Em quarenta anos, a atividade agrícola foi multiplicada por quatro, no Brasil. A colheita de grãos foi maior ainda. Mal passávamos de 50 milhões no início dos anos 1980 e no ano que passou festejamos mais de 250 milhões de toneladas colhidas. E o crescimento não parou. Outro fator positivo é que houve um crescimento muito grande também nos produtos com valor agregado. Se a produção de gado aumentou de duas para oito milhões de toneladas ano, a de suínos meio milhão para quatro milhões de toneladas, um formidável aumento de 800%. Contudo o recorde fica para o frango que subiu de 500 mil toneladas para quase 15 milhões. Sua produção se viu multiplicada por 30. Produtos in natura também tiveram crescimento expressivo, como banana, laranja e cana de açúcar.
Em todos os casos, o maior motivo de festa são dois fatores: A área plantada apenas dobrou neste período, mostrando que houve uma grande revolução tecnológica e um melhor aproveitamento do solo. Se no início do crescimento havia apenas uma substituição de mão de obra por máquinas, hoje é a tecnologia que marca presença. O segundo fator é o crescimento populacional do Brasil. A população apenas dobrou neste período, revelando uma enorme diferença entre a produção per capita, apesar de muitos agricultores terem migrado para as cidades. O setor emprega algo como 16 milhões de pessoas.
Não precisa ser economista para chegar a uma conclusão óbvia: Para absorver o crescimento da colheita de grãos, é preciso que a agroindústria cresça num nível maior. O plantio e a venda in natura só são bons para o produtor, não para o Brasil. Sempre devemos nos lembrar de que no valor de um produto agro industrializado e exposto na prateleira do supermercado, apenas 11% são agregados pelo plantador, 21% são anteriores ao plantio e 68% são acrescentados pela indústria, comércio, embalagens, transporte e impostos. O exemplo mais flagrante é a exportação de cacau e a importação do chocolate pronto a um valor dez vezes maior. O Brasil está chegando a isso.
O estado que mais chama a atenção no norte, é Roraima. No Amazonas apenas se nota os benefícios de comprarmos a melancia, a banana e o arroz de lá. O plantel de gado bovino, estimado em novecentas mil rezes, se o beneficiamento funcionasse a contento, serviria para abastecer o próprio estado e a metade do consumo de Manaus, por exemplo. Infelizmente o grande abatedouro, apesar de instalado, não encontrou seu rumo, ainda.
O plantio da soja já é uma realidade, do dendê também, assim como o arroz já é até tradição. Banana, laranja, melancia, limão ou mamão não são apenas culturas de subsistência. Tornaram-se ouro para os produtores. Aliás, por falar em ouro, este também está presente no subsolo e sua exploração conta com o apoio ostensivo do governo estadual.
O profissionalismo está sempre mais presente. São 600 agrônomos, na maioria jovens, nos campos fazendo pesquisas e experimentos. Baseados em análises de solo determinam tipos de semente, aplicações de adubos, fertilizantes, defensivos. Enfim, melhorando cada ano a produtividade. Como consequência, os imóveis estão cada vez mais valorizados, a qualidade de vida se expande e a dependência do governo diminui. Se a folha de pagamento das três esferas do Estado era superior a 90% do total, hoje é inferior a 65% e a diferença diminui ano a ano. O poder público paga menos? Não, a iniciativa privada que está avançando a passos largos.
Enfim, a retomada pós-crise da pandemia, necessariamente começa no agro que não foi enfraquecido por ela.