9 de dezembro de 2024

Choque de moralidade

Quase toda semana, quando não acontece diariamente, somos bombardeados com as notícias sobre as OPERAÇÕES DA POLÍCIA FEDERAL. Algumas como a “Operação Narcos”, ou a “Operação Calvário”, “operação Mercadores do Caos”, “Operação Placebo”, são alguns exemplos dos títulos dados a estas atividades que os policiais escolhem de acordo com o tipo de crime que está sendo investigado.

Quando surgiu a Operação Lavajato que na verdade era uma simples investigação de um crime de tráfico de drogas, houve uma verdadeira revolução tanto na maneira da população encarar os crimes quanto em parte do judiciário entender seu papel em relação aos mesmos. Logo esta operação tomou corpo e conseguiu decifrar crimes de “gente grande”, conseguindo resultados que o Supremo Tribunal Federal jamais conseguira. Pela primeira vez na história deste país sem lei decente, um ex-presidente foi preso e colocado de cara lavada perante a opinião pública.

O Brasil passou a ter todos os instrumentos para conseguir até mesmo exterminar o grande mal social que sempre estragou todos os esforços para se construir um país decente: a corrupção. A partir do momento em que a lei começou a atingir os grandes e poderosos, se iniciou um processo de mudança nas leis e uma campanha de extermínio da Operação Lavajato. As oligarquias mais uma vez mostravam sua força nesta sociedade acostumada com as manias coloniais.

A constituição de 1988, que se propunha inicialmente a ser a grande força popular e democrática, terminou sendo uma colcha de retalhos voltada a atender aos interesses de um grupo revanchista e radical, interessado unicamente na manutenção do poder a qualquer custo. Criou-se uma série de formatos comportamentais, entre eles o “politicamente correto” e a sociedade brasileira foi contaminada pela ideia de uma suposta mudança social moderna. Enquanto isso a elite política e econômica que dominava o país simplesmente praticava um dos maiores processos de empoderamento da máquina estatal brasileira.

Enquanto isso um acordo político entre nosso presidente da época e mais dois presidentes de republiquetas comunistas sugou quase tudo o que conseguimos conquistar com os oito anos de sucesso do Plano Real, que Pérsio Arida, Pedro Malan e André Lara Rezende com tanta competência implementaram em nosso país. O sucesso deu lugar ao fracasso financeiro, econômico, político e moral.

O Roubo passou a ser uma constante, senão uma realidade comum nas atividades públicas, como ficou comprovado com a Lavajato e com as operações que atualmente a Polícia federal e até mesmo as polícias estaduais e os Ministérios Públicos Estaduais estão deflagrando. Ontem fiquei completamente atônito quando recebi a notícia de uma operação que estava em ação para prender e fazer apreensões de material de uma quadrilha que estava ROUBANDO DINHEIRO DE CAIXÕES. Parece absurdo, mas até mesmo os caixões funerários, de um programa voltado aos funerais de famílias de baixa renda, foram utilizados para ganhos ilícitos.

Estamos precisando, em nosso país, de um CHOQUE DE MORALIDADE, uma vacina contra o vírus da FALTA DE VERGONHA NA CARA, pois a corrupção no serviço público virou pandemia e não escolhe área nem patamar social. Ficamos à mercê de uma filosofia de trabalho que vem há décadas sendo alimentada pela estrutura que já descrevi aqui e por um sistema judiciário que deveria trabalhar para coibir estes abusos, porém muitas vezes É CUMPLICE.

O pior de tudo é que cada vez mais os desvarios desta raça, vão sendo incorporados nas leis do país e passamos a ter uma estrutura viciada e capenga, onde quase metade do nosso PIB é utilizado em despesas administrativas, principalmente Folhas de pagamento. As Elites funcionais continuam levando o dinheiro suado do nosso povo e não gostam quando se mostra a realidade. Por favor, tenham vergonha na cara quando receberem quase R$ 150.000,00 e ao seu lado estiverem os brasileiros que, quando tem a sorte de trabalhar, recebem o mísero salário mínimo.

Orígenes Martins

É professor, economista, mestre em engenharia da produção, consultor econômico da empresa Sinérgio

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