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Varejo do Amazonas tem alta nas vendas em fevereiro

O varejo do Amazonas avançou dois dígitos nas vendas e na receita nominal, entre janeiro e fevereiro, interrompendo uma sequência de três quedas seguidas. A alta ocorreu em paralelo com a flexibilização gradual das regras de atendimento no setor e os números foram ainda mais generosos para segmentos dependentes de crédito. Foi insuficiente, contudo, para repor o tombo histórico de janeiro, mês mais duro da segunda onda, marcado pela crise do oxigênio e pelo fechamento de quase todas as lojas. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE para o setor, divulgada nesta terça (13).

O comércio varejista do Amazonas avançou 14,2%, na passagem de janeiro para fevereiro de 2021, em um movimento ainda insuficiente para repor o decréscimo recorde do mês anterior (-31%). Em relação ao resultado de fevereiro do ano passado, o volume de vendas do setor recuou 16,9%. O acumulado do ano ainda ficou negativo (-21,5%), o que não ocorreu com o aglutinado dos últimos 12 meses (+2,1%). O Estado só superou as respectivas médias nacionais (+0,6%, -3,8%, -2,1% e +0,4%) nas variações mensal e acumulada.

Com o acréscimo de dois dígitos no volume de vendas em relação a fevereiro, o Estado decolou do último para o primeiro lugar, no ranking brasileiro. Rondônia (+11,6%) e Piauí (+8,3%) vieram em seguida, enquanto Acre (-12,9%), Tocantins (-4,4%) e Distrito Federal (-2,1%) ficaram nas últimas posições. No acumulado do ano, entretanto, o Estado se manteve com o pior resultado do país, sendo precedido por Distrito Federal (-11,5%) e Rio Grande do Sul (-9,9%), em uma lista liderada por Amapá (+10,4%), Piauí (+9,6%) e Pará (+7,1%).  

A receita nominal do setor –que não considera a inflação do período –apresentou resultados comparativamente melhores, nos comparativos de longo prazo. A elevação ante janeiro foi de 12,7% –contra os -26,4% da sondagem anterior. No confronto com fevereiro de 2020, o varejo do Amazonas encolheu 5,8%. O saldo do bimestre se manteve no vermelho (-10,8%), o que não ocorreu com o acumulado dos 12 meses (+9%). As médias nacionais neste cenário, por outro lado, foram novamente todas positivas (+1,5%, +6%, +7,4% e +6,1%, respectivamente).

Com a variação mensal positiva na receita nominal, o Amazonas também conseguiu escalar da última para a primeira posição em todo o país, empatando com Rondônia (+12,7%) e ficando imediatamente à frente do Mato Grosso (+11,6%), em uma lista encerrada por Acre (-9,8%), Tocantins (-3,4%) e Minas Gerais (-1%). O Estado amargou o pior resultado no acumulado, sendo precedido por Distrito Federal (-6,1%) e Tocantins (-5,1%). Na outra ponta, Piauí (+19,6%), Amapá (+17,2%), Minas Gerais (+16,9%) dividiram o pódio. 

Varejo ampliado

Diferente do ocorrido em âmbito nacional, o IBGE não segmenta o desempenho do varejo no Amazonas. Quatro das oito atividades pesquisadas tiveram alta mensal na média nacional, com destaque para livros, jornais, revistas e papelaria (15,4%) –apesar do recuo de 41% na base anual. Na sequência estão móveis e eletrodomésticos (+9,3%), tecidos, vestuário e calçados (+7,8%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+0,8%) –os dois últimos caíram 18,6% e 4,6% ante fevereiro de 2020.

Mas, sabe-se que o varejo ampliado –que inclui veículos e suas partes e peças, bem como material de construção –teve resultados melhores no Estado, nas comparações de curto prazo. O volume de vendas expandiu 20,2% no confronto com janeiro, mas ainda retrocedeu 14,6% sobre fevereiro do ano passado. A atividade encolheu 21,7% no trimestre, mas ainda conseguiu elevação de 2,4% no acumulado dos 12 meses. Em todo o país, o setor pontuou +4,1%, -1,9%, -2,5% e -2,3%, na ordem.

Já a receita nominal do varejo ampliado do Amazonas subiu 18,7%, na comparação de fevereiro com janeiro deste ano, mas caiu 3,3%, na variação anual. Os resultados do caixa desabaram 11,2% no acumulado dos dois meses iniciais de 2021 e cresceu 8,8% em 12 meses. Na média brasileira (+4,4%, +8,6%, +7,7% e +3,5%), os números foram positivos em todas as comparações. 

“Veículos, peças e material de construção tiveram boa saída. Mas, as medidas de restrições decretadas pelo governo estadual para conter o avanço da covid-19 contribuíram para que as vendas do setor, como um todo, não fossem melhores. Embora a média móvel trimestral ainda esteja negativa, a tendência é que continue havendo uma recuperação do setor, em março. Mas, será necessário um melhor desempenho da atividade, para crescer em relação a 2020”, analisou o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques.  

Desconfiança e vacinação

Em depoimento anterior à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Amazonas), Ezra Azury, já havia assinalado que não poderia se esperar muito do desempenho do setor em um período em que as atividades não essenciais do varejo amazonense ainda estavam limitadas, progressivamente, ao delivery, drive-thru e horários reduzidos. 

Indagado sobre expectativas, o dirigente considera que a confiança do consumidor amazonense segue em baixa e que sua recuperação depende mais de fatores sanitários do que econômicos. “À medida em que avance o número de pessoas imunizadas, vai se criando uma onda positiva de confiança. Ou seja, o aumento das vendas e o crescimento do setor estão diretamente ligados ao processo de vacinação”, finalizou. 

Volta às aulas infla números nacionais

Em texto divulgado pela Agência IBGE de Notícias, o gerente da PMC (Pesquisa Mensal do Comércio), Cristiano Santos, explica que o desaparecimento do auxílio emergencial pesou nos ganhos do setor. “O rendimento médio das famílias de baixa renda chegou a aumentar 130% com o benefício e, por isso, o período de maio e outubro foi muito bom para o varejo, que chegou a atingir patamar 6,5% acima do período pré-pandemia. Temos ainda a inflação e outros fatores relacionados à pandemia, como as restrições locais ao desenvolvimento de algumas atividades”, avaliou.

Santos ressalta, por outro lado, que a volta às aulas gerou aquecimento nas vendas, após um janeiro tradicionalmente marcado pelo consumo menor e por “contas extraordinárias”, como IPTU e IPVA. “Em fevereiro, temos a volta do orçamento mensal das famílias a uma maior normalidade e o retorno dos alunos às escolas, aquecendo as compras de material escolar. Mesmo com o cancelamento do Carnaval, que impacta em menores vendas de bebidas alcoólicas nos supermercados, tivemos uma variação positiva”, arrematou.

Foto/Destaque: Fred Novaes

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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