura, revelam o abandono sentido por aqueles que vivem longe das oportunidades mostradas. Como afirmam os economistas pesquisadores do CEA (Clube de Economia da Amazônia) a pobreza sempre existiu, entretanto hoje ela tomou dimensões quantitativas e qualitativas que nos fazem rever nossas práticas acadêmicas, de gestão pública, de cidadania e de religiosidade. Quando me iniciei nas Ciências Econômicas aprendi que não há fenômenos econômicos, mas aspectos econômicos no fenômeno social e a pretensão de objetividade nos leva a destacar os aspectos econômicos na vida humana em seu contexto político e social, de onde advém os problemas, os quais se discutem nos termos econômicos. Para tratar das questões do Desenvolvimento Econômico Regional há de se combater fortemente a falácia que a dita justiça social seja resultante do desenvolvimento econômico. E no Amazonas e na Região Metropolitana da cidade-estado Manaus com todas as ditas benesses da ZFM/Polo Industrial de Manaus, a pobreza tem se tornado um problema grave socioeconomicamente tratando, se torna incomodável, principalmente agravado nesse pós-pandemia, mais que as desigualdades sociais regionais. Mesmo, ressalta-se que o Amazonas possui recursos naturais privilegiados econômicos potencialmente, ainda assim, existem pessoas que passam fome. Dentro de uma Amazônia polarizada mundialmente, notadamente por questões do desmatamento e causas climáticas e, demais graves problemas. Sem embargo de outras abordagens e conotações ideológicas, a pobreza sempre existiu e vai continuar existindo, pois existem pobres aqui e no mundo todo. Como costuma afirmar o pessoal do CEA é quase impossível esperar que uma sociedade como essa, marcada por privilégios, desigual, autoritária e arbitraria possa construir cidades diferentes dessas características que temos pelo Brasil e por aqui na Amazônia não é diferente. Desse modo, se pode constatar nos diversos espaços urbanos, não o caos, mas algo como desgovernança frente aos graves problemas observados e constatados, nos parecendo que o sistema implantado seja pautado nas desigualdades econômicas, sociais e políticas. Acredita-se que o orçamento anual deva abarcar todos os habitantes cidadãos, e não com o diz a ministra do planejamento, “a pedido do presidente temos que incluir os pobres no orçamento” não é nada disso. Vale lembrar, ministra, que as mudanças de grande impacto como a reforma da Previdência e outras no campo trabalhista, como nas políticas de abono salarial e seguro-desemprego, já foram feitas, e não há mais “bala de prata”. Daqui pra frente esse governo deve acelerar as ações de governo para entregar à sociedade projetos que melhore as condições de vida do povo, e as regras do “bolsa família” ou do “arcabouço” não retirará das condições de pobreza que o povo vive e, ainda prejudicam o mercado formal do emprego. Também, aprendi que o conceito de crescimento é diametralmente diferente de desenvolvimento, sendo o crescimento um instrumental do desenvolvimento que é o fim. Como se pode constatar, o desenvolvimento representa muito mais do que crescimento da economia e, muito mais do que podem representar as medidas quantitativas do rendimento, do emprego e das desigualdades. Então governantes, o Amazonas e Manaus precisa sair ou suplantar a condição de pobreza crescente que aqui se instalou, só não vê quem não quer, não é mesmos políticos? Então, se existem dilemas, governantes, se são muitos e variados, está na hora de impor reflexões críticas com tomadas decisões. Pois a todos, à sociedade amazonense, espera essa preocupação explícita dos governantes com o desenvolvimento desse Estado. A crítica se faz justa, uma vez que se passaram 57 anos do projeto ZFM/PIM e ainda se busca algumas soluções dos mesmos problemas, em épocas do passado recente, mas nada acontece. Já se insistiu bastante na ideia do rendimento mais elevado na concentração das atividades na capital, mas e o interior, como fica? E pra quem esse rendimento? Como se trouxesse consigo menos pobreza, melhorias na saúde, na educação, na habitação e na segurança, etc, etc, etc. E a sustentabilidade ambiental que tanto se confabula sobre tal condicionante das atividades econômicas em Manaus? Como fica se a pobreza aumentar mais. Como é de meu metier, defendo que o desenvolvimento serve para as pessoas e as pessoas onde estão?, Não há desenvolvimento que não seja desenvolvimento regional. Não me furtando em declarar, como defendia Keynes, os economistas devem ser “guardiões das possibilidades da sociedade civilizada”, e essa responsabilidade, nenhum de nós, economistas ou não, mas cidadãos responsáveis, pode se alijar.(*) Economista, Engenheiro, Administrador, Mestre em Economia, Doutor em Economia, Pesquisador Sênior, Consultor Empresarial e Professor Universitário: [email protected]