26 de julho de 2024
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Censura ‘do bem’ é uma ova

Vivemos em tempos tenebrosos, não resta dúvida. Uma grande sombra mancha o horizonte das grandes convicções da humanidade. Valores de outros tempos vão sendo dissipados. Como preconizou o grande profeta do caos: tudo que é sólido se dissolve no ar. 

A globalização digital deste planeta tem ajudado a potencializar esse turbilhão. Valores até pouco tempo incontestáveis vão sendo relativizados numa perspectiva tendenciosa: mas é “do bem”. Assim vemos censura “do bem”, ditadura “do bem”, revolta “do bem”, condenação sumária “do bem”, cancelamento “do bem” e violência “do bem”. 

O tribunal da internet e o reinado dos monopolistas das redes sociais são a mais cristalina demonstração desse estado das coisas no mundo atual. Muitos assistem com indisfarçável alegria os rotineiros abusos perpetrados pelos magnatas da internet como se eles fossem baluartes da voz uníssona da sociedade e tivessem liberdade total para decidir o que deve ser silenciado para não causar ruído à Grande Voz. 

O mais incrível é que muitos intelectuais, pensadores e gente esclarecida fazem um vergonhoso silêncio enxergando apenas a “finalidade” deste tipo de iniciativa, desprezando os “meios” para conseguir crescer essa Grande Voz. Acredito que muito dessa atitude tem a ver com as feridas das recentes eleições que catapultaram lideranças políticas com viés conservador.

Do alto de seu trono digital, os senhores Mark Zuckerberg, do Facebook, e Jack Dorsey, do Twitter, tomam atitudes dignas dos ditadores que encheram de sangue a história da humanidade com seus brutais genocídios. O genocídio em curso é de ideias, pensamentos e ideologias que vão contra a turma da lacração. Tudo amarrado de um jeito que faz parecer como se eles tivessem fazendo um grande “bem” à humanidade. Mais uma vez esse “bem” serve de justificativa. 

O mesmo Twitter que cancelou o então presidente Trump também busca silenciar o governo brasileiro nas afirmações sobre recomendações para o tratamento precoce da Covid-19. Um abuso à soberania nacional que apenas utiliza um “meio de comunicação” para difundir informações úteis à sociedade. Mas, infelizmente, as redes sociais não se consideram mais apenas “um meio”. Elas agem como se fossem um fim em si mesmas, confiando na força de sua presença digital para usurpar atribuições que a sociedade não lhes confiou.

Neste texto não pretendo entrar na questão das recomendações para o tratamento precoce da Covid-19. Esta não é a reflexão principal aqui. Sobre essa questão, eu fico com as respostas dos médicos (a maioria e não apenas um ou dois escolhidos a dedo para referendar uma convicção) no protocolo adotado com pacientes da sua própria família. 

O objetivo aqui é questionar o peso do tipo de posicionamento absolutamente ditatorial dos magnatas das redes sociais que se travestem de descolados para cometer abusos à liberdade de expressão e, pior, interferir na soberania de uma nação que escolhe democraticamente seus representantes. 

Por força de valores construídos durante toda a minha vida não compactuo com o cerceamento do direito à liberdade de expressão. Em razão disso, fico intimamente constrangido até mesmo em cancelar amizade nas redes sociais com pessoas que pensam completamente diferente de mim. Não ficaria satisfeito em ver essas pessoas perderem o direito de se expressar com liberdade. Não há razão para justificar a quebra desse direito fundamental. 

Eu mesmo senti na pele a mão pesada dos “padrões da comunidade” do Facebook a impedir de difundir minhas ideias pela rede social. Que mais pessoas possam se indignar com isso e parar de lavar as mãos para os abusos cometidos diariamente nas chamadas redes sociais. Concordando ou não com o que eu digo. 

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