Atravessamos uma fase passageira em nossas vidas marcada de forma dolorosa por uma pandemia de incalculáveis prejuízos. A arte de bem viver dentro de nossas possibilidades se depara agora com um quadro inesperado e de incalculáveis mazelas, todas ferindo-nos e alterando nossa rotina diária desde o mais humilde dos seres humanos até os mais abastados. A igualdade de conduta impõe a todos a igualdade de procedimentos; onde uns são mais responsáveis e outros mais abusados; notadamente após quase 60 dias de uso de máscaras e de um isolamento social de graves proporções, até porque cada um sabe onde lhe aperta o sapato. A arte de bem viver hoje se limita a obedecer e cumprir regras, dentro de um contexto onde o número de mortos cresce semanalmente, independentemente de se apurar a culpa quase sempre da incompetência dos gestores, notadamente dos Srs. Governadores e Prefeitos; muitos a demonstrarem sua avidez mórbida em atacar os cofres da União Federal. É inacreditável como a vaidade de certos governadores consegue superar a própria mediocridade de seus comportamentos. Afinal, o vírus revelara a fragilidade de todos nós; mas imaginar que um dia iria escancarar a intimidade e o autoritarismo de vários governadores seria um sonho hoje presente em nosso cotidiano. Estes governadores do mal que já enterraram suas carreiras políticas, tentam agora viabilizar uma abertura com a adoção do isolamento vertical e o restabelecimento de certas medidas que visam a retomada de parte das atividades na área economica; uma vez que o maior risco que está para chegar é o da FOME.
Independentemente da adoção de quaisquer medidas que ainda venham a ser promulgadas o mundo passará por sua pior crise social, onde o desemprego e a pobreza crescerão. E, no que diz respeito ao Brasil a economia retrairá 5,2%, conforme estudo da CEPAL. Destarte, politizar essa situação é própria daqueles que não engolem o resultado das urnas, dentre eles, os lulopetistas e a parte da mídia manipuladora dos incautos, dos miseráveis e dos habitantes de currais eleitorais que sempre tiveram a boa-fé ilaqueada.
Hoje, o momento é de reflexão para se encarar o realismo e os desafios que o COVID-19 nos traz. É de se reconhecer o trabalho da ciência, mas os governantes não podem mais separar a epidemia da crise econômica numa sociedade global, onde “a cooperação se sobrepõe aos interesses comerciais nacionalistas ou até concorrentes”, como afirmara o professor e filósofo Harari. Enfrentar a pandemia diante das desigualdades sociais é o desafio de cada presidente, mas considerá-la à luz da economia exigirá seriedade, tranquilidade e estudos sobre cada cenário, para que as decisões sejam sólidas e frutíferas perante um futuro ainda incerto. Não podemos ter mais mortos de fome do que vítimas do Coronavírus, muito mais falidos do que falecidos; nem esperar que latrocínios e assassinatos ocorram em plena luz do dia.
*José Alfredo Ferreira de Andrade é escritor e ex-Conselheiro Federal da OAB/AM nos Triênios 2001/2003 e 2007/2009 – OAB/AM A-29
Fonte: Alfredo Andrade