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Varejo do Amazonas registra elevação nas vendas em março

O varejo do Amazonas registrou uma nova elevação de dois dígitos nas vendas e na receita nominal, entre fevereiro e março. Em sintonia com as novas rodadas de flexibilização, o Estado teve o melhor resultado para o comércio em todo o país. O desempenho foi melhor para segmentos dependentes de crédito, como veículos e material de construção, mas ainda não foi suficiente para repor o tombo histórico de janeiro – mês mais duro da segunda onda no âmbito local. Os dados estão na pesquisa mensal do IBGE, divulgada nesta sexta (13).

O comércio varejista amazonense avançou 14,9%, na passagem de fevereiro para março de 2021, em um movimento pouco abaixo do acréscimo do mês anterior (+15,6%). Em relação ao resultado de março do ano passado, o volume de vendas do setor subiu com mais força e chegou aos 22%. O acumulado do ano ainda ficou negativo (-7,7%), o que não ocorreu com o aglutinado dos últimos 12 meses (+4,2%). O Estado só ficou atrás das respectivas médias nacionais (-0,6%, +2,4%, -0,6% e +0,7%) no trimestre.

Com o novo acréscimo de dois dígitos no volume de vendas na variação mensal, o Estado se segurou no primeiro lugar do ranking brasileiro. Acre (+11,2%) e Roraima (+4,2%) vieram em seguida, enquanto, Ceará (-19,4%), Distrito Federal (-18,1%) e Amapá (-10,1%) ficaram nas últimas posições. No acumulado do ano, entretanto, o Estado só conseguiu subir da última para a penúltima posição, ficando à frente apenas do Distrito Federal e Tocantins (ambos com -12,8%), em uma lista liderada por Piauí (+11,4%), Amapá (+10,3%) e Roraima (+9,4%).  

A receita nominal do setor – que não considera a inflação do período – apresentou resultados melhores em todas as comparações. A expansão ante fevereiro foi de 13,7%, ficando pouco abaixo da sondagem anterior (+14,3%). No confronto com março de 2020, o varejo do Amazonas decolou 33%. O saldo do trimestre, neste cenário, entrou no azul (-3,1%), enquanto o acumulado dos 12 meses renovou alta (+11,3%). As médias nacionais foram novamente todas positivas (+0,1%, +13,8%, +9,5% e +6,9%, respectivamente).

Com a variação mensal positiva na receita nominal, o Amazonas também conseguiu se manter na primeira posição em todo o país, superando o Acre (+10,5%) e Roraima (+7,2%), em uma lista encerrada por Ceará (-8,6%), Tocantins (-6,9%) e Rondônia (-5,8%). No acumulado, o Estado subiu da última para a 23ª colocação. Piauí (+21,8%), Roraima (+20,1%) e Amapá (+18,3%) dividiram o pódio, ao passo que Tocantins (-8,4%), Distrito Federal (-5,7%) e Rio Grande do Sul (+2,1%) ‘seguraram a lanterna’. 

Veículos e construção

Diferente do ocorrido em âmbito nacional, o IBGE não segmenta o desempenho do varejo no Amazonas. Na média nacional, sete das oito atividades pesquisadas acompanharam o recuo mensal, com destaques para móveis (-22%), tecidos, vestuário e calçados (- 41,5%), livros, jornais, revistas e papelaria (-19,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-5,9%), entre outros. Apenas hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+3,3%) cresceram nessa comparação.

Em texto veiculado pelo portal Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, assinala que a retração no segmento de moveis nos resultados nacionais foi impactada pelo esgotamento do efeito quarentena e as consequentes promoções. Pelo mesmo motivo, o pesquisador aponta que supermercados e hipermercados sofreram oscilações ao absorver vendas de outras atividades – eletrodomésticos, móveis e vestuário, entre outros – nos períodos de restrições ao comércio, mas tiveram arrefecimento com a inflação de alimentos.

Mas, sabe-se que o varejo ampliado – que inclui veículos e suas partes e peças, bem como material de construção – teve resultados acima da média do setor, no Estado. Seu volume de vendas expandiu 15,7%, no confronto com fevereiro de 2021, e escalou 28,8% sobre março do ano passado. A atividade encolheu 6,3% no trimestre, mas ainda conseguiu elevação de 5,1% no acumulado dos 12 meses. Em todo o país, o setor pontou -5,3%, +10,1%, +1,4% e -1,1%, na ordem.

Já a receita nominal do varejo ampliado do Amazonas subiu 21,7%, na comparação de março com fevereiro deste ano, além de escalarem 41%, na variação anual. Os resultados do caixa em valores correntes avançaram 4,9% no acumulado dos três meses iniciais de 2021 e foram positivos em 12%, no aglutinados dos 12 meses. Na média brasileira (-4,2%, +22,2%, +12,3% e +5,5%), os números também foram positivos em todas as comparações. 

“Tendência de crescimento”

Em sua análise para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, observa que o incremento de dois dígitos descolado da média nacional veio em um momento em que o setor engatava um período de flexibilizações graduais, enquanto o restante do país amargava a subida da segunda onda e consequentes restrições ao funcionamento do setor. No entendimento do pesquisador, a tendência de curto prazo é de novos dados positivos para a atividade, que ganhou expansão nos horários dos shoppings, em abril e maio.

“Somente quatro Estados cresceram em relação ao mês anterior: três do Norte e um do Centro-Oeste. Isso reflete o impacto da pandemia no comercio de outras unidades federativas. O bom desempenho em todos os indicadores da pesquisa mostra que o comércio do Amazonas voltou a sua caminhada normal, depois do tropeço de janeiro. A média móvel trimestral ainda está baixa [+0,1% para o volume de vendas do setor e +0,7% para o varejo ampliado], mas a tendência é que haja crescimento nos próximos meses. Principalmente se aumentar a flexibilização das restrições em curso”, ponderou.

Na mesma linha, o presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, aponta que a “defasagem” do Estado em relação ao resto do país na dinâmica da segunda onda da pandemia foi um fator decisivo para o descolamento do desempenho local do setor no  ranking nacional, assim como a sazonalidade. O dirigente afasta o risco de segunda onda e avalia que a atividade deve experimentar novos aquecimentos no segundo semestre.

“Enquanto nós estávamos saindo, o resto do país estava entrando. Passamos dois meses reprimidos e sem vendas, até 9 de março, quando iniciamos nossa retomada. Também contribuiu para o resultado, o fato de que estávamos entrando em período de aulas, o que ajudou as papelarias e livrarias. Sul, Sudeste e Nordeste já estão reabrindo e com perspectivas melhores. Passamos agora por um período de chuvas, mas a perspectiva é de crescimento também para o comércio do Amazonas, tanto no Dia das Mães, quanto no segundo semestre”, arrematou.

Foto/Destaque: Fred Novaes

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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