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Produção industrial amazonense em tombo desde dezembro

Depois de retomar o fôlego em novembro, a indústria amazonense encerrou o ano com um novo tombo de produção. O desempenho foi na contramão da média nacional, que voltou a avançar em dezembro. A nova retração sepultou qualquer possibilidade do setor recuperar as perdas impostas pela crise da covid-19, que se concentraram especialmente nas linhas de produção de discos digitais, motocicletas e combustíveis. É o que revelam os dados da pesquisa mensal para o setor, divulgada pelo IBGE, nesta terça (9).

A produção industrial do Amazonas encolheu 3,7%, na passagem de novembro para dezembro de 2020 – depois do incremento praticamente assimétrico de 3,6%, no levantamento anterior. A boa notícia é que o setor conseguiu expansão de 9,6% sobre o mesmo mês de 2019, uma base de comparação reconhecidamente forte, bisando a performance de novembro. O acumulado do ano, no entanto, consolidou queda de 5,5% sobre o exercício anterior.

Ao contrário do levantamento anterior, o resultado Amazonas ficou aquém da média nacional (+0,9%), entre novembro e dezembro, levando o Estado a despencar do terceiro lugar para o penúltimo lugar no ranking nacional do IBGE, que analisa as indústrias de 14 unidades federativas. Ganhou apenas da Bahia (-4%) e perdeu de Pernambuco (-2,9%).

Com a expansão de quase dois dígitos na comparação com dezembro de 2019, o Estado ultrapassou a média brasileira (+8,2%), mas caiu da quinta para a sétima posição, em um ranking liderado pelo Rio Grande do Sul (+19,7%) e encerrado pelo Rio de Janeiro (-3,9%). Na variação acumulada, o Amazonas se manteve na 11ª colocação e seguiu abaixo da média brasileira (-54,5%). Pernambuco (+3,7%) e Espírito Santo (-13,9%) ficaram novamente nos extremos da lista, nesse cenário.  

Informática e eletrônicos

Na comparação de dezembro com o mesmo mês de 2019, a produção das indústrias extrativas voltou a despencar dois dígitos (-12,6%), enquanto a indústria de transformação encolheu 5%. Dos nove segmentos da indústria de transformação investigados pelo IBGE no Amazonas, apenas um voltou a fechar no vermelho: impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -86,5%) – que também liderou a queda na variação acumulada do ano (-40,1%).

Na outra ponta, os melhores resultados vieram de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +24,8%), derivados do petróleo e de biocombustíveis (gás natural, com +16,2%), máquinas e equipamento (condicionadores de ar e terminais bancários, com +12%), produtos de borracha e de material plástico (+11,5%), produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com +10,7%), bebidas (+8,4%), “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +4,8%), e máquinas, equipamentos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com +1,6%). 

De janeiro a dezembro de 2020, seis dos subsetores da indústria de transformação retrocederam. O segundo pior dado veio de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-15,4%), seguido por “outros equipamentos de transportes” (-14,3%), produtos de borracha e de material plástico (-4,4%), entre outros. Em contraste, máquinas e equipamentos (+4,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+3,7%) e produtos de metal (+0,9%) registraram saldo positivo.

“Cenário difícil”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, destaca que 2020 se encerrou com a primeira queda de produção para a indústria amazonense, depois de o setor emendar três anos seguidos de crescimento. Na análise do pesquisador, “infelizmente”, a manufatura foi impactada pela pandemia, não conseguindo deslanchar sua produção no ano passado. Indagado sobre eventuais tendências, Adjalma Nogueira Jaques, diz que “construir cenários na situação atual, fica muito difícil”. 

“Somente três das dez atividades pesquisadas tiveram desempenho positivo no ano. Entre as quedas, reprodução e gravação com recuo de 40,1% foi a atividade que mais declinou. Já fabricação de máquinas e equipamentos subiu 4,2%. Mesmo com as limitações impostas pelo momento, a queda de 5,5% pode ser vista como algo positivo, uma vez que parte da indústria teve alta na produção, mesmo durante um ano de pandemia”, ponderou.

Crise e oportunidade

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, salienta que o único segmento da indústria de transformação local a experimentar recuo de produção na variação mensal (o de DVDs e discos) está “em franca decadência”, em razão das novas tecnologias disponibilizadas pelas empresas de TV pagas e de streaming, que ocuparam fatia considerável do mercado de mídia. 

O dirigente aponta ainda que, na outra ponta, estão as indústrias de informática e eletroeletrônicos, além dos polos de duas rodas e químico, que são os “segmentos fortes do PIM” e que ajudaram a consolidar um resultado já aguardado pelas lideranças do setor. Quanto ao futuro imediato, Antonio Silva avalia que, mantidas as atuais condições, a crise pode gerar oportunidades para a indústria incentivada de Manaus e que ainda há espaço para esta produzir mais, nos próximos meses, a despeito da segunda onda e do recrudescimento da crise da covid-19 em nível nacional. 

“Deve existir uma demanda insatisfeita no mercado brasileiro provocada pelos problemas causados pela pandemia, o que nos dá uma boa perspectiva de que poderemos aumentar a produção do PIM, tendo em vista as medidas de restrições mais amenas de combate à covid-19 adotadas pelo governo do Estado. É algo que nos possibilita colocar em funcionamento nossa indústria,  crescendo na oferta de produtos manufaturados. Isso, se houver controle da pandemia nos demais Estados, favorecendo a procura, principalmente naqueles localizados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste, as maiores consumidoras dos nossos manufaturados”, finalizou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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