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Recuperação lenta na indústria do Amazonas

Recuperação lenta na indústria do Amazonas

Ainda sob impacto da crise da covid-19, a produção industrial do Amazonas esboçou reação na passagem de abril para maio, após o inédito tombo de dois dígitos do mês anterior. Mas, o crescimento foi residual e se deveu, em grande parte, à base fraca. Ainda em compasso de espera, em decorrência do prolongamento das medidas de isolamento social, o setor seguiu amargando números negativos em relação a 2019. Os dados estão na pesquisa mensal para o setor, divulgada nesta quarta (8).

Depois de despencar 47,1% em abril, a atividade industrial amazonense reagiu e avançou 17,3% em maio de 2020. Não foi suficiente, contudo, para evitar que o resultado ficasse 47,3% abaixo do registro de maio de 2019. O Amazonas também não conseguiu tirar os acumulados do vermelho, nem o do ano (-20,7%), nem o de 12 meses (-3,8%).

O crescimento acima da média nacional (+7%) na passagem de abril para maio rendeu à indústria do Amazonas a escalada do último lugar para o terceiro lugar, entre as 14 unidades federativas pesquisas pelo IBGE. O Estado ficou atrás apenas do Paraná (+24,1%) e de Pernambuco (+20,5%). Na outra ponta Espírito Santo (-7,8%), Pará e Ceará (ambos com -0,8%) figuraram no rodapé de uma lista com apenas dois resultados negativos.

A queda livre no confronto com maio de 2019, por outro lado, fez com que a indústria amazonense subisse da última para a penúltima posição do ranking mensal do IBGE, em um patamar aquém da já combalida média brasileira (-21,9%). O Estado fico à frente do Ceará (-50,8%) e atrás do Espírito Santo (-31,7%). Em contraste, os melhores resultados vieram de Goiás (+1,5%), Mato Grosso (-3,4%) e Rio de Janeiro (-9,1%), em uma lista com apenas um número positivo.

No acumulado dos cinco meses iniciais do ano, o Amazonas se manteve na penúltima colocação e também se situou abaixo da média brasileira (-11,2%). Ganhou do Ceará (-21,8%) e perdeu do Espírito Santo (-18,5%). Em contrapartida, os melhores desempenhos vieram do Rio de Janeiro (+2,8%), Pará (+0,9%) – sendo estes os únicos crescimentos neste tipo de comparação – e Goiás (-0,3%).  

DVDs e plástico

Na comparação de maio com o mesmo mês do ano passado, a produção das indústrias extrativas recuou 18,1%, enquanto a atividade da indústria de transformação despencou 49%. Apenas dois dos nove segmentos da indústria de transformação investigados pelo IBGE no Amazonas conseguiram fechar no azul: impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com +5,7%) e produtos de borracha e material plástico (+41,3%).

As quedas vieram de “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e seus componentes, com -87,9%), derivados de petróleo e biocombustíveis (-67%), bebidas (53,3%), máquinas e equipamentos (condicionadores de ar, com -42,7%), produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear e estruturas de ferro, com -37,7%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares e computadores, com -28,6%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -28,2%).

No acumulado do ano, as únicas atividade da indústria de transformação que alcançou incremento foram as máquinas e equipamentos (+17,3%) e de impressão e reprodução de gravações (+10,9%). Do outro lado, os piores desempenhos vieram das linhas de produção de “outros equipamentos de transportes” (-34%), derivados de petróleo e biocombustíveis (-27,4%) e bebidas (-23%).

“Vendas estagnadas”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, pondera que o setor teve um desempenho positivo após o tombo recorde de abril, mostrando que o setor teve alguma atividade durante o mês e sinalizando de que “o pior já passou”. O pesquisador ressalva, no entanto, que a performance anual da manufatura continua em trajetória de retração, com oito segmentos apresentando decréscimos de 18% a 87%. 

“As comparações com o ano passado fazem desabar os acumulados de 2020. Embora maio tenha mostrado, de certa forma, uma melhora, a indústria está com desempenhos em queda. Justamente porque os índices mensais desse ano, estão inferiores ao socorridos em 2019. Plantas fechadas e vendas estagnadas tiveram seu ápice em abril. Mas, resta saber como será o desempenho de agora em diante”, ponderou.

Espera e recuperação

Na mesma linha, o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, destaca que aumento da produção entre abril e maio já era esperado em maio, diante do tombo do mês anterior. O dirigente lembra que em torno de 90% das empresas do PIM havia dado férias coletivas em abril – especialmente os polos de duas rodas, eletroeletrônico e relojoeiro – e algumas ainda estavam em compasso de espera em maio, por conta da prorrogação do isolamento social.

“Mas, já havíamos percebido uma retomada de alguns segmentos e, certamente, os dados de junho serão ainda melhores do que os de maio. Agora, temos que aguardar e ver qual será o tamanho de nossa economia, para ver qual será a demanda oferecida às indústrias do PIM, e eu espero que nós possamos preservar a grande maioria dos empregos. Vamos acompanhar”, comentou.

Em sintonia, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, considera que os dados são uma prova de que a atividade na indústria local teve uma boa ascensão, tendo em vista que o número registrado em abril foi “o pior resultado da história”. “Esperamos um crescimento maior da produção e do faturamento em junho, de acordo com os dados preliminares divulgados pela Receita Federal. Acreditamos que o segundo semestre será de maior recuperação”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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