O dólar comercial foi negociado a R$ 1,769 para venda, em retração de 1,39%, nas últimas operações de sexta-feira. Trata-se da menor cotação desde 18 de abril de 2000. Somente neste ano, a taxa de câmbio acumula uma desvalorização de 17,26%.
Profissionais de câmbio explicam a derrocada nos preços da moeda americana ao ingresso de recursos esperado com o IPO (oferta pública de ações) da Bovespa Holding e lembram que os investidores estrangeiros mantiveram uma participação da ordem de 70% nos lançamentos de ações realizados desde o primeiro semestre.
Pela manhã, o Banco Central entrou no mercado e adquiriu dólares a R$ 1,7795, sem conseguir segurar o declínio dos preços. A autoridade monetária não informa a quantia de moeda comprada, mas corretores estimam em torno de US$ 250 milhões.
“É claro que o fluxo por causa do IPO da Bovespa ajudou, junto com os ingres-sos por conta das outras operações, que vinham ajudando o dólar a cair. Também teve a influência dos números americanos, que reforçaram a expectativa de que o Fed (o banco central dos EUA) vai cortar os juros por lá”, avalia Ideaki Iha, analista da corretora de câmbio Fair. No próximo dia 31, o colegiado do Federal Reserve volta a se reunir para discutir a nova taxa básica de juros americana, hoje em 4,75% ao ano.
O mercado em peso aposta em uma redução desses juros em pelo menos 0,25 ponto percentual, mas uma parcela mais otimista acredita em um corte da ordem de 0,50 ponto.
A redução dos juros americanos amplia a distância em relação ao juro brasileiro, hoje em 11,25%, o que tende a ampliar o ingresso de recursos no país. O mercado futuro de juros, que baliza as tesourarias dos bancos, rebaixou as projeções de taxas para 2008, 2009 e 2010.