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PIB do Amazonas retoma fôlego em fevereiro

Depois de começar o ano com um tombo de dois dígitos, a prévia do PIB do Amazonas retomou fôlego em fevereiro e avançou 2,39%, na série com ajuste sazonal. Registrada em meio ao segundo mês de crise da segunda onda e um ensaio de flexibilização do isolamento social, a expansão veio aquém do necessário para repor a perda anterior (-10,64%). O Estado, por outro lado, voltou a cair na variação anual (-2,69%) e no bimestre (-4,44%). Os respectivos números brasileiros foram todos positivos (+1,7%, +0,98% e +0,23%). 

Os dados são do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central). Visto pelo mercado como uma antecipação do resultado do PIB, o indicador do BC (Banco Central) é uma forma de avaliar a evolução da atividade econômica e ajuda a autoridade monetária a decidir sobre a taxa básica de juros, além de ajudar investidores e empresas a adotarem medidas de curto prazo. A metodologia é diferente da empregada pelo IBGE, que calcula o PIB brasileiro –e cuja divulgação nacional está prevista para o dia 1º de junho.

O índice registrou 161,83 pontos do Amazonas, conforme a série histórica fornecida pelo BC. Foi o dado mais baixo desde junho de 2020 (161,27 pontos), mês de flexibilização econômica no período imediatamente pós-primeira onda. Na média móvel trimestral, a prévia do PIB amazonense encolheu 3,41%, na comparação do aglutinado de dezembro a fevereiro com o acumulado de setembro a novembro. Em relação ao mesmo trimestre de 2019/2020, o recuo foi de 1,10%. A média nacional cresceu 3,13%, no primeiro caso registrou a melhor pontuação (143,24) desde março de 2015 (143,89).

Setores e arrecadação

Embora incorpore dados sobre indústria, comércio e serviços e agropecuária, além do volume de impostos, o cálculo do BC não informa o desempenho de cada um. Números do IBGE referentes ao período, no entanto, já haviam apontado uma descontinuidade no processo de recuperação da maior parte das atividades econômicas amazonenses. As oscilações se fizeram sentir na arrecadação, segundo a Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda) e a Receita Federal.

Em sintonia com a crise de oxigênio e a redução de turnos de trabalho decorrentes do descompasso inicial dos horários das fábricas com o toque de recolher, a produção industrial do Estado voltou a ficar negativa em todas as comparações, no segundo mês de 2021. Encolheu 0,9%, na passagem de janeiro para fevereiro de 2021, e ficou 9,9% aquém do patamar de fevereiro do ano passado –contra -10,9% e -9,7%, no levantamento anterior. Com isso, a indústria amazonense ainda amargou quedas acentuadas no bimestre (-9,8%) e no acumulado de 12 meses (-7,3%). 

O comércio varejista do Amazonas teve o melhor resultado aparente, ao avançar 14,2%, na passagem de janeiro para fevereiro de 2021, embora o movimento tenha sido insuficiente para repor o decréscimo recorde do mês anterior (-31%). Mesmo assim, o volume de vendas do setor recuou ainda 16,9% em relação a fevereiro do ano passado. Com isso, o acumulado do ano ainda ficou negativo em 21,5%, embora o aglutinado dos últimos 12 meses ainda tenha fechado no azul (+2,1%). 

O volume de serviços no Estado, por outro lado, subiu 1,7% ante janeiro de 2021, em desempenho inverso ao do levantamento anterior (-3%), conforme o mesmo IBGE. No confronto com fevereiro do ano passado, o resultado apontou novamente para uma alta de dois dígitos (+10,7%) –superando o aumento de 1,8%, apresentado 30 dias antes. O desempenho seguiu no azul no bimestre (+6%), assim como na variação acumulada dos 12 meses (+0,6%). 

Já os dados da Sefaz, indicam que a receita tributária estadual voltou a perder força, em fevereiro. Em valores correntes, os impostos, taxas e contribuições somaram R$ 1,008 bilhão e subiram 0,40% sobre o mesmo mês do ano passado (R$ 1,004 bilhão). O confronto com janeiro de 2020 (R$ 1,057 bilhão), por outro lado, já apontou para uma queda de 4,63%. Apesar do virtual empate mensal e do recuo na base anual, o recolhimento estadual conseguiu fechar o bimestre no azul, com R$ 2,066 bilhões (2021) contra R$ 2,034 bilhões (2020), e incremento de 1,53%.

O volume de impostos e contribuições federais geridos localmente pela União caiu 16,07% nominais, entre janeiro (R$ 1,68 bilhão) e fevereiro (R$ 1,41 bilhão) e ficou 0,48% abaixo do patamar de 12 meses atrás (R$ 1,42 bilhão). O recolhimento ainda sustentou elevação de 3,10% no bimestre (R$ 3,12 bilhões). Descontada a inflação, as variações anual (-5,39%) e acumulada (-1,66%) ficaram negativas, conforme dados fornecidos pela Receita Federal.  

Trava na vacinação

Na análise do conselheiro do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Estado do Amazonas), Francisco de Assis Mourão Júnior, os números negativos da indústria de consumo da ZFM já refletem a letargia da economia nacional –em razão das restrições sanitárias ao funcionamento de empresas. Ele aponta ainda que os dados negativos de arrecadação são termômetros que apontam para a paralisia da atividade econômica. O economista observa ainda que, a despeito da alta mensal, o comércio acumula queda no ano, porque a confiança do consumidor está “recuada” pelo desemprego, pelo fechamento de empresas e pela demora do retorno das atividades, em função da pandemia. 

“O consumidor prefere usar seu capital para produtos de extrema necessidade e para de consumir. No caso dos investidores, também a demora da vacinação é outro fator que explica isso. Estados Unidos e Europa estão bem mais evoluídos nessa questão e vacinando mais de 80% de sua população. Nós ainda estamos bem longe disso. Enquanto não houver imunização em massa, vamos continuar com nossa economia travada, gerando desemprego e já com tendência de inflação alta, além de aumento de juros. É preocupante e o próprio cenário político ajuda a piorar essa situação”, encerrou.

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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