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Recorde de queda na confiança do comércio em Manaus

Recorde de queda na confiança do comércio em Manaus

Os impactos da pandemia voltaram a levar a confiança dos comerciantes de Manaus ladeira abaixo, em junho. Em novo recorde de queda, a capital amazonense seguiu em sintonia com a média nacional, que também assinalou tombo mais forte. As percepções foram negativas em relação à economia, ao setor e à empresa. E as intenções de investir e de contratar sofreram novo refluxo. A conclusão vem dos dados do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio), da CNC. 

O indicador registrou 67,1 pontos em Manaus e despencou 36,4% no confronto com maio de 2020 (105,5) –que já havia caído em relação a abril (126,2), março (139,9) e fevereiro (142,4). No confronto com junho do ano passado (132,1), o decréscimo foi de inéditos 49,2%. No Brasil, o índice caiu para 66,7 pontos, atingindo o menor nível desde o início da pesquisa, em março de 2011. Os percentuais de retração também foram os maiores observados até agora, nas comparações com maio de 2020 (-28,6%) e junho de 2019 (-43,7%). 

Apurado entre os tomadores de decisão das empresas, o levantamento avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A Confederação Nacional do Comércio sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país –164 delas, em Manaus. 

Todos os nove subíndices Icec recuaram na capital amazonense, na passagem de maio para junho, sendo que apenas um conseguiu se manter na zona de satisfação: “expectativa do comércio”/EC (101,6 pontos e -24,7%). O maior tombo em termos percentuais e absolutos veio de “condições atuais da economia”/CAE (32,8 pontos e -56,8%).

A maioria esmagadora dos entrevistados (62,1%) passou a considerar que a situação atual da economia brasileira “piorou muito”, seguido pelos que dizem que “piorou um pouco” (25%). Na sequência vieram os 10,9% que avaliam que até “melhorou um pouco” e os 2% que garantem que “melhorou muito”. Os números sofreram sensível deterioração frente a maio –36,6%, 23,3%, 31,8% e 8,2% respectivamente. A percepção foi pior nas empresas com mais de 50 empregados (72,2%) e que vendem bens duráveis (67,1%).

Situação semelhante, mas em menor grau, ocorreu nas avaliações sobre o setor (41 pontos) e a empresa (44,4 pontos). Ao contrário do mês anterior, a maioria acha que a situação atual “piorou muito” (53,3% e 49,2%, respectivamente). Companhias de maior porte (55,6%) lideram no primeiro caso, enquanto as de menor tamanho (49,7%) estiveram à frente, no segundo. O segmento de itens não perecíveis (63,9% e 59,1%) liderou o pessimismo, em ambas as situações.

Empregos e investimentos

Em relação às expectativas para a economia (85,3 pontos), as opiniões se dividem entre os que acreditam que “piorar muito” (29,8%), que vai “piorar um pouco” (28,3%) e que vai “melhorar um pouco” (25,3%). Em relação ao setor (101,6 pontos), as percepções majoritárias são que “vai melhorar um pouco” (30,4%) ou que “vai piorar um pouco” (27,7%). As posições se invertem –27,1% e 27,5%, respectivamente –quando o foco é mudado para a própria empresa (98,9 pontos). 

O pessimismo decorrente dos impactos econômicos da crise da covid-19 foi mais sentido nas intenções de contratar (75,3 pontos) e de investir (49 pontos). Em torno de 55,6% dizem que o contingente de funcionários deve “reduzir um pouco”. Para a maioria esmagadora das empresas sondadas, o nível de aportes de capital no próprio negócio certamente sofrerá redução, em menor (49,4%) ou maior (36,3%) grau.

Engessamento e retomada

No entendimento do presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, o fato de o índice ainda não ter se restabelecido é “normal”, até porque os dados ainda refletem os dez dias finais de maio, quando o varejo de Manaus ainda estava se preparando para reabrir suas portas e ainda amargava vendas limitadas aos segmentos essenciais e canais online, sendo praticamente zeradas. 

“Abril e maio foram o pico da pandemia e as lojas ainda estavam com as vendas engessada e os custos ainda pensando nas contas das empresas. Mas, apesar dessa cordilheira de problemas que tivemos de atravessar, agora há um prenúncio de retomada crescente. Com certeza, o número do próximo mês será muito melhor. Pode escrever o que eu digo”, garantiu

Consumo e Refis

Em texto distribuído à imprensa pela entidade, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca que, mesmo com a flexibilização gradual do isolamento social em algumas regiões brasileiras, o ritmo de recuperação das vendas deverá ser lento. “A renda menor e o crédito mais escasso seguirão, temporariamente, limitando o consumo, em especial de produtos não essenciais, que representam a maior parcela dos orçamentos domésticos”, estimou, reforçando que medidas de saúde e controle de acesso a clientes nos estabelecimentos deverão continuar a serem adotadas.

O dirigente reforça que, no contexto de “prejuízos sem precedentes” para o setor, parte dos varejistas de menor porte têm enfrentado dificuldades no acesso ao crédito, apesar do custo mais baixo. “As instituições financeiras ampliaram os riscos de inadimplência nos balanços e têm imposto necessidade de garantias que, por vezes, superam os valores das operações de crédito. A criação de um Refis é absolutamente necessária para o soerguimento econômico, já que não se sabe quando a crise acabará”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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